Capítulo 35 - O diagnóstico definitivo

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- Rosa, que susto hein...

- Oi filho, que bom te ver.

- Porque não me ligou quando passou mal? 

- Porque nem deu tempo, fiquei tonta e acho que caí. Deve ter sido o porteiro do prédio que chamou o socorro.

- Eu tive um pesadelo com você, mandei mensagem, liguei e nada. Fiquei muito preocupado. 

- Rosa, o médico te disse o que você tem?

- Carla, o médico não precisa me dizer nada pois sei o que eu tenho. Inclusive não precisa fazer nenhum desses exames que ele falou pois já fiz todos os possíveis.

- Como assim Rosa, do que você está falando?

- Arthur, eu descobri um câncer do Cólon há pouco tempo.

- Meu Deus Rosa, eu não tô acreditando nisso...porque você não me contou nada.

- Foi um pouco antes do acidente de vocês, eu ia contar, mas você estava mal e Carla entre a vida e a morte, você precisa de mim naquele momento. 

- Meu Deus Rosa, mesmo assim, você deveria ter me contado, deveria então ter feito isso quando tudo terminou, quando Carla voltou pra casa, você ficou esse tempo todo passando por isso sozinha.

Rosa -  Filho, deixa eu te dizer uma coisa, preciso ser honesta e direta com você. Mesmo que eu tivesse te falado isso na época não iria adiantar nada, eu recebi o diagnóstico dias antes do acidente de vocês e o diagnóstico desde então não mudou. Eu estou com um câncer em estágio avançado e quando descobri já estava assim. Eu sentia algumas coisas mas sempre deixava pra lá, marcava consulta e não ia, eu nunca gostei muito de hospital, eu sei que isso é errado mas a verdade é que acabei por comodidade negligenciando minha saúde mesmo tendo um ótimo plano.  Precisamos encarar os fatos, meu caso é irreversível uma vez que se encontra em estágio avançado, qualquer tentativa de cirurgia pode resultar em minha morte e quimioterapia só iria prolongar mais ainda o meu sofrimento, eu posso talvez vive mais, porém viver mais com sofrimento devido ao resultado que a químico provoca no organismo. Eu já entreguei a Deus, eu estou conformada com o que estar por vir. 

Artur - O que Rosa acabou de me dizer caiu como um soco em meu estômago, ela está conformada com a morte e sequer cogita a possibilidade de tratamento, como que ela pode pensar isso? Como ela pode deixar as coisas chegarem a esse ponto se ela sempre teve um ótimo plano de saúde, não me conformo, fico em estado de choque e saio do quarto correndo. Carla vem atrás de mim e tenta me acalmar, digo que estou calmo e peço que ela faça companhia a Rosa, ela me pergunta o que vou fazer, peço que ela confie em mim e que não deixe Rosa sozinha, digo que vou procurar o médico que está acompanhando Rosa e me certificar do diagnóstico. Carla concorda e volta para o quarto.

Vou para o Hospital particular que Rosa me indicou, procuro pelo oncologista que está a acompanhado, converso ele que me mostra todos os exames que ela já, e recebo a fatídica confirmação que no estágio em que ela se encontra o melhor é fazer todo possível para que ela se sinta o mais confortável possível. Ouço tudo com atenção. Peço cópia de todo os exames. Vou para casa e faço algumas ligações. 

Entro em contato com um amigo que mora nos EUA e peço a indicação do mais renomado oncologista de lá, ele faz a ponte, passo todas as informações que o médico pediu, envio todos os exames, ele me informa que vai analisar e me dar um retorno o mais rápido possível. Carla chega em casa, ela está visivelmente cansada e percebo que está com dor, pergunto sobre a perna e ela diz que vai deitar um pouco para descansar mas que está nesse momento com muita dor. Peço a ela não me esconda nada, que me fale qualquer coisa que ela sentir. Ela pede que eu deite um pouco com ela, Carla segura meu rosto com as mãos e fala que jamais esconderá nada de mim. 

O dia amanhece, percebo que Carla está mancando mais que o normal, ligo para Dr. Paulo, explico o que está acontecendo e peço uma consulta. Ele me pede que eu a leve ainda hoje para que ele possa examinar. Carla agradece pela minha preocupação mas fala que não deve ser nada demais e que só precisa descansar e evitar de andar muito. Meu telefone toca, é o médico dos EUA, ele confirma o diagnóstico, diz que não há necessidade de levar Rosa para lá e que infelizmente ela tem pouco tempo de vida. Entro em desespero.

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