Caminho até a porta de entrada do prédio e retorno ao carro três vezes até reunir coragem o suficiente para empurrar a maçaneta e acabar de uma vez só com essa agonia. Sei muito bem que não é fácil, dá outra vez também não foi, mas minha família estava comigo. Minha mãe e meu pai, dizendo que tudo ficaria bem quando eu buscasse ajuda e que se nada mudasse, eles ainda estariam lá por mim. Agora não tenho ninguém, sou apenas eu, lutando contra mim mesma, sem abraços apertados e xícaras de chocolate quente após as crises de choro.
— Hora de provar que é adulta, Agnes. – Murmuro para mim mesma, seguindo até o balcão da recepção.
Preciso fazer isso por mim, pelas pessoas que eu gosto e principalmente pelo Nick, esse caos interno está atraindo todos para o centro do furacão e os machucando, e eu não quero ser a pessoa que machuca... nunca quis.
— Seu nome, senhorita? – A recepcionista com fios tingidos de laranja me pergunta, com um sorriso endurecido no rosto.
— Angel Foroni. – Respondo, abrindo a bolsa para pegar meus documentos. — Marquei com o Doutor Navarro às seis.
— Sim, estou vendo. – Diz ela, com os olhos na tela do computador. — Confirmada, pode subir, é a sala de número quatro no segundo andar.
— Obrigada! – Torno a organizar minha bolsa e subo pela escadaria, impaciente demais para esperar o elevador.
O corredor dos consultórios é simplista, todo tingido de um verde pistache com quadros abstratos fazendo o papel de decoração. Caminho até a porta de número quatro, já aberta e bato na madeira antes de entrar.
— Angel Foroni! – O psicólogo afirma ao me ver, e eu apenas assinto com a cabeça. — Pode encostar a porta.
Começou, penso.
Ele tem uma aparência comum, do tipo que podemos esbarrar nos corredores do supermercado, e isso me deixa mais confortável.
Sua sala tem a metade do tamanho da que eu ia em Buenos Aires, o ambiente é claro e cheio de poltronas, puffs e tapetes de bambu, parece relaxante, o tipo de lugar que eu buscaria para ler um livro ou apenas descansar a cabeça.
Pego a poltrona a sua esquerda, num ângulo de 45º, que permite que ele me veja, mas que ao mesmo tempo não fique cara a cara comigo. Sinto que isso foi um teste, pois ele anota algo no caderno aberto em sua mão.
— Geralmente, início a conversa perguntando sobre o que você quer falar, mas preciso esclarecer algo. – Diz ele, levantando o olhar para mim, ele tem olhos que não sei dizer se são verde ou cor de mel. — Uma leve confusão, os documentos usados para sua consulta estão no nome de Agnes Foroni de Azevedo, mas você deu o nome de Angel Foroni no momento de agendar. Qual devo usar?
— Tanto faz. – Dou de ombros. — Agnes é o meu nome, mas tenho usado Angel para o trabalho.
— E qual das duas você é?
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Nunca Mais [COMPLETO]
RomanceCinco anos não bastaram para que Agnes superasse o passado, mesmo conseguindo tudo aquilo que queria, o desejo de vingança contra os Salles permanece vivo em seu peito. Agora, ela tem uma chance de fazê-los pagar por todo mal que lhe causaram, os a...