Capítulo 28: Daniel

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Dirijo impressionado rumo a minha casa, escutando o Nicholas cantarolar no banco de trás How Can I Go On do Queen, após a música começar na rádio

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Dirijo impressionado rumo a minha casa, escutando o Nicholas cantarolar no banco de trás How Can I Go On do Queen, após a música começar na rádio. Pensei que crianças da idade dele cantassem somente trilhas sonoras de filmes da Disney, mas fico positivamente surpreso com isso.

— Nós devíamos mandar ele para o Eurovision. – Digo em tom de brincadeira para a Sophia sentada no banco do passageiro. — Jogadores se aposentam aos quarenta, mas cantores podem fazer isso até a velhice.

— Tem que ver ele cantando Bohemian Rhapsody. – Ela murmura, o observando sobre o ombro. — Meu pai diz que o Freddie o aplaudiria de pé, e isso não é qualquer coisa, o velho é fã pra caramba do Queen.

— Estamos perdendo dinheiro com o mini astro. – Rio e ela me acompanha.

Após conversar com a Agnes e jurar que eu daria o meu melhor, ela me permitiu ficar com o Nicholas enquanto ela está no Brasil. Assim nos aproximaremos mais, e eu entenderei melhor o que é cuidar de uma criança para além de visitas esporádicas e presentes legais. Quero isso, sei que pode ser trabalhoso, mas não estava brincando quando disse que seria um pai de verdade para o Nick, muito mais que um sobrenome na identidade.

Recebi uma série de orientações minuciosas, capaz de instruir até o mais leigo do mundo, e como se não bastasse, a Sophia me passou também uma outra pasta de coisas que me seriam úteis. Tenho digitado em letras garrafais o horário de remédios e da soneca, o que comer, brincadeiras, como pentear o cabelo dele... essa última me fez rolar os olhos.

Não sei o que as duas estavam pensando, mas engoli em seco para não dizer que quem vive o perdendo de vista não sou eu. Estudei todas as informações, prevendo um questionário surpresa, que estranhamente não me foi feito quando fui buscá-lo. Ganhei apenas duas malas enormes e um aviso de "se meu filho voltar com um fio de cabelo fora do lugar, eu te mato", e o ultimato não foi dado pela Agnes, ela já estava no aeroporto, pois acabei me atrasando, marcando uma bola fora. A Sophia foi quem me esperou na porta com os olhos estreitados, e uma expressão sanguinária, enquanto o Nicholas pulava igual ao coelho do comercial de pilhas.

Sei que a minha quase cunhada não é a mais amigável das pessoas, no entanto gosto dela com a sua personalidade que beira ao Shrek gritando "caiam fora do meu pântano".

Por viver entre famosos e pessoas que não são famosas, mas chegam perto de vender a alma para isso, sempre preferi aqueles que não gostam de chamar a atenção, e ela é uma dessas. Escondida atrás dos óculos de armação redonda e o cabelo longo e loiro que parece mais uma cortina bloqueando o mundo. Começamos a nos dar bem quando ela me fez companhia no hospital e serviu de informante secreta, por isso suas caretas e murmúrios ranzinzas não me assustam mais.

— Você seria uma ótima desanimadora de festa infantil. – Brinco, enquanto ela rola os olhos para o filme infantil que colocamos para assistir esperando a Romena preparar o almoço.

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