Capítulo 14 - Elevador privativo

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Carla - Arthur vai embora e fico com a consciência pesada, eu detesto mentiras mas eu não poderia dizer a ele que Augusto fala dele pelas costas, muito menos que tocou em mim de forma maliciosa. Ou será que deveria? Meu Deus, logo esse cara foi ser meu chefe? Porque o  Arthur tem em seu quadro de funcionários um cara tão inconveniente? Vejo Rosa se aproximando de  mim.

- O que essa mocinha tá pensando hein, está tão longe...

- Oi Rosa, eu estava mesmo longe.

- Como foi seu início hoje?

- Foi bom, conheci o pessoal, conheci o projeto atual e já iniciei um esboço.

- Eu não entendo muito mas devo imaginar o quanto você está feliz, vejo um brilho nos seus olhos mas ao mesmo tempo vejo essa testa franzida que me mostra que algo está te preocupando ou te incomodando. Quer conversar sobre isso?

- Não é nada Rosa, é impressão sua.

- Não é impressão minha não. Eu vi Carla.

- Viu o que?

- Augusto pegando em sua perna por baixo da mesa...

- Meu Deus você viu? O Arthur viu também? 

- Não viu, mas eu vi e percebi o quanto logo após você ficou séria e preocupada. Ele te falou algo inconveniente? 

- Ai  Rosa, eu não sei se devo falar, tenho medo da reação do Arthur, eu acabei de chegar e já trazer notícias desagradáveis...

- O que aconteceu Carla, me conta, quem sabe posso ajudar.

- Bom, o Augusto é uma pessoa extremamente desagradável, ele tem o péssimo hábito de falar mal das pessoas, inclusive do Arthur. Você acredita que ele chamou o Arthur de arrogante e pedante?

- Acredito, muitos acham que ele é mesmo arrogante, depois de tantos desgostos, Arthur criou uma capa, e acabou adotando uma postura muito dura, o que fez com que as pessoas o taxasse de arrogante. Ouço sempre isso nos corredores. Ele tem consciência disso.

- Mas Rosa, eu vejo essa arrogância nele. 

- Eu também não, e ele na verdade não é, mas se faz as vezes devido ao cargo dele. 

- Rosa, eu não gostei da forma que ele falou sobre você e o Arthur, ele falou como se o Arthur estivesse pagando de bom moço por estar almoçando com você, o jeito que ele falou foi preconceituoso. Não gostei. Principalmente não gostei dele ter me tocado. Não foi inocente, foi com malícia. Isso me preocupou muito. Não sei o que fazer. 

- Carla, se você sentiu que foi com maldade, a coisa muda de figura, você deveria falar com Arthur sim.

- Rosa, eu fico preocupada, como eu iria justificar esse acesso tão fácil ao Arthur?

- Como já te falei antes, vocês não devem satisfação para ninguém. 

- Eu vou pensar melhor, eu disse ao Augusto que não gostei, acredito que ele não vai tentar mais nada, então vou observar o comportamento dele, caso volte a acontecer eu falo com Arthur. 

Carla - Me despeço de Rosa e vou em direção ao elevador, chego ao último andar, vejo Augusto concentrado em sua sala, vou para a minha e volto para o projeto. Qual não foi minha surpresa quando ouço a voz do Arthur. Fico gelada mas me mantenho fazendo meu trabalho, ouço ele perguntar por mim e vejo alguém apontando minha sala. 

- Não aguentei e vim te ver, faz de conta que você está me mostrando o projeto...

- Arthur, o que você está fazendo aqui? Você não é de vir aqui e só hoje você já subiu duas vezes. Assim você chama atenção das pessoas. 

- É incontrolável, eu precisava de ver. Que vontade de te beijar. Vamos nos ver mais tarde? Vai pra minha casa hoje, já conheci seu ap, agora é a vez de você conhecer o meu.

- Ok garoto, tudo bem, agora volta pra sua sala... vai embora vai...

- Eu adoro quando você me chama de garoto, é exatamente assim que me sinto quando estou ao seu lado.  Vamos fazer o seguinte, pede a Rosa para te mostrar o elevador privativo, ele dá direto na minha vaga no estacionamento, vamos juntos no meu carro. 

Carla - Arthur sai da minha sala e percebo que Augusto o acompanha com os olhos. Em seguida ele vem em minha direção comenta com sarcasmo, - O chefe está muito interessado em seu trabalho, é a segunda vez que vem aqui. O ignoro, faço de conta que não o ouço, ele se toca e sai. As horas passam, chega o final do meu expediente, Rosa entra em minha sala e diz que vai me levar ao elevador privativo. Ela me acompanha até o andar do escritório do Arthur e ao chegar à porta do elevador pede que eu sempre olhe antes de entrar, me entrega uma chave que abre a porta. Ela me orienta que eu entre, e aguarde. Um minuto depois a porta abre e Arthur entra. Após a porta se fechar, ele trava o elevador e a única coisa que me lembro é de nossas bocas coladas uma na outra. 

Nós transamos intensamente dentro do elevador. 

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