Capítulo 50 - O encontro

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Arthur - Carla estava deitada em meu peito, conversamos um pouco, fiquei fazendo carinho em sua cabeça e ela logo dormiu devido ao cansaço. Fico deitado um pouco ao lado dela mas o sono não chega, levanto, vou para a sala, tomo uma dose de wisky, fico sentado na varanda olhando os carros passando na rua, a lua está linda. Tem uma estrela no céu que está brilhando mais que todas as outras, ela está apontando para minha varanda, será Rosa, penso eu? Fico parado por minutos olhando para a estrela. Entro e resolvo tentar dormir. 

O dia Amanheceu, acordei muito cedo, acredito que eu tenha dormido só umas duas horas, estou muito ansioso para essa conversa com minha mãe. Estou preocupado também. Vou para a cozinha e preparo o café da manhã, eu dei folga hoje para a empregada para termos mais privacidade. Carla acorda e me chama, vou ao quarto, ajudo ela a levantar e fazer sua higiene matinal, depois a levo para a cozinha e tomamos nosso café. Olho para ela e meu coração dispara quando percebo que já tem uma barriguinha. Ouço o interfone tocar, atendo, o porteiro avisa que minha mãe chegou. Eu fico tenso. 

- Lindo, quero conhecer sua mãe, depois vou ficar no quarto pra que vocês tenham mais privacidade para conversarem com tranquilidade. 

- Amor, você não precisa ficar no quarto.

- Eu prefiro assim, esse momento é de vocês.

- Tá bom então.

- A campainha, vai abrir a porta...

- Oi Mãe, entra.

- Oi Arthur, como vai você?

- Agora estou bem... (eles ficam abraçados por alguns segundos)

- Mãe deixa eu te apresentar a Carla, minha mulher.

- Oi D. Bia, é um prazer te conhecer viu...

- Oi, nossa como você é linda. Parece uma artista.

- Imagina, nem em sonho eu seria um artista. A senhora também é muito bonita, tá explicado de onde vem a beleza do Arthur.

- Ele parece muito mais com o pai. Na verdade ele tem um pouquinho de cada na fisionomia. Então você está grávida?

- Sim, quase dois meses. 

- Que Deus abençoe essa criança, que vocês tenham sabedoria para cria-lo. A sabedoria que eu não tive.

- Bom, D. Bia nós vamos ter oportunidade de conversar em um outro momento e nos conhecermos melhor, eu vou deixar vocês a vontade para conversarem mas eu já gostei muito de te conhecer viu. Lindo você me leva pra o quarto?

- Claro amor, só um instante que já volto tá D. Bia...

- Pronto mãe, podemos conversar agora.

- É linda sua namorada, parece ser uma pessoa boa...

- Ela é linda sim, é maravilhosa. 

- Ela não está podendo andar?

- Ela pode, mas prefiro que ela não faça esse esforço agora, está muito recente. 

-Ela fez cirurgia mesmo estando grávida, não foi arriscado não?

- Toda cirurgia tem seu risco mas ela estava muito bem monitorada. Graças a Deus deu tudo certo. Então D. Bia o que você quer conversar comigo?

- Eu não gosto quando você me chama de D. Bia, soa sarcástico demais. Eu sou sua mãe. Mesmo com toda essa distância eu sou sua mãe. 

- Mãe, o que você quer conversar comigo?

- Sobre o seu pai.

- E eu tenho um? Porque na última vez que eu o vi ele me disse que não tinha filho...

- Arthur, não dificulta as coisas por favor.

- Não quero dificultar nada não, mas é que foi muito duro ouvir isso, você não imagina o quanto doeu e ainda dói. 

- Arthur eu vou ser bem direta. Seu pai está com câncer, felizmente é inicial, contudo não temos dinheiro para o tratamento e se formos aguardar atendimento pelo Sus as coisas podem agravar, então eu estou aqui te pedindo para você custear o tratamento do seu pai.

- Ele sabe que você está aqui me pedindo isso?

- Ele nem imagina.

- Câncer de quê mãe?

- Próstata.

- Você não acha que deveria conversar primeiro com ele?

- Filho, eu primeiro precisava saber se você estaria disposto a ajudar seu pai pra só depois falar com ele. 

- E você acha que eu negaria ajuda mãe?

- Eu acredito que não, mas eu sei que há muitas mágoas entre vocês. 

- A mágoa não é só entre meu pai e eu, é entre nós dois também mãe. Você nunca foi capaz de enfrentar meu pai para me defender. 

- Nós vamos discutir sobre isso agora? Você acha que todas as vezes que eu deito minha cabeça no travesseiro eu durmo tranquila? Nem uma mãe dorme tranquila quando o filho está longe. Eu nunca mais soube o que é uma noite tranquila de sono.

- Eu não sei mãe, eu realmente não sei, mas eu vou ser pai em breve, quem sabe depois que meu filho nascer eu compreenda muita coisa. Nesse momento a única coisa que sei é que jamais abandonarei meu filho, independente do que aconteça. 

- Arthur, eu deixei seu pai sozinho, preciso voltar, mas antes preciso saber se vamos poder contar com você?

- Eu jamais negaria esse tipo de ajuda mãe, aliás, anos atrás eu ofereci ajuda lembra? Mas ele não quis, desdenhou. Sabe o que mais me impressiona nisso tudo? A sua frieza, aquele dia que nos falamos, te contei que vou ver ser pai, que minha mulher estava naquele momento sendo operada, que estava tenso andando de um lado para o outro e você não teve a capacidade de me dar uma palavra de conforto sequer, eu estava querendo um carinho, um abraço de mãe, eu te liguei porque senti saudade, mas você me tratou com tanta frieza...

- Arthur, no momento certo nós dois vamos sentar e conversar mas neste momento esse encontro aqui pra mim tem só um objetivo, saber se você vai poder ajudar seu pai ou não. 

----Arthur preenche um cheque----

- Aqui, acredito que esse valor dá para iniciar o tratamento, caso precise de mais é só falar. 

- Obrigada filho, você é muito generoso. Só queria te falar uma coisa antes de eu ir...eu posso ter parecido fria pra você, eu posso parecer que ainda estou fria com você mas por dentro eu estou destruída. Tchau filho... obrigada mais uma vez.


Eita, será que o pai de Arthur vai aceitar hein? Comentem.



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