10 - A profecia dos três

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Alguém estava ao pé da cama. Percebi a presença muito antes de abrir os meus olhos e deslizei a mão discretamente sob o travesseiro, alcançando a minha varinha.

― Isso não será necessário. ― Disse o homem. Me ergui rapidamente ao reconhecer a voz de Regulus. ― E de qualquer modo seria ineficaz.

Senti meu sangue congelar ao ver o espectro cintilante do irmão Black mais jovem. Eu tentei invocá-lo, por dias, através do medalhão que ele me deixou. Ele nunca apareceu. Quando afrouxei os dedos ao redor da minha varinha e a larguei, ele sorriu para mim.

― Olá, senhorita Granger. ― Disse ele.

― Por que você não apareceu antes? ― Perguntei em voz baixa.

― Você não me chamou corretamente. ― A figura de Regulus flutuou até onde o medalhão estava apoiado na minha mesa de cabeceira. ― Precisa colocá-lo.

― Eu não vou usá-lo. Já tive experiências ruins demais com o original. ― Falei, incerta se Regulus sabia sobre minha experiência com a horcrux de Voldemort.

Será que eu estava sonhando novamente? Tensionei meus músculos, preparando as pernas para saltar da cama, abandonando a ideia em seguida, pois o fantasma de Regulus estava entre mim e a porta.

― Posso ajudá-lo em algo? ― Murmurei.

― Vim apenas lembrar-lhe sobre a missão que lhe demos. Você precisa libertar a magia.

― É o que planejo fazer. E não por sua causa, ou pela ordem de quem lhe mandou aqui, mas porque foi o que eu prometi que faria. ― Completei friamente. ― Você tem algo relevante a dizer ou está aqui só para me acordar no meio da noite? Quem sabe talvez você possa me contar algo mais sobre a noite em que visitei a tumba.

― Sei tanto quanto você. ― Regulus afirmou e eu franzi a testa pela resposta evasiva dele. ― Você não confia em mim ainda, entendo, mas acredite ou não, estamos do mesmo lado. Estou aqui para servir você.

― Me servir? O que isso quer dizer?

Desta vez, a figura etérea olhou para a janela. De onde eu estava, só conseguia vislumbrar o céu pontuado de estrelas.

― Olhe lá fora. Você encontrará as respostas.

Me ergui da cama e caminhei até alcançar o peitoril da janela. Os terrenos da escola estavam escuros a essa hora da madrugada. Era uma noite sem luar, então não havia muita coisa que eu conseguisse enxergar. Abri a boca para dizer isso a Regulus, mas ao olhar de volta para o local onde ele flutuava segundos antes, vi que ele já tinha desaparecido.

oOoOoOo

Amanhecia, quando ergui os olhos do antigo livro de genealogias bruxas ao ouvir a porta abrir e ranger alto o bastante para me acordar, caso eu estivesse dormindo. Meu coração palpitou, e me esforcei para agir com naturalidade enquanto que, pela segunda vez naquela madrugada, fechava os dedos ao redor da minha varinha.

A porta se abriu completamente e Cho entrou. Ela não olhou para mim, nem se mexeu, apenas ficou lá, ficou parada na soleira da porta. Os olhos fitavam o chão e lágrimas escorriam por suas bochechas.

― Cho? ― Chamei, me levantando em um ímpeto. ― O que aconteceu?

Os ombros de Cho tremiam. Devagar, ela levantou a cabeça, expondo os olhos inchados e avermelhados.

― Eu... Eu não sabia aonde ir. ― Disse ela.
Senti dificuldade para respirar. Cho era uma fortaleza, o que poderia ter acontecido para deixá-la nesse estado?

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