Cinco anos não bastaram para que Agnes superasse o passado, mesmo conseguindo tudo aquilo que queria, o desejo de vingança contra os Salles permanece vivo em seu peito. Agora, ela tem uma chance de fazê-los pagar por todo mal que lhe causaram, os a...
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Dos monumentos famosos de Madrid à pequenas ilhas hispânicas, amplio meu conhecimento sobre o país. Estou sempre fazendo algo com o Daniel, muitas das vezes quando devia estar trabalhando, mas não resisto aos seus convites – sempre acompanhados de buquês, chocolates e bilhetinhos fofos – para abandonar tudo e dar um "pulinho" até Ibiza de jatinho, ou simplesmente tomar sorvete na Plaza Mayor.
As vezes saímos os dois, outras vezes com o Nicholas, depende do destino ou horário, e então conversamos sobre tudo, as vezes nem chegamos a falar sobre nós dois, e é isso o que mais gosto no passeio inteiro. Não é como se estivéssemos mais presos naquele abismo no qual o único assunto eram as mágoas e como superá-las, falamos sobre futebol, a arquitetura da Espanha, o clima, comentamos sobre um filme que assistimos no cinema... realmente conectados, nos entendendo a ponto que eu até esqueço o porquê um dia nos desentendemos.
Cumpro com o que disse e não o beijo, nenhuma única vez, mesmo tendo vontade e oportunidade para fazê-lo, sinto que não é o momento, e só o farei quando tudo em mim estiver resolvido.
Novembro acaba e vamos até a metade de dezembro nesse clima. Consigo me concentrar por um dia inteiro no escritório, apenas porque liberei o Nicholas para ir às compras de Natal com o Daniel e a Hanna, que até onde sei estão preparando um mega feriado natalino em família na casa dele. Me reúno com o Fernando por Skype e a nossa secretária de Buenos Aires, já que o Aléssio está de luto pela esposa que faleceu três dias atrás. Sinto muito por ele, é uma pessoa querida, que me ajudou a estabelecer nesse mercado, e a sua esposa era adorável, mas por ordem dele mesmo não viajei para o funeral, estou cuidando dos negócios e mantendo tudo em ordem enquanto ele não conseguir.
O Fernando é um chato, no entanto não me sinto mais tão irritada com ele, sua inveja e pequenez não me incomodam mais. Fazemos o que deve ser feito, o equilíbrio das contas entre as agências e a agenda para o retorno dos campeonatos no próximo ano. Quando encerramos, retiro o blazer e declaro iniciada a festinha de fim de ano no escritório, abrindo as férias de três semanas. Gosto das pessoas daqui, são competentes e amigáveis, por tanto sugeri a espécie de confraternização no maior estilo The Office, com sangria servida em copinhos de papel e buffet de comida japonesa.
Me divirto com eles e faço cover no karaokê com o Bernardo, que é um fã de carteirinha da Lady Gaga. Desço do palco improvisado e o segurança me avisa que tenho uma visita não agendada, a qual ele direcionou para o meu escritório.
Não marquei nada para hoje, justamente porque depois da reunião não queria mais trabalhar até o fim das férias, portanto sou obrigada a forçar um sorriso enquanto caminho até a minha sala. Assim que abro a porta o sorriso vai pelo ralo.
— Vou manter a porta aberta para você cair fora mais rápido. – Digo, ficando parada no meio do caminho.
Paola arqueia as sobrancelhas loiras bem desenhadas e me encara com o mesmo desdenho de antes, mas não me sinto mais coagida como me sentia aos dezenove anos. Ela continua extremamente bonita, apesar dos notórios sinais de que está na casa dos trinta e poucos.