Os fortes raios de sol atingiram em cheio a cama onde Maraisa dormia, fazendo-a reclamar ainda sonolenta. Estava calor e não havia, de fato, um ar condicionado ou um ventilador. Como viu que não conseguiria dormir, ela se levantou e verificou as horas na mesinha de canto: Quase meio dia. Seus olhos se esbugalharam; como havia dormido tanto?
A garota se espreguiçou e vestiu sua calcinha que estava jogada no chão e a camiseta branca de Marília para então ir escovar seus dentes. Onde Marília haveria ido e por que não a acordaria? Já havia percebido que odiava acordar sozinha, ainda mais após uma noite inteira de sexo com sua namorada.
Assim que terminou sua higiene bucal ela migrou para a cozinha; queria tomar um banho e com certeza tomaria, mas antes comeria algo; sentia-se faminta.
- Bom dia, garotas! - Maraisa disse, bocejando e abrindo a geladeira.
- Bom dia, Maraisa! - Maiara cumprimentou. - Ouch, Nai. Isso dói. - Reclamou. Naiara fazia tranças em seu cabelo enquanto Paula assistia.
- Bom dia, Mara. - Naiara disse. - Não mexa a cabeça que não doerá. - A loira replicou.
- Mara... Gozou bastante a noite? - Paula perguntou rindo, fazendo Maraisa lhe olhar confusa.
- Por que acha que Marília e eu transamos?
- Bem, a Marília é um pouco barulhenta e ontem a gente só ouvia as respirações ofegantes lá do meu quarto, ou seja, foi você que deu. - Paula disse rindo.
- Ficaram ouvindo na parede? - Maraisa perguntou incrédula.
- Não, a cama batia na parede e a casa estava silenciosa, aí deu para ouvir bem. - Maiara disse rindo.
- E vocês duas foram até o quarto da Paula para que? - Maraisa perguntou semicerrando os olhos.
- Assistir filme. - Naiara respondeu prontamente. - Mas diz logo antes que a Marília volte, ela odeia falar dessas coisas.
- Dizer o quê? - Maraisa perguntou, despejando cereal em um prato e logo em seguida o leite.
- Transaram muito?
- Muito. Muito mesmo! - Maraisa disse, finalmente, rindo e mordendo os lábios. Paula bateu palminhas animada e levou uma mão ao queixo, olhando para Maraisa.
- Não fez nada com ela nenhuma vez? - Maiara zombou. - Estou chocada.
- Não zombe. - Maraisa disse.- Não temos isso de passiva ou ativa. Apenas... deixamos fluir. - Maraisa disse.
- Então só deu? - Maiara insistiu ainda zombando.
- Também transamos no banheiro, ok? - Maraisa deu-se por vencida.
- Sabia que aquela passiva tinha dado. - Maiara gritou rindo.
- Não vejo problema nenhum em dar. Não se põe rótulos nesse tipo de coisa. - A voz solene de Marília se fez presente, fazendo o silêncio se instaurar. A mulher trajava um short jeans desbotado curto, que desenhava sua curvas, uma camisa de botão xadrez, azul e preta, uma bota preta e o chapéu preto que havia comprado de Dayane. Maraisa suspirou embasbacada. Que pedaço de mulher!
- Onde esteve, Lila? - Maraisa perguntou, se virando na cadeira para receber o beijo de bom dia de Marília.
- A peça do caminhão chegou mais cedo. - Ela disse dando um selinho em Maraisa. - Em dois dias já poderemos partir.
- Até que enfim. Estou adorando estar por aqui, inclusive o sexo delicioso que estou tendo, mas já tenho saudades das minhas flores. - Paula disse, fazendo Maraisa lhe fitar.
- Flores?
- Sim, tenho uma floricultura, não te disse? - Maraisa negou e Paula assentiu. - Deixei nas mãos da minha funcionária, a Mariana, mas já sinto falta daquelas flores.
