17 - Centelha Divina, Renasceu das Cinzas

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— Então, por que decidiu vir aqui em vez de em algum lugar na Escócia? Ou em Londres? — Perguntei, mais de seis horas mais tarde, quando girei o carro para uma vaga de estacionamento na frente do prédio que Severus tinha indicado.

A viagem em si durou um pouco menos de três horas. Mas precisamos matar o tempo, já que o compromisso de Severus era apenas às dezesseis horas. Paramos para almoçar, andamos por aí, e visitamos uma loja trouxa onde ele tinha perdido a cabeça na seção de suprimentos de escritório, "qualquer coisa custa uma libra?". Eu tive uma crise de risos quando ele começou a inspecionar cada item que nos deparamos e comparei mentalmente o homem na minha frente com o Sr. Weasley e seu fascínio por coisas trouxas.

Desafivelando o cinto de segurança, ele deu-me um olhar ainda claramente insultado, porque presumi que ele iria fazer uma "transfiguração plástica" mais cedo.

— Conheço alguém que confia no seu trabalho.

Essa foi toda a informação que ele me deu. Saímos do carro e fizemos o nosso caminho em direção ao estúdio. Uma música baixa tocava suavemente ao fundo e um homem ruivo estava sentado atrás da mesa preta na recepção, trabalhando em algo com um lápis. Ele olhou para cima quando entramos e nos deu um sorriso amigável.

— Olá, como vai?

Quando percebi que Severus não disse nada, sorri de volta para o homem enquanto acotovelava o meu acompanhante nas costelas por ser rude.

— Bem e você? — Respondi por ele.

— Ótimo. — Ele olhou para Severus e algo como reconhecimento cintilou em seu olhar antes de ele largar o seu lápis sobre a mesa. Provavelmente esse tatuador era um bruxo e agora vivia como um trouxa, após a extinção da magia. Ele mexeu no computador, possivelmente para confirmar se estávamos na agenda, antes de deslizar lentamente seu olhar de volta para nós.

— Fox sairá em um minuto, se você quiser se sentar.

— Obrigada. — Sorri agradecida para ele e voltei para me sentar em um dos sofás de couro.

Severus ficou de pé, caminhando em direção ao mural onde vários artigos de revistas estavam enquadrados. Um minuto mais tarde, o som de botas ecoou no chão de cerâmica e não me preparou em nada para o homem de cabelos encaracolados que saiu da parte de trás do negócio. Alto, ombros amplos e com tatuagens indo até os pulsos, não consegui despregar os meus olhos dele e eu nem era uma fã de pessoas com tanta tatuagem assim, mas eu teria que ser cega para não notar quão bonito ele era, mesmo que ele não fosse meu tipo. Porque, Merlin, ele era delicioso.

— Ele está usando uma aliança de casamento. — A voz baixa de Severus murmurou, à direita de mim.

— Isso não significa que não posso olhar. — Murmurei de volta, já percebendo que sim, ele estava usando uma aliança brilhante amarelo-ouro.

Algo caiu sobre o meu colo e percebi que Severus tinha jogado o cachecol dele em mim.

— Segure isso! — Pediu ele.

— Olá. — A voz do cara de cabelos encaracolados soou mais perto, ele e Severus estavam diante de mim, apertando as mãos.

Severus era apenas ligeiramente mais baixo que o homem, que aparentava ser apenas um pouco mais jovem. Enquanto eu examinava suas diferenças, Severus me olhou de uma forma que me fez sorrir. O rosto dele, que eu já estava familiarizada há anos com a mesma expressão de impassividade, agora estampava um misto de irritação e advertência. Se possível, o achei ainda mais bonito. Severus não sabe disso, mas eu ainda preferiria ele ao homem de cabelos encaracolados em qualquer dia.

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