A noite estava se aproximando e as meninas rumavam para o hotel; o ruído do caminhão enquanto andava era quase inaudível e as garotas tagarelavam sem parar. Marília apenas assentia quando alguma das meninas Ihe perguntava algo ou resmungava a resposta baixinho.
- Podemos ligar a rádio? -- Maraisa perguntou tímida e Marília lhe olhou de soslaio. As outras três garotas puseram suas atenções no momento esperando uma resposta diferente da habitual.
- Não. - A resposta foi seca e Maraisa corou pela rejeição. -- Chegamos. Marília estacionou na rua mesmo e desceram, trancando o caminhão antes de seguir para o hotel.
- Dois quartos, por favor. -- Marília pediu e o rapaz assentiu, digitando algo em seu computador. Quando foi dar alguma informação para Marília, os olhos do rapaz encontraram Maraisa na porta, distraída brincando com sua gata, e o rapaz, por alguns segundos, esqueceu
o que estava fazendo.- Será só por esta noite, moço. -- Marília explicou, em relação à gata. Marília voltou a olhar na direção do olhar do homem para Constatar que ele não olhava para a gata, senão para Maraisa. -- Temos um pouco de pressa. - O homem nem se moveu e Marília enrijeceu o músculo do maxilar. - Estou invisível agora?
A risadinha de Maraisa foi anasalada e então
ela se aproximou, tocando respeitosamernte as
costas de Marília.- Deixa comigo. -- Ela disse a Marília- Olá, será que poderia nos dizer se tem os dois quartos que minha colega aqui pediu? Eu realmente preciso muito de um banho e descansar. -- O olhar do garoto passeou pela expressão no rosto de Maraisa e sorriu abertamente.
- Claro. Estão em alguma espécie de viagem entre amigas? Posso mandar uma champagne para lá por conta da casa. Em qual quarto ficará?- Marília iria dar uma resposta bem malcriada, no entanto Maraisa pressionou os dedos no braço dela, sem fazer muito força.
- Você ainda não disse o número de nossos quartos e tampouco nos deu a chave. -- O sorriso de Maraisa falava por si só; a leveza de sua expressão e a paciência de proferir tudo tão calmamente estavam irritando Marília.
-Oh, meu Deus. Sinto muito, senhorita. Digo, senhorita, não é? -- Ele perguntou de forma galante enquanto pegava duas chaves e entregava na māo de Maraisa, aparentemente seu rosto machucado não impedia o rapaz de achá-la atraente.
- Sim. Senhorita. - Ela respondeu, agarrando a chave e sorrindo gentilmente para ele.
- Obrigada. Não precisaremos preencher a ficha de cadastro, não é? Eu realmente estou tão cansada.
- Não se preocupe com isso, eu dou um jeito. - O homem piscou e Maraisa voltou a sorrir.
- Fico muito grata. Estarei no vinte e seis com duas delas e minhas amigas no vinte e sete. - Apontou para Maiara e Naiara.
- A champagne será providenciada. - Ele respondeu. - Como se chama?
- Mais tarde eu te falo. -- Ela disse, jogando uma piscadela e indo em direção ao elevador. O garoto suspirou bobamernte e as meninas lhe seguiram.
- Você deixou o garoto de quatro. -- Maiara disse enquanto via Lua subir junto no elevador.
- A champagne fica para vocês, vocês ficam com o vinte e seis, tem problema? Um presente para o casal. -- Disse quando o elevador começou a subir.
- Quanta bobagem! - Marília resmungou baixinho.
- Não acredito que ganhou uma garrafa de champagne por flertar com ele. -- Paula disse, vendo as portas do elevador se abrirem ao chegarem no andar de cima.
- Acredite, eu não flertei com ele. Apenas Sorri.
- Você flertou sim. - Paula disse rindo. - Não pode ter tanto poder sobre um garoto sem fazer isso.
- Você reconheceria meu sorriso, na hora, se eu tivesse flertado, acredite em mim: Não flertei.
- De todo o modo, eu quero um pouco de champagne. - Paula disse rindo.
- Sairemos cedo, Paula. -- Marília avisou com veemência.
- E daí? Quem dirige é você, querida irmāzinha. - Paula disse em um tom zombeteiro, indo para o quarto vinte e seis com suas irmãs.
- Se quiser pode ir também. -- Marília disse enfiando a chave na fechadura. - Afinal foi seu presente.
- Não, obrigada. Eu não bebo champagne. - Maraisa disse, analisando o quarto assim que a porta foi aberta. Era simples o lugar, afinal era beira de estrada e não se encontraria algo melhor do que aquele hotel, no entanto era bastante aconchegante.
- Pode ir tomar um banho. Eu trouxe algumas roupas e você pode usá-las para não ter que colocar o mesmo vestido outra vez.
- Já a peça íntima... - Maraisa sorriu com nítido divertimento por Marília ter enrubescido.
- Você é alguma espécie de virgem? Temos quase trinta anos e você corou por mencionar uma calcinha. - Maraisa disse rindo e Marília fechou a cara.
- Lave ela no banheiro que com este calor estará seca pela manhā. - Marília disse.
Após ambas tomarem seus respectivos banhos e lavarem suas roupas embaixo do chuveiro, Maraisa teve a ideia de juntar as duas camas, pois näo queria que Marília dormisse no chão. Enfiaram um cobertor no vão dos colchões para ficar confortável e quando iriam se deitar a porta foi aberta bruscamente, tendo três mulheres alcoolizadas adentrando o ambiente.
- Paula disse que aquele quarto é assombrado. - Maiara disse se sentando na cama. - Eu não quero ficar lá. Imagina se algum espírito resolve aparecer enquanto estou transando?
- Ele sairia correndo de susto por te ver pelada. - Marília disse, soltando uma risada rouca que encantou os ouvidos de Maraisa.
- Preciso de um banho. - Paula disse, indo para o banheiro sem dizer mais nada. Maraisa se permitiu analisar Marília enquanto sua atenção estava em Maiara e Naiara.
Seus cabelos molhados, agora sem boné, estavam caídos por seus ombros. A garota possuía a pele bem clara e as sobrancelhas grossas, o nariz era delicado e a boca deliciosa, pensou Maraisa, rindo internamente
de seu pensamento. Tinha quase certeza que Marília também gostava de garotas, aquele sexto sentido dela nunca falhava.- Ela é sempre tão quieta assim? - Maraisa perguntou à Maiara assim que Marília se levantou para pegar algo em sua mochila.
- Sim. Ela se faz de durona, mas é mole feito gelatina, por isso não estranhamos quando ela aceitou te dar carona.
- Ela sempre dá carona? - Maraisa perguntou
em um sussurro, curiosa.- Não, ela nunca dá, mas ao ver você entendi o porquê ela deu. - Maiara disse com um sorrisinho no canto dos lábios e viu Maraisa lhe olhar atentamente, esperando uma explicação. - Você era a mocinha indefesa e inocente em apuros. - Os olhos de Maraisa se direcionaram para Marília outra vez, que usava um short colado e uma blusa um pouco larga, que quase cobria o short, chegando um pouco acima da altura de suas coxas.
- Posso não ser tão indefesa ou inocente assim. - Ela disse em um longo suspiro.
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Destino Incerto - Malila
FanfictionMarília Dias Mendonça é uma caminhoneira; levava a sua vida na tranquilidade das estradas de todo o país. Aos seus vinte e sete anos não se via fazendo outra coisa senão dirigir, exatamente como seu pai a ensinara. A garota possui mais duas irmās ad...