vinte e um

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Marília sentiu seus músculos completamente
doloridos, por outro lado, também estavam excepcionalmente relaxados. Ela se espreguiçou e percebeu que não tinha acordado sozinha, senão pela cutucada de um dedo fino em seu ombro.

- Hey, delícia... - A risadinha fina escapou por entre os lábios de Maraisa assim que as orbes castanhas se abriram. - Se veste rápido...- A menor sussurrou, depositando um doce selinho em seus lábios. - Suas irmãs estão batendo na porta. Já vai... - Gritou, finalmente.

Os olhos castanhos se arregalaram e ela levantou em um pulo, vestindo suas roupas em um piscar de olhos. Ao constatar que Maraisa também estava devidamente vestida, ela destravou a porta, abrindo-a e bocejando.

- Bom dia, Lila. - A baixinha disse animada.

- Bom dia, Paula! - Em anos, aquela foi uma das poucas vezes onde Marília empregou o "bom'" junto com o "dia" para Paula e a ruiva, lógicamente percebeu.

- Se chover de novo eu vou te assassinar, sua vagabunda. - Maiara disse irritada. - Você nunca acorda esse horário.

- Dirigi até mais tarde ontem. - Marília disse e as três assentiram sérias. Marília pegou sua escova de dentes, sua toalhinha, a garrafa de água, como em toda manhã, e saiu para escovar seus dentes.

Os três sorrisos sugestivos subitamente se abriram na direção de Maraisa e então ela Soube: Elas ouviram Marília gemer na noite passada.

- Eu já te amo só por isso. - Naiara sussurrou e Maraisa corou.

- Não sei do que estão falando. - Maraisa disse cabisbaixa.

- Não há razão para se envergonhar. Gozar é bom. - Maiara disse e Maraisa ergueu a cabeça, lhe fitando.

- Não acredito que fez Marília gritar feito uma mocinha... - Paula disse baixinho, levando uma mão à própria boca para abafar uma risada.

- Ela... - Naiara foi interrompida por uma tosse seca de Maiara e, ao se virar, viu Marília voltando. Todas se ajeitaram nos bancos, averiguando se não tinha gozo por
alguma parte; não queriam se sujar com a porra de sua irmã e, no caso de Naiara, cunhada.

- Estão muito quietas hoje. - Marília disse, vendo Maraisa sair para escovar seus dentes.

- Sou um zumbi antes do meio dia. Não fale comigo. - Maiara disse séria e mal humorada.

- Ainda estou com sono. - Paula resmungou e Naiara apenas se deitou sobre o peito de Maiara. Marília suspirou internamente por ver que suas irmãs e cunhada não desconfiavam de nada e abriu a tampa do isopor.

- Precisamos parar em algum canto e comprar mais gelo e mais coisas para nossas refeições. - Ela disse.

Assim que Maraisa voltou todas comeram em total silêncio, mas quando Marília terminou primeiro Maraisa lhe olhou surpresa.

- Uau, estava mesmo com fome. - Ela disse e Marília sorriu.

- Depois de ont... - Ela paralisou ao notar o que iria dizer, mas foi surpreendida por um grito de Naiara.

- Céus! A porta... Vem Maiara, me ajude a fechar direito! - A loira disse, saindo rápido do caminhão.

- Paula, pode vir também sua folgada! - Maiara gritou e Paula sorriu amarelo.

- Eu... estou indo. Licença meninas. - E seguiu as garotas. Marília franziu o cenho e olhou para Maraisa.

- O que deu nelas? - Maraisa riu e se encostou de costas entre as pernas de Marília, que escorou suas próprias costas na porta.

- Não sei, mas que tal me dar um beijinho gostoso de bom dia? - Maraisa sussurrou, inclinando e virando um pouco o rosto para olhar para Marília.

- Elas já devem estar vindo. - Marília sussurrou de volta, vendo Maraisa se levantar um pouco e aproximar as bocas.

- Não estão não. Dá tempo de me dar um beijo. - Ela sussurrou com a boca já colada na de Marília. A maior respirou fundo, sentindo o cheirinho de hortelã da pasta de dente, mesmo Maraisa tendo comido uma fruta depois de escovar os dentes. Marília se inclinou ligeiramente e tocou seus lábios nos lábios geladinhos, macios e refrescantes de Maraisa. A menor introduziu a língua na boca de Marília e sentiu a garota sugar seu lábio inferior com gana, antes de finalizar com um selinho.

- Precisamos ir, mademoiselle. - Marília disse em um sorriso, buzinando no momento seguinte. As três garotas entraram no caminhão e começaram a conversar entre si.

Marília ligou o caminhão e começou a dirigir, deixando um sorriso enfeitar seus lábios ao sentir Maraisa encostar a cabeça em seu ombro. A mais velha não resistiu e se inclinou, depositando um doce beijo na testa de Maraisa antes de olhar para trás para verificar se estava sendo observada. Encontrou as três garotas olhando para o teto e voltou a olhar para a frente. Maraisa riu internamente, não entendendo como era
possível Marília não perceber que suas irmãs sabiam.

Elas não queriam contar que sabiam à Marília porque a garota ficava bem mais à vontade quando pensava não estar sendo observada e, se dependesse delas, não contariam que sabiam.

- Lila, posso ligar a rádio? - Maraisa perguntou.

- Claro, Mara. - As três garotas vibraram
internamente, afinal, era dia das quarenta mais.

- Adoro essa música! - Maraisa afirmou ao ver
que tocava uma música antiga que ela amava,
ainda mais na versão do nome dela. (N/A: a
música está disponível na capa do capítulo
para quem quiser ouvir lendo)

- Eu também. - A maior disse, abrindo o vidro do seu lado e sentindo o vento esvoaçar seus cabelos e refrescar o interior do veículo.

- Quando estou com você, o mundo parece não girar..Oh, Maraisa, te quero! - Marília cantarolou junto com a música e Maraisa suspirou bobamente, virando seu rosto para contemplar a vista de Marília cantando, com
a voz grave e rouca.

- Sabia que essa música tem várias versões? A minha preferida é essa, que tem meu nome. - Ela disse animada.

- Seu nome é muito bonito. Realmente você combina com a música. - Marília disse gentilmente, com um sorriso nos lábios. O coro das três meninas interromperam a troca de olhares e a maior voltou seus olhos para a estrada.

- Tua pureza me faz te amar. Te espero noite e dia, Oh... Maraisa, Maraisa... - As três cantaram, sendo acompanhadas por Marília.

Maraisa sorriu diante da cena. Era cômodo, confortável e é gostoso estar ali entre elas. A sensação de pertencer à uma família, que ela nunca tivera, dava as caras naquela altura de sua vida. A moça sorriu tristemente ao lembrar que sua viagem estava quase no fim.

Estúpido coração e sua mania de se apegar tão rápido.

Destino Incerto - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora