32 - Não me envie flores, envie narcisos

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Eu me senti flutuando enquanto entrava no meio de uma densa neblina. Permiti que a névoa se fechasse ao meu redor, mesmo sabendo que precisava lutar, que deveria me apegar à minha consciência e não me deixar afundar, mas, uma parte de mim, queria continuar flutuando na névoa e deixar a atração para a morte me levar embora. Mas havia algo que me puxava.

Abri os olhos no meio de um suspiro, como se ressurgisse de ser submersa por muito tempo. Minha visão estava embaçada e eu sentia tanta dor que me sentia entorpecida, como se minha consciência estivesse apenas semi-ligada ao meu corpo. Porque eu podia dizer que doía, mas não podia sentir como deveria. E isso me preocupou, essa desconexão.

— Ela está acordada. — Parecia Eddie, mas eu não tinha certeza. — Hermione, você pode me ouvir?

— Sim — Minha voz soou estranha para meus próprios ouvidos. A memória dos meus últimos momentos conscientes me sacudiu e me fez entrar em pânico. Eu não podia me mover ou enxergar e parecia que todos meus músculos estavam tensos. Um terror crescente inchou o meu peito. — Eu não posso sentir... — Qualquer coisa, eu queria completar.

— Hermione, não tente se mover — Parecia Papoula Pomfrey. Sua voz era suave, mas eu conseguia ouvir o estresse no tom dela —, você sofreu um estrunchamento e perdeu muito sangue. Estamos trabalhando para curá-la. — Papoula inalou e ficou quieta. — Eddie não é... — O que a curandeira chefe do Saint Mungus estava prestes a dizer foi abafado. — Hermione, eu preciso que você fique calma.

Como curandeira e inúmeras vezes paciente também, eu sabia que isso é muito mais fácil falar do que fazer. Minha visão começou a clarear, algo que deveria ter feito as coisas melhorarem, mas teve o efeito oposto: conseguir enxergar fez com que as luzes artificiais queimassem ainda mais os meus olhos e uma onda de histeria se arrastou por todos os lados da minha consciência. Cada novo espasmo tornou mais difícil ficar parada. Me forcei a controlar a respiração para assumir o meu próprio corpo e forçá-lo a descer, mas não funcionou.

— Quão... ruim? — Tossi, tentando não engasgar com o nódulo na minha garganta. — A verdade.

Houve uma pausa.

— Mesmo depois da primeira dose de antídoto, o veneno não está facilitando a cura.

Muito ruim. Talvez eu não precisasse saber.

— H-how... Você sabia o veneno?

— Sim, ele nos disse.

Hermione sentiu algo a impedindo de respirar e outro espasmo de dor, difícil dizer onde, mas também ouviu o barulho de um feitiço.

— Perfeito. — Papoula soou momentaneamente aliviada. — Oh, inferno sangrento! Sua frequência cardíaca está muito alta, Hermione! Eu preciso que você se acalme.

— Eu não consigo. — Sussurrei. Respire! Pânico e dor aumentaram constantemente à medida que cada sentido retornava. Minha visão e audição pareciam muito aguçados.

— Graças a Merlin — disse Papoula de repente. — Venha aqui!

Eu tive um momento para questionar antes de sentir algo que não era dor: uma mão na minha. Os olhos verdes quentes e o rosto do meu melhor amigo preencheram meu campo de visão, reconfortantes e familiares. Harry. Ele estava horrível e, no momento seguinte em que nossos olhos se encontraram, eu vi o medo estampado neles.

— Tudo limpo? — Eddie soou rabugento e impaciente. — Eu preciso tirá-la do chão da área de emergência. É seguro?

— Suficiente. Ela está estável. — Pomfrey respondeu.

Eu teria soluçado se pudesse.

— Vai ter que funcionar. Eu vou fazer os preparativos. — Ouvi Eddie levantar, seus sapatos guinchando no chão enquanto ele corria.

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⏰ Última atualização: Nov 14, 2022 ⏰

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