Capítulo 48 - Os pais

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Carla - Arthur me conta toda conversa que teve com a mãe dele, vejo seus olhos sempre mareados de lágrimas e por vários momentos ele se segurando para não chorar. Ele então me conta tudo que aconteceu entre ele e os pais.

- Carla, antes do acidente e de eu ser preso pela morte do filho de Rosa, eu tinha acabado de entrar para faculdade de administração, já ali eu estava estremecido com meus pais, principalmente com meu pai. Ele era engenheiro e trabalhava numa grande empresa de engenharia, o diretor da empresa tinha uma filha da minha idade, nós nos conhecemos num cursinho pré-vestibular para engenharia. Nos dávamos muito bem, ficamos amigos.

Meu pai quando descobriu que ela era filha do patrão dele começou a forçar uma situação pra que eu ficasse com ela pois assim eu teria chance de já conseguir um cargo na empresa ou até mesmo ele conseguiria uma promoção. Isso já causou uma enorme discussão entre nós dois. Minha mãe apesar de não concordar com meu pai, ficou do lado dele. A garota passou no vestibular para engenharia e eu não. Com isso eu me afastaria mais ainda, meu pai então começou a forçar demais a barra até que o pai dela me conheceu e começou a dizer que fazia gosto se eu namorasse a filha dele. Um dia ela me chamou pra sair, eu fui. Sentamos numa praça e ela me contou que não gostava de meninos e sim de meninas e que se o pai dela descobrisse ou a deserdaria ou até mesmo colocaria para fora de casa. Foi então que ela me pediu para eu fingir que namorava com ela  até que ela conseguisse um emprego e saísse de casa. Eu fiquei com pena e aceitei ajudar. 

Desse dia em diante fingíamos para todos que éramos namorados, andávamos de mãos dadas na rua, dávamos selinho um no outro... ficamos assim por 3 meses, o pai dela me adorava, meu pai acabou conseguindo a promoção que ele queria e todos acreditavam que inclusive iriamos nos casar depois de um tempo. Um dia ela bebeu muito numa festa e me ligou para ir busca-la, eu fui e a levei para casa. Chegando lá eu e Mel, namorada dela, a levamos para o quarto. Fiquei conversando com  o pai dela, ele me repreendendo por ter deixado a filha dele beber tanto etc. Me despedi e fui embora. Ele foi para o quarto ver como a filha estava e chegando lá a viu se beijando com Mel.

Foi um horror, eles tiveram uma discussão feia e ela acabou confessando que na verdade ela namorava a Mel e que eu e ela namorávamos de fachada. Ela foi colocada para fora de casa. Chegou lá na minha casa e me contou tudo que aconteceu. Meu pai ficou furioso ao saber de tudo. No dia seguinte, meu pai foi demitido. Eu levei a culpa pela demissão do meu pai, nós brigamos feio, ele chegou ao ponto de me agredir em seguida me colocou para fora de casa. Minha mãe não ficou do meu lado nem tentou evitar que eu fosse colocado para fora. Eu, Gabriela e Mel passamos a dividir um apartamento, eu consegui um emprego, Mel também e dividíamos as despesas do ap que era muito pequeno, era uma kitnet na verdade. Eu não me sentia a  vontade, eu tirava a privacidade delas, então alguns dias depois eu resolvi ir embora e procurei minha mãe. 

Meu pai de onde ele estava gritou que eu desse meia volta e que se minha mãe me desse um centavo que fosse ele se separava dela.  Fui embora, e passei a me virar sozinho. Teve dia que eu não tinha o que comer. Só bebia água. O acidente aconteceu, fui condenado, fique quase dez anos preso e meu pai nunca foi me visitar nem sequer me ligou. Minha mãe chegou a ir duas vezes no presídio, sendo que na última vez, ela deixou claro para mim que seria a última vez. E não foi mais. Eu saí da prisão procurei meus pais, eu precisava de um apoio, de um suporte e meu pai virou as costas pra mim. Pedi que minha mãe conversasse com ele, ela me disse que não iria o contrariar mas que iria sem ele saber me ajudar me dando algum dinheiro até que eu conseguisse um emprego. 

Arthur - Olho para Carla e a vejo em lágrimas, resolvo então parar de contar, ela me pede que eu termine. Conto a ela então que minha mãe de fato me ajudou por alguns dias, depois disse que não podia mais pois não poderia contrariar o marido. Quem me estendeu a mão foi Rosa. Alguns anos depois ela descobriu que eles estavam numa pior, sobrevivendo dos salgadinhos que minha mãe fazia, depois que ele foi demitido ele abriu um pequeno negócio que anos depois quebrou. Liguei para minha mãe, ofereci ajuda já que nessa época eu já tinha minha empresa e ganhava bem. Ela nem quis me ouvir para não contrariar o Seu José. E aí ela me pediu que não o procurasse mais e que eu fosse viver a minha vida. E foi isso que eu fiz. Procurei trabalhar ainda mais. Meu pai sempre foi muito machista e autoritário e minha mãe submissa a ele aceitava tudo calada.

Na cabeça dele, eu fui responsável pela sua demissão. Ele nunca me perdoou por isso. Mas eu não me conformei, resolvi procura-los. Chegando lá falei que tinha montado uma empresa e que estava crescendo a cada dia, ofereci um emprego de engenheiro a meu pai, e uma mesada para ajudar minha mãe. Meu pai olhou pra mim e disse que eu estava equivocado em tudo que eu falado falando pois ele não tinha filho e pediu que eu fosse embora. Mais uma vez minha mãe não dez nada. Fui embora com a promessa de que nunca mais eu iria me humilhar. 

Gente não me cancelem tá, nessa FIC os pais de Arthur não são bons pais e ele é filho único.

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