8 - Pequenos incêndios por toda parte

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No meu sonho, eu estava caminhando pela longa passagem secreta de novo, e eu tinha escolhido seguir pelo portal à direita, ali, nos meus devaneios, não haviam os sussurros que eu ouvi e esse parecia ser o caminho mais aconchegante e agradável, foi por isso que eu segui por ele. A passagem serpenteava e girava, e me vi descendo por mais um lance estreito de escadas que girava para baixo, dando voltas e mais voltas.

Quando eu já estava exausta de tanto descer, cheguei à base de um lance de escadas e parei. Diante de mim estava uma antiga porta de madeira, com uma estrutura metálica - uma aldrava no formato do símbolo de Hogwarts - no centro dela. Pelo menos, parecia com o símbolo de Hogwarts, mas, olhando de perto, os animais retratados na imagem não eram animais, mas apenas os esqueletos deles. Eu estremeci e esperei que alguma coisa sombria gritasse, ou que de repente o espaço onde eu estava ficasse frio e úmido. Mas não, ali naquele sonho, esse lugar ainda parecia ser um local acolhedor, então, eu alcancei a maçaneta, e sem nenhum ruído sequer, a porta se abriu.

Quatro archotes se acenderam magicamente e iluminaram quatro estátuas que jaziam sobre placas de pedra. Perdi o fôlego quando percebi que as estátuas eram de duas mulheres e dois homens, pois não precisei chegar tão perto de cada uma delas para saber de quem se tratavam. Eram quatro sarcófagos. Eu estava na tumba dos quatro fundadores de Hogwarts.

Um dos homens segurava uma espada de pedra na mão, o outro, tinha um medalhão no peito. Godric e Salazar, respectivamente. Rowena ostentava o diadema no topo da cabeça, e Helga sorria, enquanto olhava para o fundo da taça de pedra entalhada entre seus dedos da mão.

Eu me aproximei da estátua de Rowena Ravenclaw, afinal, foi a pintura dela que me guiou até aqui. Minha mão tremeu quando a estiquei e toquei na bochecha lisa da fundadora. Estava fria e dura, como uma estátua deve ser.

― Eu não sou da sua casa, porque você me chamou aqui? ― Falei em voz alta, reverberando as palavras pela câmara silenciosa.

Deslizei até a estátua da mulher ao lado dela, o sorriso congelado em pedra de Helga Hufflepuff era tão bondoso, que fez eu me lembrar de suas palavras quando fundou a escola 'ensinarei a todos e os tratarei como iguais'. Sussurrei um obrigado para ela, porque sei que sem o lema dela, eu poderia nunca ter vindo para Hogwarts.

Quando parei em frente da estátua de Godric Gryffindor eu acariciei a espada presa em suas mãos. Se não fosse por aquela espada, teríamos perdido a guerra mágica contra Voldemort. Eu fui da Grifinória, e tinha muito orgulho de saber que essa relíquia só vinha até os verdadeiros membros da casa vermelha e dourada. Lembrar que ela veio até nós, na guerra, sempre me reafirmava que eu era um membro legítimo dela.

Finalmente encarei a estátua do fundador da Casa Sonserina, aquela com o medalhão. Meu coração bateu violentamente no meu peito e me senti enjoada quando olhei para a corrente e o pingente, lembrando que ele foi impregnado de magia negra para abrigar um pedaço da alma de Voldemort e brincava com o nosso humor quando o usávamos no pescoço.

― Não vou agradecer a você. ― Sussurrei.

― Isso é um pouco rude. ― Falou uma voz masculina e branda, e me assustou tanto que eu gritei e tropecei nos meus próprios pés, caindo no chão.

A voz sorriu quando tentei agarrar minha varinha, mas eu a tinha esquecido sobre a minha mesa de cabeceira. Levantei os olhos e congelei. Diante de mim, estava um jovem inacreditavelmente lindo. Tinha cabelos negros na altura dos ombros que fluíam ao redor do rosto e olhos negros brilhantes, mesmo na transparência da névoa prateada que o cercava.

― Quem é você? ― Perguntei em um sussurro.

― Regulus Black, seu criado. ― Ele respondeu com um leve inclinar de cabeça.

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