Deslizo para fora da cama fazendo o menor movimento possível para não acordar Victor e vou para o banheiro. Ignoro o reflexo no espelho enquanto lavo o rosto fazendo uma nota mental de começar a andar com escova de dente na bolsa, depois fui para debaixo chuveiro e deixando a água fria correr pelo meu corpo enquanto coloco o cérebro para reorganizar os acontecimentos anteriores. Olho para a aliança no meu dedo e questiono minha sanidade, não ainda não estou louca, tenho quase certeza disso.
- Quando? – Victor tinha perguntado no começo da madrugada.
- Quando o que?
- Vamos nos casar.
Me sentei e girei o corpo para encará-lo.
- Quer dizer que está aceitando meu pedido de casamento?
Ele ergueu a sobrancelha e apontou dele para mim, nus na cama. Ri e saltei para achar minha bolsa largada no chão do quarto quando chegamos do restaurante, peguei a esfera de vidro e girei para abri-lo tirando as alianças de dentro. Victor me acompanhava com olhos apertados, tentando ver com a pouca iluminação que vinha de fora.
- Como consegue ver no escuro? – quis saber quando me juntei á ele outra vez.
- Anos de prática – dei de ombros e peguei a mão dele – Hoje, eu Edith Valentino e Olivares me caso com você, Victor Hugo Torres Sandoval, para quem prometo fidelidade e companheirismo todos os dias de nossas vidas até que a vida nos separe.
Fiz meu juramento enquanto deslizava a aliança no dedo dele aonde dei um beijo quando terminei. A expressão de Victor era um misto de confusão e descrença, ele encarou sua aliança no dedo e olhou para minha mão que estendia a aliança que devia ser minha, então perguntou ligeiramente chocado.
- Você acabou de se casar comigo?
- Palavra, aliança e beijo. Sim. Sua vez.
Ele apenas pegou a aliança de minha mão e ficou calado pensativo. Eu esperei impaciente, já prevendo o que ele diria sobre a validade daquilo e acertei quando ele começou:
- Sabe que isso não é legal, não sabe? Tecnicamente não estaremos casados de verdade.
- Há milhares de casais que nunca oficializaram sua união e não muda o fato de se considerarem casados. Troca de votos na frente de testemunhas e assinar documentos são formalidades que dá uma dor de cabeça danada quando o casal resolve se separar.
- Ainda nem nos casamos e já está planejando o divórcio?
- Sou prática.
Por um momento pensei até que ele fosse me chamar de maluca e me dispensar outra vez, mas resolveu me deixar sem palavras quando puxou minha mão e colocou o anel no meu dedo anelar enquanto prometia:
- Eu, Victor Hugo Torres Sandoval, te aceito Edith Valentino e Olivares como minha esposa e prometo amá-la, respeitá-la e ser fiel todos os dias de minha vida até que a morte nos separe.
E me puxou para um beijo longo. O juramento dele ainda ecoava nos meus ouvidos, tão diferentes dos meus que do nada comecei a rir e nos afastamos. Olhei para Victor e não consegui impedir o acesso de riso que me deixou arfante.
- O que é tão engraçado?
- Eu sou uma mulher casada – respondi e lembrei algo importante – E você me deve uma lua-de-mel.
- E para onde quer ir?
- Surpreenda-me.
Victor olhou para mim com expressão fechada, como se não tivesse gostado da ideia de fazer uma surpresa, então abriu um sorriso malicioso que me deixou curiosa para saber o que ele estava planejando, mas como pedi que me surpreendesse ele se recusou a dizer qual sua ideia para nossa lua de mel.
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Piloto Automático
RomanceEdith não tem nada contra o amor, só preza mais pela sua liberdade. Pelo menos é o que ela vive dizendo para justificar seu desapego ao romance. Victor Hugo é um workaholic que se colocou em celibato depois da morte da esposa e do filho. Nenhum del...