Cap. 3

228 21 5
                                    

Anna

Anna estava de bom humor e feliz pelo marido conseguir uma promoção, há tempos John almejava subir no cargo e agora o Sr. Shültz reconhecera seu esforço. Ainda que John fosse um bom marido, tinha que disfarçar toda vez que era tocada por ele, fingindo orgasmos todas às vezes que transavam. Nunca teve coragem de sair do armário, nem mesmo na faculdade quando descobriram teve coragem. Ainda que Ruby a defendesse e estivesse ao seu lado, disse que foi só um momento e que não queria mais, tinha vergonha de ser lésbica e sempre desejou ter nascido heterossexual. Invejava Ruby nesse ponto, porque tinha coragem e não ligava se torciam o nariz por ela gostar de mulheres, sempre que alguém era homofóbico defendia seu ponto de vista. Anna tinha medo de sofrer algum tipo de violência, Ruby lhe dissera que ainda no ensino médio quando saiu do armário aos 14 anos apanhou feio de colegas indo parar no hospital e foi expulsa dias depois quando colocou laxante em seus lanches. Anna achou graça na época, mas não imaginou o quanto foi difícil pra ex o momento.
Anna analisava uma amostra no microscópio, ouviu o sininho da porta que indicava que alguém tinha acabado de entrar.

- Já atendo só um minuto.

Ruby entra e por um breve momento admira Anna, ela estava com as pernas cruzadas e sua saia tinha uma pequena fenda lateral que se abria por conta de estar sentada, adorava as pernas dela, aliás adorava tudo ali. Perderam o contato por seis anos e sempre imaginou como ela estaria e como previu a ex-namorada continuava tão linda quanto da primeira vez que a viu no bebedouro da faculdade. O fato de Anna ser bem vaidosa ajudava, mas a médica era uma mulher bonita por natureza, teve alguns admiradores no tempo que estudava assim como Ruby.

- Já analisou o corpo?

Anna para de olhar pelo microscópio ao reconhecer a voz firme e autoritária de Ruby, aquele inconfundível sotaque...sempre gostou da voz dela...

- Bom dia pra você também detetive.

Ruby não responde, guardava mágoas dela e piorou quando soube que se casara.

- Eu não tenho tempo Anna.
- Não tem tempo para ser educada? Nossa, ok então.

Ruby revira os olhos, a ex sabia como irritá-la.

- Bom detetive, esse rapaz aqui morreu por overdose de barbitúricos misturados com álcool.

Anna removia o lençol do cadáver, mas Ruby fez um movimento para que ela parasse, seu estômago já estava embrulhando. Anna riu, a detetive era durona, mas se tremia ao ver pessoas mortas.

- Mas, eu achei em seu braço direito perfurações minúsculas de agulhas, e ao analisar as vísceras notei traços de cocaína. A vítima não era adepta desse entorpecente, pois seus órgãos não estavam muito danificados, meu palpite é que ele possa ter sido induzido por alguém e acabou levando a pior.
- Entendo, quer dizer que não era usuário de cocaína, mas resolveu experimentar e se ferrou. Anotado.

Anna deu um sorrisinho, Ruby era bem objetiva e não tinha papas na língua.

- Basicamente é isso sim.
- Ok.

Ruby fez mais algumas anotações no bloco de notas e se retirou.
Anna lamentou por ela ter saído, mas sabia que o clima fúnebre a aborrecia e ela não se demorava mais que o necessário.

Ruby

Quando saiu do IML, Ruby passa na copa para tomar um café e colocar os pensamentos em ordem.
Thomas estava por lá, ambos trocavam farpas esporadicamente.

- Está com cara que vai vomitar novamente, que raio de policial você é Shültz?
- Do tipo que está louca pra quebrar seus dentes, seu otário.
- Hahaha, você ter medo de cadáveres é muito cômico, devia ter escolhido outra profissão.
- Cala a boca Thom.

Ruby se aborrece ainda mais com o comentário do colega, quando voltou a morar em LA queria entrar na empresa de segurança do pai, mas este lhe deu uma desculpa dizendo que ela não estava pronta, mas Edward toda vez que olhava a filha lembrava de sua mãe e da promessa que fizera a ela, antes dela partir.
A mãe de Ruby morrera há dois anos em uma batalha contra o câncer, a morte dela foi devastadora para a saúde mental da detetive, que voltou a beber e tentar contra a vida. Rachel antes de morrer pediu para que Edward cuidasse da filha e não permitisse que ela se metesse em encrencas e perigo. Sendo assim, ter a filha trabalhando ali iria contra sua promessa, mas ela acabou por trabalhar no departamento o que o deixou angustiado.

- Ah eu esqueci que a mocinha não é uma Crow hahahaha.

Thomas dá uma gargalhada e sem esperar Ruby lhe dá um empurrão e o faz cair da cadeira.

- Sua vadia, vou te ensinar seu lugar.
- Vai? Então vem, me mostra do que você é capaz seu cuzão.

Thomas fica possesso e parte pra cima de Ruby e a encosta contra um dos armários.

- Se você não fosse uma mulher eu te dava uns bons cascudos pra calar essa sua boca.
- Uiiii, ele virou macho agora.

Thomas dá um soco em um dos armários ao lado do rosto de Ruby.

- Cala a boca sua sua...

Ruby não se abala nem um pouco com o rompante de Thom, nunca teve medo dos homens e não teria agora, com voz altiva falou:

- Sua o quê? Tem nada sua aqui, me erra.
- Hahahaha, você acha mesmo que eu teria algum interesse por você? Me poupe, você não faz meu tipo e eu acho você horrorosa.
- Quem desdenha quer comprar.

Ruby pisca e empurra Thomas para se livrar dele, adoça seu café sem ligar por estar sendo observada.

- Eu nem sei o que você faz aqui, seu pai tem dinheiro, pode viver muito bem sem trabalhar.
- O dinheiro é do meu pai, não é meu, e ele não é nenhum Donald Trump.
- Quando ele morrer você vai herdar a empresa, logo o dinheiro é seu.
- Aí tá bom Thom, para de me encher, você é insuportável.

Ruby não ouve a resposta de Thomas, não suportava dar explicações sobre sua vida, ainda mais para alguém que achava insignificante.

* Nota da Autora: A foto usada nesse capítulo foi feita utilizando inteligência artificial.

Only Love ❤️Onde histórias criam vida. Descubra agora