trinta e três

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A manhã estava fresca, os raios de sol ainda não ardiam e o vento soprava a pele como um doce beijo de bom dia vindo da mãe natureza. Os pássaros gorjeavam audivelmente e no céu não havia uma nuverm sequer; completamente azul.

Na noite anterior dormiram separadas, tomadas por um imenso desejo de estarem juntas, mas nada falaram. Foi só no meio da noite que Maraisa deslizou para perto de Marília, abraçando-a por trás e formando uma conchinha.

- Então comprou o chapéu porque lembrou de mim? - Maraisa perguntou. Estavam na frente da casa onde estavam ficando, haviam acabado de chegar do shopping da cidade, com várias bolsas nas mãos e Maraisa havia perguntado a Marília por que ela havia comprado um chapéu daquele.

- Sim. - Marília respondeu honestamente, vendo Maraisa se virar para ela e sorrir. - Fiquei muito ridícula com ele? - Marília perguntou em expectativa. Maraisa suspirou e colocou as sacolas no chão, levando as suas duas mãos até a barriga de Marília, apoiando-as na região.

- Você ficou sexy. - Maraisa confessou, vendo um meio sorriso nascer nos lábios de Marília. A menor se inclinou e Marília fez o mesmo, escovando seus lábios nos de Maraisa e fechando seus olhos ao sentir seu coração disparar.

- Adorei o chapéu em você, vizinha. - A voz já conhecida por Maraisa a fez se afastar um pouco de Marília, vendo a mesma se virar para Dayane. - Ele ficou melhor em você do que ficava em mim.

Maraisa deu um breve aceno com a cabeça para Dayane antes de se abaixar, pegar as sacolas e adentrar a casa sem jamais voltar a olhar para Marília.

- Obrigada, Dayane. Com licença. - Marília disse aborrecida, seguindo Maraisa. - Mara? - Marília perguntou assim que adentrou o quarto. Deixou as sacolas sobre a cama, mas não viu sinal de Maraisa. Para sua sorte, o ranger da porta dos fundos, que precisava de óleo em suas dobradiças, chamou sua atenção, fazendo-a ir até lá.

Ao passar pela porta, Marília encontrou Maraisa sentada nos degraus de madeira; a garota admirava as árvores e desfrutava da sensação do vento esbarrando em sua pele.

- Por que entrou assim? - Marília perguntou, se sentando ao lado da menor.

- Eu só não quis atrapalhar nada. - Maraisa disse tristemente e Marília franziu o cenho.

- Maraisa, você nunca atrapalha nada na minha vida. - Maraisa sorriu fraco para Marília antes de voltar a falar.

- Você tem algum interesse por ela? - Perguntou realmente ansiosa pela resposta.

- Por que acha isso? - Maraisa deu de ombros.

- Sei lá. Ela é toda bonitona. Foi por isso que comprou o chapéu? Para ter motivo para falar com ela? - O tom de Maraisa não era acusador, era realmente curioso. Ela precisava saber se Marília se interessava por Dayane.

- Comprei o chapéu para ter, de certa forma, um pouquinho mais de você comigo. - Marília confessou, vendo Maraisa lhe olhar de soslaio. - Eu não me interesso por ela, Maraisa.

- Por quê? Ela é linda.

- Eu poderia dizer que é porque ficarei aqui pouco tempo, mas não é por isso. Eu não gosto de sexo casual e já te falei isso. Você é a minha exceção nisso - Marília disse, vendo Maraisa lhe fitar. - E, bem, ela não é você.

Maraisa se sentia especial quando Marília falava assim; dava a entender que com Maraisa não era só sexo casual, mas isso seria ridículo demais de se imaginar, pensou Maraisa, Marília transou com ela mesmo sabendo que ela iria embora em poucos dias.

Seu tolo coração insistia em pregar peças, pois ela via um brilho diferente nos olhos de Marília. Seria possível Marília também ter se apaixonado por ela da mesma forma que ela se apaixonara por Marília?

- Mara... Planeta Terra chamando uma morena linda dos olhos cor castanho. - Marília disse brincando e Maraisa sorriu ao sair de seus devaneios.

- Idiota. - Maraisa disse, vendo Marília retirar o chapéu e colocar ao lado delas. A mão direita da menor, automaticamente, foi para os cabelos de Marília, arrumar alguns fios desordenados, mas logo ela escorregou para o rosto de Marília, em uma carícia calma. Marília não resistiu e se inclinou, vendo Maraisa fazer o mesmo e encarar intensamente seus olhos castanhos.

Como se Marília tivesse entendido o recado, ela fechou o espaço das duas, tocando finalmente seus lábios nos de Maraisa. A menor deslizou sua mão do rosto de Marília para a nuca e Marília a puxou para seu colo, não com malícia, senão com saudade. Tinha aquela necessidade de ter o corpo de Maraisa o mais próximo possível do seu. Haviam se passado três dias sem isso, mas parecia uma eternidade, ainda mais por terem pensado que jamais provariam de tal sensação novamente.

As linguas se encontraram sem pressa, como se cada segundo fosse mágico, e de fato era. Maraisa passou seus braços aos redor do pescoço de Marília enquanto a maior abraçava o corpo sobre si. Terminaram o beijo com um longo suspiro de Maraisa, que mordiscou a beira do lábio de Marília e começou a farejar seu rosto, inalando cada centímetro de sua pele.

- Oh, céus! Senti tanta saudade disso. - Maraisa murmurou ainda de olhos fechados, dando um selinho em Marília e acariciando sua nuca.

- Eu também senti. - Marília disse, vendo as orbes castanhas se abrirem lentamente. - Pensei que nunca mais voltaria a te ver. - Marília murmurou, encostando sua testa na de Maraisa.

- Eu pensei o mesmo, mas aí eu ouvi um assobio e quando olhei para trás nem acreditei no que via. - Maraisa disse, como se estivesse consultando sua memória. - Céus, estava mais linda do que nunca.

- Não fala assim que eu fico fraca. - Marília brincou, sentindo Maraisa afundar seu rosto no pescoço dela e sorrir contra sua pele.

- Você me deixa fraca só de respirar o mesmo ar que eu. - Maraisa disse, depositando um doce beijo na pele do ombro de Marília e logo se reclinou, voltando a fitar Marília. - Então sou a exceção do seu casual, hm? - Maraisa brincou rindo.

- Não. Você é o casual e por isso é a exceção. - Marília respondeu, vendo Maraisa sorrir e tocar seus lábios novamente com os dela.

Ficaram ali por um longo tempo, trocando beijos e carícias como duas fiéis apaixonadas. Usavam o termo "casual", não obstante, queriam ser bem mais do que isso. De fato, já eram, só não sabiam ainda.

Destino Incerto - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora