Acordei enjoada e corri para o banheiro esvaziando o estômago da mistura de bebidas que fiz na noitada, lavei o rosto e estiquei a mão para o nécessaire que devia estar do lado esquerdo da pia, onde eu tinha deixado ou eu troquei de lugar? Tinha quase certeza de que o quarto não foi limpo durante a noite por que eu tinha pedido que não fizessem isso.
Olhei para meu reflexo no espelho e depois para além desse ao notar algo que não devia estar ali, alguém tinha tomado banho recentemente e ainda havia um suave cheiro de sabonete no ar, que não era meu já que eu uso sabão artesanal de canela. Sai para o quarto reparando que não era o meu, ainda que os móveis e sua disposição fossem os mesmos.
Eu tinha acordado de calcinha na cama de quem? Perguntei enquanto corria até a janela e verificava que pelo menos estava no hotel certo assim como no andar correto. Procurei minhas roupas e encontrei minha chemise – que uso para dormir. Ok. Eu voltei para minha suíte e me troquei, então vim para... Abri a porta e me deparei com o numero do quarto onde estava, gemi de frustação ao constatar que estava no quarto ao lado.
Se eu acordei na cama de meu ex, a lógica sugeria que eu tinha dormido com ele. Mas dormido como duas pessoas ocupando a cama com o único objetivo de adormecer ou como em ter apagado nos braços um do outro depois do sexo? Voltei para minha suíte, tomei um banho gelado e concentrei meu tempo em refazer a noite anterior e achar as respostas para a questão sobre como fui parar na cama de Victor.
Papai e Dante tinham ido embora meia-hora depois de chegarmos, sendo sincera, eu achei até que tinham demorado se considerasse a falta de animo geral. Talvez, com exceção do dono da festa e seus bajuladores, os outros viam a própria presença como uma obrigação para qual não conseguiram uma desculpa aceitável para faltar.
- Eu vou ficar – tinha anunciado para papai quando ele informou que estavam voltando para o hotel.
- Por quê? – papai perguntou desconfiado – Você não parece mais entediada aqui do que fica quando vê desenhos animados para criancinhas.
- Bobagem, eu estou me divertindo – sorri.
Papai estreitou os olhos.
- Só se for nalgum lugar obscuro do seu subconsciente onde o ápice da diversão é não se divertir. Por que quer ficar?
- Por que o ex-namorado dela está aqui acompanhado de uma sensual dama em vermelho – Dante comentou com um risinho debochado.
- Não é por causa de Hugo que eu quero ficar – apressei em me defender – Só estou esperando o tempo passar para poder ir para um lugar mais animado.
A presença de Victor tinha sido incomoda por meio-segundo ai conclui que a empresa dele constrói navios e um dos empreendimentos da corporação Blanco é justamente viagens marítimas, havia mais lógica ele estar ali do que papai, Dante e eu.
- Não faça isso, Eddie – papai pediu.
- Não estou fazendo nada – respondi confusa, estávamos parados num canto conversando em voz baixa e eu nem tinha me movido.
- Se está ficando aqui por causa de seu ex, então está fazendo algo sim, algo infantil e bobo que não combina com uma mulher inteligente e forte como você.
- Francamente papai, eu já disse que não estou ficando por ele.
- Mente bem, mas não engana todo mundo – ele falou chateado – Você terminou com ele, o esnobou e agora que está em outra você fica o rondando.
- Isso não é letra de uma música?
- Edith! – revirei os olhos – Se você não sabe o que quer, guarde sua hipocrisia para si e deixa o rapaz viver a vida dele.
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Piloto Automático
RomantizmEdith não tem nada contra o amor, só preza mais pela sua liberdade. Pelo menos é o que ela vive dizendo para justificar seu desapego ao romance. Victor Hugo é um workaholic que se colocou em celibato depois da morte da esposa e do filho. Nenhum del...