O sol brilhava forte agora, a luz banhando a piscina próxima de nós e sua luz dançava no teto acima de nós. A força com que ele me segurava assim que chegamos, estava aos poucos se dissipando e foi o horror de quase tê-lo perdido que fez com que eu me concentrasse em me segurar no homem que estava agora ao meu alcance, ainda adormecido. A cabeça dele descansava no meu peito e eu enterrei meus dedos em seu cabelo enquanto cronometrava a minha respiração com a dele e lembrava das últimas horas difíceis que passamos.O resgate foi tenso e Severus quase morreu em sua determinação alucinante de destruir o quartel general rebelde. Eu congelei a piscina até que seu corpo voltasse a uma temperatura normal e o segurei durante os pesadelos que o assolaram ao longo de toda a manhã. Eu tive que impedi-lo mais de uma vez quando os tremores que assolavam seu corpo se tornaram intensos e gritos saíram de sua boca. Trabalhei com a varinha para fechar os cortes em suas costas e convoquei Winky para trazer suprimentos da Ala Hospitalar e até mesmo para ir até minha casa e apanhar o frasco com o unguento que o próprio Severus me deu quando meu antebraço estava ferido.
Os tremores só diminuíram quando eu o embalei com a minha voz, sussurrando que era eu, sua parceira e amiga quem estava ali, curando-o. Eu narrei para ele que fui atrás dele, que o encontrei e que poderíamos viver o que quiséssemos agora, que ninguém nunca mais iria arrancá-lo de mim. Chega de missões separadas, Severus, tudo o que fizermos, faremos juntos. Sussurrei que aquilo não era uma ilusão, que nós éramos reais e que eu era a única que pude tocá-lo enquanto ele queimava, porque nossos poderes eram compatíveis. Nós somos compatíveis. E sussurrei mais e mais palavras sobre nós, até que ele estava dormindo e finalmente em paz, mesmo que os seus dedos ainda segurassem com força o meu quadril. Eu agradeci aos deuses por conseguir diminuir aquela tensão esmagadora de fogo que se contorcia nas veias dele e ouvi-lo respirar em alívio.
Quando ele acordou pela primeira vez, nos olhamos por longos minutos, antes que ele me beijasse. Um beijo suave, carinhoso, que ele interrompeu apenas quando nossa necessidade por ar falou mais alto. Ele se deitou ao meu lado, ambos agora olhando o mundo lá fora, que estava mergulhado em laranja e a temperatura do ar, nem muito fria e nem muito quente, parecia agradavelmente equilibrada, enquanto que a coloração do céu me lembrou o dia em que nos beijamos pela primeira vez, naquele momento em nossa viagem até a casa de Harry.
— Eu não olho para o céu há dias. — Foi a primeira coisa que Severus disse, seus olhos pregados na imensa abertura que o castelo fornecia, na borda infinita da piscina.
— Eu realmente não posso dizer o mesmo, Remus e eu dormimos ao relento não mais que um punhado de dias atrás. — Respondi suavemente.
— Ele já passou por isso muitas vezes. — Severus ficou em silêncio por um segundo. — Você também?
A autoconsciência da nossa nudez se esvaiu da minha mente, a facilidade e intimidade dos nossos beijos e da nossa conversa agora serviram para me deixar flexível e relaxada.
— Sim, eu... na guerra, dormia na barraca quando não estava em vigília, mas era quase o mesmo. — Murmurei.
— Você estava lá fora, era ainda uma adolescente e passou por tudo aquilo. — Sua declaração foi o equivalente a ser jogada em um lago gelado. — Enquanto eu estava aqui, nesse mesmo castelo, aquecido e posando de diretor cruel e aparentemente lutando em lados opostos daquela guerra.
— Oh, sim, nós achávamos naquela época... — Eu tropecei nas palavras e Severus se virou para me olhar.
— Eu não esperava que vocês soubessem. Era o meu papel naquela época. Mas eu não quero falar sobre isso esta noite. Eu prefiro aproveitar essa paz.
— Acho difícil que você esteja pensando em paz, Severus. — Eu disse suavemente. — Você quase se matou ontem.
— Deixei que o rugido em minhas veias que pedia por vingança me dominasse. — Ele confessou, voltando a olhar o céu à nossa frente.
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Novo Mundo
FanficA magia se foi. Mas não para todos. Os nascidos trouxas e mestiços ainda detém parte dos seus dons, e agora, toda a comunidade bruxa depende daqueles que um dia foram subjugados. Aqueles que ainda portam suas varinhas se reúnem diariamente em Hogwar...