- Das flores ou de uma certa flor? - Maiara sugeriu rindo e Paula franziu os olhos.
- Idiota! Eu e Mariana nunca transamos.
- E não está precisando de mais gente para trabalhar? - Maraisa perguntou. - Sou multi-funcional, só preciso de uma chance. - Maraisa disse.
- Na verdade estou, mas pensei que gostaria de trabalhar com a Marília. - Paula disse confusa e Marília coçou a nuca.
- Eu ainda não tinha falado com ela disso. - Marília disse, fazendo Maraisa lhe fitar.
- Hm... Então minha namorada tem algo a me dizer? - Maraisa disse sorrindo e as três arregalaram os olhos. Maiara engasgou.
- Namorada? - Perguntaram em uníssono. Marília ajeitou seu chapéu na cabeça e Maraisa sorriu.
- É. Meio que começamos a namorar ontem a noite. - Marília disse, sabendo que o tão famoso falatório das garotas começaria.
Após responder a enxurrada de perguntas, Marília voltou-se para Maraisa. A garota usava apenas sua camiseta branca da noite passada e Marília tinha certeza que usava apenas calcinha por debaixo dela.
- Então, eu sou péssima com contas. - Marília disse, entrelaçando seus dedos com os de Maraisa. Maraisa ainda estava sentada, já havia terminado seu cereal, porém Marília continuou em pé ao seu lado. - E seria legal se você se encarregasse de checar a mercadoria e se o pedido está certo. O salário é bom e você nem precisa viajar comigo caso não queira. - Marília explicou. - Eu pago para pessoas aleatórias fazerem esse serviço a cada vez que viajo e se quiser o emprego é seu. - Maraisa abriu a boca incrédula antes de sorrir.
- Jura?
- Sim. - Marília replicou. - Eu sei o quanto fica desconfortável quando eu que pago tudo. Eu não me importaria com isso, mas percebi que se incomoda. - Marília suspirou e baixou o tom de voz. Queria apenas que Maraisa a ouvisse. - Isso não tem nada a ver com a gente, Mara. Se um dia terminarmos, e eu realmente espero que isso nunca aconteça, mas se acontecer saiba que o emprego ainda será seu. Você pode alugar algo para você, pagar seus estudos se quiser estudar, qualquer coisa.
- Não ligaria se eu quisesse estudar? - Maraisa perguntou.
- Claro que não. Eu morreria de saudades, mas não quero interferir em nada do que goste ou queira fazer. - Falou sinceramente. - Eu já disse, Mara, eu só quero o seu bem.
- Linda! - Maraisa sussurrou, dando um selinho demorado em Marília.
- As viagens variam de cinco à vinte e cinco dias, isso depende para onde eu vá. só precisa chegar a mercadoria no dia que eu partir.
-Obrigada, amor. - Maraisa murmurou, envolvendo seus braços ao redor de sua namorada e deitando sua cabeça em seu peito. - Mas vou preferir viajar com você por enquanto. A saudade não me deixa ficar longe. - Três suspiros ecoaram do outro lado do balcão e Marília revirou os olhos, mas ignorou. Ignorou somente porque ela também suspirou.
Maraisa a havia chamado de "amor" e dessa vez não foi durante uma transa.
- Certo, mas se no futuro desejar fazer algo que goste não hesite em fazer.
- Prometo. - Maraisa sussurrou, sentindo Marília se inclinar e depositar mais um beijo em seus lábios. Os três suspiros voltaram a ecoar, fazendo Maraisa não aguentar e rir.
A sensação de família estava lá de novo e se dependesse dela jamais deixaria isso se perder.
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Destino Incerto - Malila
FanfictionMarília Dias Mendonça é uma caminhoneira; levava a sua vida na tranquilidade das estradas de todo o país. Aos seus vinte e sete anos não se via fazendo outra coisa senão dirigir, exatamente como seu pai a ensinara. A garota possui mais duas irmās ad...