1 - Conferência de Imprensa

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Toda a magia se foi, assim que Voldemort morreu. Isso mesmo. No momento em que Harry Potter venceu seu duelo contra o Lorde das Trevas, a magia evaporou da face da terra.

Algumas pessoas dizem que foi uma maldição. Outros afirmam que isto aconteceu para se cumprir uma profecia antiga. Ainda havia alguns que diziam ser um castigo enviado pelos deuses — sejam eles quem forem — que tinham concedido o dom da magia aos humanos e estavam desgostosos com a forma com que esses dons estavam sendo utilizados. Não sei em qual dessas teorias eu acredito. O que eu sei é que hoje, nós bruxos, vivemos em um novo mundo.

Neste novo mundo, a magia das pessoas que tinham os dois pais bruxos, sejam eles sangue puro ou mestiços, foi extinta. Se o bruxo tinha um dos pais Trouxa, sua magia foi drenada e hoje correspondia apenas a metade do potencial total de magia que um dia esse bruxo já possuiu. E havia a categoria onde eu me encaixava: os nascidos-trouxas.

Nós, que fomos desprezados por gerações inteiras de bruxos puro-sangue e massacrados nas guerras dos supremacistas da pureza de sangue, hoje em dia, éramos os únicos bruxos que não tiveram suas capacidades mágicas alteradas. Na verdade podíamos afirmar que nossa magia foi até fortalecida. E isso é uma baita de uma ironia.

Quem poderia imaginar que hoje, quatro anos após aquele dia onde tudo se modificou, nós éramos os bruxos mais poderosos do mundo?

Outro fato deste novo mundo é que nenhuma criança apresentou sinais de magia depois da Batalha de Hogwarts. Não nasciam mais crianças mágicas. A pena enfeitiçada que registrava os nascimentos das crianças bruxas nas escolas de magia pelo mundo afora, estava intacta desde o dia 02 maio de 1998. Alguns estudiosos diziam que a magia renasceria depois de um tempo. Mas enquanto isso não ocorria, nós fomos considerados a última ― ou a primeira, dependendo de como a magia se comportaria ― geração de bruxos com plenos poderes.

oOoOoOo

Um piscar de olhos. Então, eu pisquei um pouco mais.

― O que você disse?

A mulher sentada do outro lado da mesa se repetiu. Ainda assim, olhei para ela. A ouvi corretamente na primeira vez. Ela foi alta e clara. Sem problemas. Mas meu cérebro não poderia envolver-se em torno da frase que tinha saído da boca dela. Eu entendi todas as palavras individuais na sentença, mas colocá-las juntas naquele momento era o equivalente a dizer a um cego para ver algo rápido. Basicamente, isso não ia acontecer.

― Preciso de você, Hermione.

Minha antiga diretora de Casa, hoje minha mentora no Mundo Mágico, Minerva McGonagall, a mulher que estava me pedindo o impossível, insistiu. Ela sentou-se de volta contra a cadeira no seu escritório e arrumou o seu cabelo prateado, seu rosto enrugado ainda era severo, e hoje ela estava usando uma grossa túnica verde escura. Apesar de ser uma das bruxas que havia perdido metade dos seus poderes, ela ainda era intimidadora. Demente e fora-da-sua-maldita mente, mas intimidadora, no entanto.

Fique calma, tome uma respiração profunda e assimile isso junto, Hermione. Foco.

Eu precisava me concentrar em outra coisa para relaxar. Observei as paredes do escritório. Uma linha de diplomas pendurados à sua direita. Em ambos os lados estavam fotos, agora todas estáticas, de amigos e familiares e algumas até do nosso grupo de orientandos de Hogwarts ao longo dos anos. Minha favorita era uma tirada no último ano, quando tínhamos viajado para Durmstrang e vencido uma versão atualizada do Torneiro Tribruxo. Ela estava no meio do grupo com o troféu do torneio, e eu estava ao seu lado com meu braço em torno dos ombros de Jess, uma companheira da minha equipe. Eu tinha a mesma imagem em meu apartamento, uma lembrança constante dos doze anos da minha existência no Mundo Bruxo.

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