Capítulo 20: Agnes

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Sua expressão é indecifrável, como um bloco de concreto, me olhando nos olhos, parecendo tentar ver algo além de mim

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Sua expressão é indecifrável, como um bloco de concreto, me olhando nos olhos, parecendo tentar ver algo além de mim. Daniel massageia as têmporas e respira fundo, soltando o ar pela boca.

— Sai da minha casa! – Ordena ele, com um tom baixo, porém firme.

— Você vai me escutar. – Afirmo, deixando claro que não vim para brincadeiras.

— Eu me cansei dos seus joguinhos, Angel. – Diz ele, ainda chamando pelo meu alterego, algo que demonstra sua incredulidade na minha confissão. — Se você quer atacar a minha carreira, a Camilla, minha família, então faz, eu não ligo. Mas não inventa uma merda dessa só para chamar atenção, você parece patética e desesperada fazendo isso.

Dessa vez sou eu quem respiro fundo e belisco a ponte do nariz com um pouco de força, me certificando de que isso está mesmo acontecendo e que não é um produto da minha imaginação após sofrer um grave acidente na estrada.

— Você é tão burro. – Digo, sem dosar minhas palavras. — Na verdade, é pior do que isso, você é tão egoísta que se torna cego, só vê aquilo que quer, e geralmente é a sua própria imagem.

Dizer isso é como soltar um pino de uma caldeira aquecida à 1000 graus durante cinco anos, sinto a explosão vindo até a borda, sopitando com o mesmo fogo do inferno.

— Não vai ficar na minha casa, me ofendendo. – Diz ele, se levantando. — Vou chamar a polícia, não vou aceitar quieto essa palhaçada.

— Pensei que para mim você aceitava perder. – Repito uma das últimas coisas que ele me disse antes do meu mudo cor de rosa cair. — Afinal foi o que disse quando conquistou seu troféu, se lembra? – Pergunto, e ele cai sentado no sofá. — Vejo que começamos a nos entender. – Me encosto melhor na poltrona e cruzo as pernas.

— Quem te contou isso? – Ele estreita os olhos para mim e eu rio. — Vocês são irmãs? Alguma coisa assim?

— Meu Deus! – Exclamo irritada com a sua demora para acreditar. — O que mais você precisa? Meus documentos?! – Pergunto, abrindo a bolsa.

Está tudo revirado, mas encontro a identidade e jogo para ele, que pega no ar e passa os olhos sobre os dados.

— Agnes Foroni de Azevedo. – Daniel lê o meu nome e sobrenome. — Nascida em dois de junho de 1997, em Buenos Aires, Argentina. – Continua ele, com a voz se tornando um sussurro aos poucos. — Filiação paterna Jorge de Azevedo, filiação materna Suzana Foroni.

— Por que eu tenho a impressão que já ouvi esse nome antes? – Daniel pergunta, sem levantar a cabeça.

— Ah, você os conheceu. – O relembro. — Meus pais são aquele casal de argentinos que o Lúcio nos apresentou naquele jantar, na mesma noite em que a Camilla veio de Portugal.

— Isso é impossível. – Ele nega, parecendo abismado. — Não... não é assim que a vida funciona.

— Nesse ponto concordamos, eu também fiquei em choque. – Assumo, na época tudo parecia tão surreal que eu apenas aceitei, em vez de acreditar. — Quais eram as chances, né? Mas é isso, eu sou a filha mais velha deles, e a Sophia é realmente a minha irmã.

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