Capítulo 17: Agnes

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Odeio a sensação de estar incapaz, mãos e pernas atadas numa prisão mental, agonizando sem controle em meio a memórias

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Odeio a sensação de estar incapaz, mãos e pernas atadas numa prisão mental, agonizando sem controle em meio a memórias. Já passei por isso, tento me recordar dos exercícios de respiração utilizados pela minha terapeuta, as perguntas chaves que me auxiliam a localizar onde estou dentro da minha própria cabeça, mas tudo é em vão. É a voz do Pietro que me ajuda, me puxando de volta para mim mesma, expulsando o caos e restabelecendo a ordem.

Estou suada e com uma dor de cabeça horrível, ele me puxa para o seu peito e ficamos os dois sentados no chão do corredor. Não sei quantos minutos fico assim, mas parecem uma vida, vi muita coisa nova, queria saber o que é verdade e o que é criação do meu subconsciente. A Doutora Reyes dizia que é comum que pessoas com amnesia dissociativa criem cenários irreais, baseado em coisas que elas querem ver, ou até mesmo, tem medo. Gostaria que alguém contasse a minha própria vida para mim, ser somente a telespectadora. Ir atrás de fragmentos de lembranças é doloroso demais.

— Você está bem? – O Pietro pergunta, acariciando a lateral do meu braço.

Acompanho sua respiração através do seu peito subindo e descendo, para conseguir me acalmar outra vez.

— Sim, só preciso de alguns segundos para voltar para à Terra. – Brinco e ele suspira acima da minha cabeça.

— Vou te levar até o departamento médico, você precisa medir a pressão ou sei lá o que, não é normal desmaiar assim.

— Não foi um desmaio, fica tranquilo. Já estou acostumada. – Me afasto um pouco para olhá-lo nos olhos. — Acontece de vez em quando, é que dessa vez eu não consegui controlar.

— Por favor, vamos mesmo assim. – Ele insiste, e parece agoniado. — Você não está bem.

— É claro que estou, Pietro. – Afirmo e dou um sorriso para convencê-lo. — Vamos nos levantar.

— Não gosto disso, minha mãe morreu por causa de uma convulsão, sabia? – Pietro me pergunta de maneira séria e eu nego com a cabeça. — Ela tinha epilepsia e vivia bem na maior parte do tempo, mas de vez em quando alguma crise muito forte sobrepunha o efeito dos remédios e ela acabava sucumbindo. A pior foi um dia enquanto ela tomava banho, ela caiu e... – Pietro para sem conseguir terminar, ficando com a visão sem foco. — Eu estava em casa e nem fazia ideia do que tinha acontecido, só fui saber dias depois quando a Camilla me contou. Acho que já te falei isso.

Entendo que seja um assunto delicado para ele, me apiedo, nenhuma criança merece perder a mãe assim. Aos vinte e cinco eu sei que não suportaria a perda da minha, imagino ele aos sete completamente perdido e carente de um afeto que ninguém no mundo consegue suprir. Penso no Nick, como seria se algo ruim acontecesse comigo, com certeza ele teria uma ótima rede de apoio, mas eu sou a mãe dele, mesmo não sendo perfeita, sei que tenho um espaço no coraçãozinho dele e não quero perder isso jamais.

— Tudo bem, vamos lá. – Concordo e estendo a mão para ele me ajudar a levantar, algo que não é nada fácil de fazer com esses saltos enormes. — Mas primeiro preciso encontrar a Sophia e o Nicholas.

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