trinta e quatro

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As garotas estavam ajeitando os preparativos finais para a festinha de arrecadação de fundos para crianças carentes. Tudo já estava quase impecável, exceto pelos últimos balões que Henrique pendurava. A música já estava tocando, as luzes amareladas já estavam acesas e contrastavam com as diferentes cores de balões ali.

- Em qual barraca você vai ficar? - Maraisa, que chegou de repente, perguntou animada para Marília, que conversava com Maiara.

- Oi, Mara. - Marília disse sorridente, se virando para ela. - Vou ficar na de cachorro-quente. E você?

- Na de algodão doce. Compra dois para mim? - Maraisa pediu e Marília riu.

- Dois? Que gulosa!

- Não são dois para mim. O outro quero dar para a garota que estou afim. - Maraisa disse, vendo Marília fechar a cara no mesmo momento.

- Pelo amor de Deus, vocês já são assim e ainda vão tacar mais açúcar no meio? - Maiara perguntou rindo e Maraisa deu de ombros.

- Compra para mim, Lila? - Maraisa perguntou dengosa e Marília assentiu, um pouco decepcionada e contrariada.

- Compro, Mara.

- Ebaa! - Maraisa disse, se inclinando e dando um beijinho casto nos lábios de Marília. A maior retirou alguns dólares do bolso e deu para Maraisa, que saiu saltitante para a barraca onde ela ficaria assim que as pessoas começassem a chegar.

- Parece uma criança. - Maiara disse rindo, vendo Marília coçar a nuca levemente incomodada. - O que houve? - Maiara perguntou confusa.

- Maraisa acabou de falar que vai comprar algodão doce para alguém que está afim. - Maiara suspirou, negando com a cabeça

- Santa lerdeza! - Proferiu revirando os olhos.

- Maiara, me ajude aqui a montar essa barraca! - Naiara gritou e a garota não demorou em acatar o pedido da namorada. Marília bufou e olhou em volta: Contrariando o que ela havia pensado, o clima em San Diego não tinha nada de frio. Ela havia pisado em cidades próximas à cidade no inverno e por isso a imagem de lugar "frio" permaneceu em sua mente. Ela sentiu um dedo cutucar seu ombro e se virou, dando de cara com um enorme algodão doce rosa.

- Oi. - Maraisa disse docemente, soltando uma risadinha baixa - Para você. - Marília franziu o cenho.

- Você não disse que o outro algodão seria para a garota que você estava afim?

- Exatamente - Ela disse timidamente, esticando o algodão doce para Marília.

- Obrigada. - Marília disse sorrindo, pegando o algodão da mão de Maraisa e se inclinando para dar um beijo em seus lábios. A menor pegou um punhado de algodão doce e passou no canto dos lábios de Marília, fazendo Marília fazer uma careta e rir. - Mara, eu vou ficar toda melada assim.

- Hm... - Maraisa murmurou com um sorriso safado e se inclinou, chupando a região onde tava sujo. - Que Delícia!

- Maraisa! - Marília reclamou, tentando se manter comportada em público.

- Desculpe. - Maraisa disse rindo.

- Olá, vizinhas! - Dayane disse, perdendo a batalha para o ferro de sua barraca que não se abria. Marília franziu o cenho ao ver a cena.

- Olá, Dayane. Quer ajuda? - Marília perguntou e a mulher sorriu, assentindo. - Certo, Henrique, pode dar uma mãozinha aqui? - Gritou, fazendo Maraisa sorrir internamente

- É para já. - O rapaz disse se aproximando.

- Sou péssima com isso também, ele que montou a minha. - Marília explicou.

- Sua barraca é do quê? - Dayane perguntou, se debruçando sobre a pequena bancada dali e deixando o decote em evidência.

- Cachorro-quente e a sua?

- Barraca do beijo. - A mulher disse sorrindo maliciosamente. - Se quiser colaborar com as pobres crianças em minha barraca eu ficarei feliz. Até pago o dólar por você.

- Bem, obrigada, mas não. - Marília disse e Dayane assentiu rindo.

- Não gosta da barraca do beijo? - A mulher perguntou.

- Prefiro a de algodão doce. - Marília disse, fazendo Maraisa sorrir amplamente.

- Lila, está chegando gente, preciso ir. - Maraisa disse. - Me dá um pouquinho do seu algodão antes?

- Mas você tem um aí. - Marília alegou, rindo.

- Mas o meu é azul; o seu é rosa. - E como melhor argumento do mundo, na cabeça de Maraisa, tudo fazia sentido. Marília esticou seu algodão doce e Maraisa pegou um pouco.

- Uma delícia. - Disse lambendo os dedos. - Tchau. - E se inclinou, fazendo o que queria fazer na frente de Dayane, mostrando que Marília estava muito bem acompanhada. Seus lábios tocaram os de Marília, mas ela aprofundou o beijo, sentindo a língua de Marília acariciar a sua e sorriu entre o beijo, tendo certeza que a vizinha gostosona estaria assistindo tudo minuciosamente.

Para finalizar, Maraisa mordeu os lábios de Marília, dando um selinho demorado na garota antes de separar as bocas.

- Você tem uma boca deliciosa. - Maraisa sussurrou, desta vez, unicamente para Marília ouvir e a maior enrubesceu.

- Você também.

- Agora sim, tchau. - Deu mais um selinho em Marília e saiu, não saltitante como da outra vez, senão com um rebolar de mulher fatal que fazia Marília se perguntar quantas facetas tinha sua doce Maraisa.

- Achei que tivessem dito que não namoravam. - Dayane disse, com um tom um tanto decepcionado. Marília se virou para ela antes de tomar o poder da palavra.

- E não namoramos. Ainda.

- Uou. Pretende dizer sim? - Que tipo de pergunta era aquela? Pensou Marília. Era uma coisa meio óbvia.

- Se ela pedir, então sim. - Marília explicou. - Mas na verdade pretendo ouvir um sim. - Dayane arregalou os olhos surpresa.

- Olha só, deveria ter me dito antes. Eu não quero ser um problema para vocês. Eu só estava à procura de diversão.

- Não será uma problema, não se preocupe.

- Ela não tem ciúmes? - Dayane perguntou confusa e Marília deu de ombros, realmente sem saber a resposta.

- Acho que não, mas isso é um mau sinal? - Questionou com as sobrancelhas alçadas.

- Geralmente uma mulher apaixonada é um pouco ciumenta, mas depende, as vezes Maraisa confia em você ou confia no próprio taco. Não ligue para isso, vá fundo

Tarde demais. A mente de Marília começou a pensar que talvez Dayane estivesse certa: Maraisa não tinha ciúmes. E se ela não gostasse de Marília?

Seus olhos foram para barraca de algodão doce, meio afastada da dela, mas ainda assim Marília era capaz de ver o sorriso simpático no rosto de Maraisa ao atender algumas pessoas. Ela não perdia a sua essência em momento algum, Então Marília não perderia a dela. Colocaria as cartas na mesa, mesmo com risco de perder o jogo. A aposta era alta, mas valeria a pena caso ganhasse.

Destino Incerto - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora