17 - Victor Hugo

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Que fim de semana! Sexta-feira Fábio sofreu uma tentativa de assalto e quebraram o braço dele, os bandidos não levaram nada só deram uma surra nele e o pior, tinha sido bem ali perto no escritório.

Acho que ele estava sob os efeitos de analgésicos demais quando naquela noite me arrastou para uma casa noturna, ele queria ver o show de uma stripper que disseram ser espetacular e não queria ir sozinho por causa do braço. E como ele não estava no seu estado normal ficou furioso quando uma apresentação de algumas dançarinas começou, ele falou com um empregado da boate e logo depois queria ir para casa, a stripper que ele queria ver não tinha ido trabalhar naquela noite.

O humor do meu amigo piorou, no sábado ele estava tão agressivo que quebrou um ornamento de dois mil da sua sala num acesso de raiva, era uma veleiro dentro de uma garrafa, um trabalho bonito e caro que ele não hesitou em jogar contra a parede depois de uma ligação que o deixou enfurecido. Sobre a ligação ele não disse nada, além de chamar todo mundo de incompetente, depois disso informou que estava tirando o dia de folga.

Ainda tive que lidar com Sophia que achava que eu devia uma dança para ela e apareceu em casa cobrando isso, ela queria sair para dançar. Como ela não compreende o significado de não, insistiu tanto que acabou me vencendo e acabou me levando para a mesma boate para qual Fábio me levou na noite anterior, a N8.

Era um bom lugar para frequentar, a música não era tão alta para interferir na conversa das pessoas de modo que ninguém precisava ficar gritando para ser ouvido por quem estava do seu lado e eles respeitavam o limite de lotação, então dava para se mover livremente sem ficar esbarrando uns nos outros. Encontramos Fábio lá e o humor dele continuava azedo, tenho a impressão que a tal stripper tinha mexido com meu amigo mais do que ele queria admitir, parecia uma nova obsessão.

Domingo não foi melhor. Dia de folga em casa revendo projetos e lendo documentos para o dia seguinte foi que um vazio começou a me incomodar. Eu tinha conseguido controlar aquela necessidade enquanto estava ocupado trabalhando, mas estar em casa, mesmo cercado por assuntos do trabalho eu não conseguia conter a vontade de vê-la.

De repente queria Edith, ouvi-la, tocá-la. Eu desejava aquela mulher. Só tinha um problema, uma lista deles. Eu não sabia o número dela, nem onde ela morava e uma busca nas redes sociais foi inútil. Como nunca pensei em ter seu contato? Como poderia acha-la? Quem estava irritado agora era eu.

Não melhorou nada na segunda-feira quando pedi para Roberto conseguir o contato dela, tudo o que eu tinha era sua descrição física, o fato dela trabalhar no oitavo andar numa empresa de nome Uapê e que seu sobrenome podia ser Valentino Olivares ou na ordem contrária, eu não tinha certeza. Roberto não demorou em voltar com as informações que pedi e não eram as que eu queria.

- Edith era motorista do Dr. Pontes, advogado. Ela foi demitida na semana passada, foi a informação que a recepcionista me deu, ela não podia me passar contato pessoal dos funcionários ou ex-funcionários, é contra as normas da empresa.

- Dissesse que era importante ou urgência de família ou qualquer mentira – falei mal humorado, ele riu.

- Eu estava saindo quando uma moça ruiva entrou comigo no elevador, ela disse que se eu trabalhava para o bonitão da cobertura, palavras dela não minha, era para eu informar que a moça janta toda segunda no mesmo lugar e na mesma hora, falou que o senhor entenderia.

Sorri. Claro que eu entendia, já tinha jantado com Edith naquele lugar uma vez e ela disse que fazia aquilo toda segunda feira. Isso melhorou muito meu humor deixando minha segunda um pouco mais alegre.

Ás oito eu estava diante do pequeno restaurante de jardim no subúrbio, me sentia um garoto indo para o primeiro encontro e isso não era nada confortável, me neguei á ficar sentindo tanta agitação. Tenho 31 anos, já passei da fase de insegurança causada pela inexperiência com o sexo oposto.

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