Cap. 9

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Ruby

Ruby estava encostada em uma das mesas do departamento que ficava na área comum e olhava para a tv, estava passando o noticiário e parecia entretida. Vestida com uma calça jeans, camisa preta e blazer azul anil e com uma maquiagem leve, estava um espetáculo para os olhos masculinos, mas como sempre era indiferente e alheia a eles.
Sem perceber Heather e Anna estavam mais afastadas perto da máquina de café e Victor conversava com seu melhor amigo Thomas sobre Ruby.

- Meu irmão olha como ela está linda, que mulher é essa cara? Meu número.

Thom balança a cabeça e sorri de canto.

- Victor você caiu do berço quando era pequeno não é possível. Onde aquilo é bonito, se veste bem não vou negar, mas bonita? Só nascendo novamente.

Victor não liga para o amigo, Thomas com certeza tinha raiva de Ruby porque essa não viu nada demais nele, todas as mulheres solteiras do departamento se derretiam por ele exceto ela.

- Eu vou lá parceiro.
- De novo pagar mico, gosta de ser palhaço.

Victor ignora o colega e vai em direção de Ruby que continua assistindo tv e para ao seu lado.

- Rub...
- Vaza, estou ocupada.

Ruby não se dá ao trabalho de olhar para o lado, estava farta de Victor, mas o colega não ligou para o seu desprezo.

- Estou vendo...mas sabe eu queria falar com você.

Ruby olha na direção dele e arqueia uma sobrancelha, aponta para o relógio em seu pulso e lhe diz:

- Você tem um minuto.
- Sabe que é? Eu estava pensando, de sairmos na sexta, talvez comer uma pizza quem sabe...

A detetive contém a vontade de revirar os olhos e sorrindo entra no jogo.

- Hum, e depois?
- Ah...depois a gente vê.

Victor pensou que conseguira algo da mulher que estava lhe tirando o sono, estava apaixonado e já não ligava para os foras. Ruby olha em volta e nota alguns colegas olhando para os dois, estava na hora de acabar com aquilo e ficar em paz.
Com um charme de parar o trânsito, Ruby faz um sinal com o dedo para que ele aproximasse o ouvido de seus lábios e fala em um tom baixo e altamente sexy:

- Da fruta que você gosta Victor, eu chupo até o caroço.

Victor fica em choque e olha pra ela incrédulo, Ruby o olha com um meio sorriso e cruza os braços.

- Isso não é possível.
- Ah é sim, e eu duvido que você chupe uma buceta tão bem quanto eu.

Ruby pisca e se retira, deixando Victor atordoado, vai direto pra sua sala e fecha a porta e nem se dá ao trabalho de olhar a reação curiosa dos colegas, não ia demorar muito o departamento inteiro iria saber, mas não ligava, ninguém tinha nada a ver com a sua vida.

****

Victor fica sem reação com a revelação de Ruby, Anna sabia o que ela contara em seu ouvido, mas os outros que estavam em volta estavam curiosos, principalmente Thomas ao ver que o amigo perdera até a cor.

- Que foi Victor? Você está pálido.

Ainda atordoado Victor responde:

- Amigo ela é lésbica.
- Quem?
- Porra não fode, a Ruby.

Thomas fica perplexo, mas em seguida caí na gargalhada, agora tudo fazia sentido, era por isso que ela não aceitava os flertes do amigo e nem de ninguém.

- Sabe o que ela falou no meu ouvido Thom? Achei que ela iria falar algo do tipo: "sim vamos dar uma volta". Não a mulher me fala que gosta da mesma fruta. Se fuder, que desperdício cara, um puta mulherão daquele.

Thom continua a rir do maior fora que o amigo já levou na vida.

- Hahahaha caralho amigo desculpa, mas é muito engraçado, eu sempre achei a Shültz meio diferente sabe como é? Acho até que ela é mais macho que a gente, puta merda hahahaha.

Thomas não se aguenta de tanto dar risada do infortúnio do amigo, e Victor fica com raiva dos outros colegas estarem olhando e fala alto.

- QUE É PORRA, LEVEI OUTRO FORA MESMO, JÁ PODEM VOLTAR PARA SUAS VIDAS, ELA NÃO GOSTA DA FRUTA.

Os policiais que estavam por ali ficam surpresos, mas não como Victor ficou e voltam para seus trabalhos já fazendo fofocas.
Heather dá risada do azar de Victor mas não fica muito surpresa com a revelação, Ruby era uma mulher muito bonita e tinha pretendentes mas nunca deu bola pra nenhum e sempre achou estranho e agora sabia o porque.

- Dá pra acreditar nisso doutora? Hahaha.
- Quem diria não é?

Anna disfarça, sabia que Ruby não ligaria para as piadinhas e calaria a boca de quem se atrevesse a ser homofóbico com ela. Se revelou era porque não aguentava mais o assédio em cima dela.

****

Em sua sala Ruby massageia as têmporas para aliviar a dor de cabeça que se instalara ali. Desde os 15 anos quando se assumira, seu sossego oscilava, era abertamente lésbica, mas ou chamava ainda mais atenção dos homens com fetiches ou chamava atenção demais das mulheres que não largavam do seu pé depois. Se fosse heterossexual era capaz de não ter sossego também. Em resumo, era uma cruz que tinha que carregar, nascera daquele jeito e se aceitava há muito tempo, antes mesmo de saber o significado da palavra lésbica.
Achava que seu jeito de agir de alguma forma denunciaria sua orientação, mas pelo jeito teria que tatuar na testa. Não era tão feminina assim, ao menos não achava que fosse, mas talvez estivesse enganada.
Castilho a chama pelo walkie-talkie para irem atrás de um suspeito e Ruby se encaminha para a garagem da polícia, no caminho nota os olhares curiosos dos colegas que a essa altura já sabiam, que inferno pensou:

- Se alguém aqui é homofóbico por favor não me dirija a palavra, e se eu ouvir piadas eu quebro os dentes. O mundo é livre pessoal cada um cuida da sua vida ok?

Ruby fala e alguns colegas franzem a testa mas não a respondem.
No carro, a detetive bate a porta com força, Castilho já sabia das últimas fofocas mas não sabia como tratar do assunto ou como se dirigir a ela.

- Não começa hein Castilho, estou uma pilha de nervos.
- Eu percebi...

Castilho dá a partida no carro e se dirige até o endereço do suspeito, Ruby era uma mulher extremamente geniosa e quando estava nervosa o mundo se tornava pequeno para sua fúria.

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