16 - Lendas Perdidas de uma Tapeçaria

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— Não podemos falar sobre isso aqui no castelo. — Severus disse quando havia passado três minutos inteiros desde a sua revelação do seu nível mágico e eu continuava estupefata demais para processar a informação.

O céu, de súbito, pareceu desabar sobre a minha cabeça, e as montanhas ao redor do castelo pareciam que foram empurradas em minha direção, por um momento, pareceu que eu cairia de joelhos com o peso da afirmação dele.

Nível doze? Como isso era possível?

Há algum tempo eu desconfiava que ele não estivesse no mesmo nível dos bruxos mestiços, mas estar acima de todos os nascidos-trouxas também? Eu não sabia dizer se eu achava isso magnífico ou se ficava aterrorizada com alguém detendo tanto poder num mundo onde a magia era algo tão escasso.

Mas esse bruxo era Severus. Eu não me permitia sentir medo dele. Todas as manhãs, quando acordava era nele que eu pensava, mesmo quando estávamos em pé de guerra no início do mandato. Repeti para mim mesma as palavras dele: minha melhor amiga. Porém, mesmo após essa afirmação e o toque dele no meu pulso, eu ainda não tinha certeza se ele confiava o bastante em mim para me dar as explicações sobre o que me disse bem aqui, agora mesmo. Apenas... respire.

— Este castelo está cheio de espiões, desde pessoas em retratos até fantasmas. Onde podemos conversar? — Ele insistiu, enquanto me assistia tentar recuperar o autocontrole diante de uma confissão tão surpreendente.

Respirei fundo tentando acalmar a minha mente, meus olhos se fecharam lentamente enquanto eu inspirava e expirava em busca de uma paz que eu não sentia no momento.

— Eu deveria... — Cada palavra era difícil, eu acho que ainda estava chocada demais para conseguir formular uma frase coerente.

— Winky! — Era uma ordem, mas a voz de Severus mal passou de uma exalação. A pequena elfa imediatamente surgiu. — Aparate a senhorita Granger até a casa dela. Sirva-a um chá de hortelã-pimenta com muito mel. — Pediu Severus, sem se importar em sorrir.

— Dois. — Consegui finalmente encontrar um tom de voz mais forte e acrescentar o número. — Venha comigo, por favor!

Seus olhos me escanearam por alguns instantes, até que ele baixou o queixo em concordância, e Winky estendeu suas pequenas mãos, uma para cada um de nós. Eu afundei no sofá assim que Winky pousou conosco na sala do meu apartamento. Severus tomou o assento ao lado do meu, enquanto Winky seguia até a cozinha.

Fechei os olhos de novo, apenas por um momento. Eu tinha tantas perguntas, que elas sufocavam a minha mente e eu não estava conseguindo me controlar pela ansiedade que me dominava. Severus Snape era o bruxo mais poderoso da atualidade. Por que ele? E por que ele escondia isso? Eu não era mais a bruxa mais poderosa de Hogwarts, Severus era. Eu devia me sentir rebaixada por isso? Ou eu deveria ficar feliz e pensar que isso podia ser um sinal de esperança?

Não notei que meus minutos de reflexão haviam sido muito mais que um momento até Winky apoiar as duas delicadas xícaras diante de nós, com uma pequena chaleira de ferro fumegante no centro da mesa. A elfa nos serviu quantidades generosas de mel, minha boca estava seca demais e a língua pesada demais, para me incomodar em dizer à pequena criatura que parasse ou deixaria nós dois diabéticos.

Winky mexeu as duas xícaras em silêncio, então entregou a primeira a Severus, que imediatamente a repassou para mim. Eu estava cansada demais para recusar o cavalheirismo dele conforme envolvia a xícara com as mãos, tentando reunir forças para levá-la aos lábios.

Severus pareceu perceber isso e disse a Winky que deixasse a segunda xícara sobre a mesa de centro e voltasse ao castelo. Eu observei, como de uma janela distante, quando ele pegou a xícara que eu segurava e a levou aos meus lábios. Pensei em afastar a mão dele do meu rosto para não deixá-lo chegar tão perto e cuidar de mim daquela forma quando eu estava em uma massa trêmula de nervos por uma revelação que ele mesmo me fez. Embora tenha sido por inteira culpa minha. Fui eu quem perguntei o nível mágico dele.

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