30 - Suspeita e amadurecimento

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Eu estava bocejando a cada dois minutos quando Severus finalmente voltou de onde quer que ele tenha ido encontrar Robards. Eu o olhei, curiosa, mas ele não me deu nada em troca sobre a sua reunião com o nosso superior.

— Pare de me dar esse olhar. Atravessaremos essa ponte quando chegarmos nela. — Ele disse finalmente, encerrando de vez qualquer pergunta que eu tivesse sobre o assunto. — Vou para casa hoje à noite, Draco precisa de ajuda lá. Você vai ficar bem?

— Estou na minha própria casa, Severus, óbvio que ficarei bem. Quantas proteções extras você colocou nela? Uma dezena?

— Você é absurdamente insuportável. — Ele respondeu em troca.

— Não sei como eu vivi toda a minha vida sem você e o seu tipo de palavras encorajadoras, Severus. Realmente. É um milagre eu ter sobrevivido tanto tempo.

Severus fez sua habitual carranca para a minha ironia, mas os cantos de sua boca se entortaram no sorriso que ele sempre reservava para mim.

— Nunca conheci alguém que precisasse menos de mim do que você. — Ele alcançou minha mão e me puxou para um beijo doce.

— Eu vou sentir falta de você na minha cama. — Murmurei no seu pescoço, enquanto ele me abraçava após terminarmos nosso beijo.

Ele assentiu enquanto caminhávamos de volta para a porta onde ele tinha acabado de entrar. Severus levou uma de minhas mãos até seus lábios, beijando-a.

— Vou voltar o mais breve possível.

— Eu sei. — Descansei minha testa contra a dele. — Fique o tempo que precisar para ajudar Draco. Ele está sobrecarregado com Narcissa e ainda há toda a preocupação com Scorpius e a profecia. Ajude-o, sim?

— Ok. — Ele murmurou.

— Só não me esqueça, tudo bem? — Eu disse, deixando um pouco da minha frustração escapar pela minha boca.

Severus afastou a testa da minha para encontrar meu olhar.

— Você acha que eu poderia esquecer você?

— Não sei, mas tenho certeza que você vai encontrar... — Eu quase disse "seus amigos", mas em que ponto Severus me deu a ideia de que ele considerava qualquer pessoa como um amigo, além de mim? Nunca. — Muitas distrações quando voltar para casa e eu sei como a vida às vezes fica no caminho. — Completei.

— Não perco meu tempo com coisas aleatórias da vida, Hermione. Compreende o que quero dizer?

Os pelos na parte de trás do meu pescoço se arrepiaram com sua voz rouca.

— Mais ou menos. — Sussurrei.

— Deixe-me dizer de outra forma. — Ele segurou meu rosto, deslizando os polegares pelas minhas bochechas e me encarou sério. — Eu não perco tempo. Assim que eu terminar tudo, volto imediatamente para você. Ok?

Um olhar determinado cruzou seu rosto, fazendo-me incrivelmente consciente de tudo à nossa volta: a noite gelada, o céu escuro e sem estrelas, a maneira como a pele dele cheira à ervas. Seus dedos apertaram meu rosto mais forte. Eu tinha visto seu rosto centenas de vezes, mas parecia nunca ser o bastante.

Depois que eu tinha superado a minha paixão adolescente por ele, eu me via desejando estar com alguém como eu: tão determinado que às vezes beirava até a agressiva, bom demais com as mãos, tranquilo, honesto e bom. Alguém que voltasse para casa depois de um dia de trabalho e fosse capaz de executar feitiços domésticos ou feitiços de cura simples. Imaginei esse homem como estável e confiável. Eu não tinha certeza de onde tinha criado essa fantasia, mas a tinha presa comigo. E Ron tinha sido assim. Nosso beijo do meio da batalha de Hogwarts o tinha feito parecer um personagem de romance, incrivelmente corajoso, bonito e altruísta. Em alguns momentos, eu nem achava que o lado romântico dele fosse real. Mas era.

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