Cap. 37

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Ruby

Ruby deixa Anna ir, espera um pouco para poder sair e não levantar suspeitas em Thomas. Arruma o cabelo e a camisa prendendo-a novamente por dentro do cós da calça, deixando o cinto a mostra e o tecido da camisa solto atrás.
Quando saiu, Anna já não estava mais por ali nem Thomas. Achou ótimo e subiu, quando volta pro seu andar, dá de cara com seu parceiro que acabara de voltar das férias.

- Castilhoooooo.
- Oi meu bem, seu parceiro mais legal voltou.

Ruby abraça o amigo, esqueceu totalmente que ele voltaria naquele dia.

- Porra ainda bem, Victor me deixou louca.
- Mas você não era lésbica?
- Vai a merda seu puto hahaha, eu não daria pro Victor nem se ele me desse o mundo.
- Acredito hahaha.

Castilho sorri para Ruby, sentiu imensa saudades não só dela como de seu humor ácido.

- E o namoro?
- Vai bem. Suzanah tem umas crises de ciúmes mas dá pra contornar.
- Entendo, pobre mulher.
- Ah, estou acostumada com isso.
- Eu me refiro a ela, você eu sei que está bem hahaha.
- Seu besta hahaha.

Castilho sente um pouco de pena de Suzanah, Ruby não sentia nem um pingo de ciúmes dela, embora sua parceira fosse uma mulher segura, achava estranho ela não sentir nada. Era normal que casais tivessem um pouco de ciúmes, mas Ruby era bem tranquila em relação a isso.
Os parceiros saem a campo, Ruby estava feliz demais para estranheza de Castilho.

Anna

Anna passou o restante do dia pensando no beijo que deu em Ruby, ou melhor no curto amasso que deram.  Perdeu não só o juízo mas a vergonha, estava em seu trabalho e poderia ter sido pega, pior: podia levar advertência por comportamento inapropriado ou perder o emprego, e todos saberiam que ela era uma farsa .
O perfume de Ruby ficara em suas roupas, apesar de ser unissex ficava bem na pele dela, era cítrico e fresco. Anna adorava o cheiro dela, sentia falta, mas pôs a cabeça no lugar, a ex-namorada era doida de pedra mas ela não, era uma mulher casada e respeitava o marido, ao passo que Ruby não pareceu ligar por ter traído Suzanah, foi um beijo, mas mesmo assim foi traição. Sempre foi fiel a John e sentiu uma ponta de remorso, com raiva fala alto.

- Porra de mulher me faz perder toda minha capacidade de raciocínio.
- Quem Dra. Bentley?

Ashley sua assistente, a ouve e fica intrigada, já que a médica não era de falar palavrão.

- Ah! A detetive Shültz, ela é insuportável sabe...
- Bom, nunca conversei muito com ela, mas sempre foi educada comigo.
- Ah, sério?

Anna não estranha, Ruby só era grossa quando estava irritada ou lhe aporrinhavam. Todos no departamento exceto por Thomas, tinham um certo apreço por ela, apesar do seu gênio.

- Sim, por isso é curioso a senhora achá-la insuportável, claro ouvi dizer que ela tem o gênio terrível, mas acho que é o jeito dela.
- Eu falei insuportável, porque ela faz piadas com os corpos quando está por aqui.
- Ah! Agora entendi.

Anna se concentra no que tem a fazer ainda com Ashley tagarelando, o perfume de Ruby volta e meia era captado por seu olfato, quando respirava mais fundo, "bons tempos" pensou.

****

Anna chama um Uber, John estava fora com o carro, lamentou por ter se distraído com a hora do expediente e não ter pego carona com Heather. Mas no app não estava conseguindo um motorista, eles cancelavam, e o próximo estava a 10 minutos de distância. Ficou impaciente mas não tinha outro jeito, não quis usar o transporte público, pois, estava cansada demais.
Viu o carro importado de Ruby, uma BMW preta do ano anterior, parado no estacionamento. O carro da detetive, era o único importado ali e foi estacionado em uma vaga distante dos outros, por sempre chegar atrasada, ela pegava as piores vagas. No departamento sempre tinha comentários pelo fato dela trabalhar como detetive, podia se dar ao luxo de não fazer nada, mas eles não a conheciam como Anna.
Ruby odiava ser sustentada, apesar de ter uma vida razoavelmente confortável, ela não usava o dinheiro da mãe e tampouco do pai. Se sustentava com o salário da polícia, obviamente para coisas muito caras ela recorria ao dinheiro da falecida mãe. Mas no geral conseguia ter uma vida equilibrada.

- Quer carona?

Anna se assusta com a presença de Ruby.

- Não, eu pedi um Uber.
- Para! Eu te dou uma carona.
- Não, Ruby! Obrigada.
- Como quiser.

Ruby se encaminha para seu carro e vai mexendo no celular, o celular de Anna toca avisando que novamente o motorista cancelou, e se irrita. Estava louca pra ir para casa e grita pra Ruby.

- RUBY!

Ela se vira e franze a testa, com uma expressão de: "O que foi?". Anna anda apressada até ela, não conseguiu correr por conta do salto.

- Eu aceito a carona, se não for incômodo pra você.
- Incômodo nenhum, Anjo.

Ruby destrava o carro com a palma da mão no vidro, entra e abre a porta para a Anna. O interior do carro era todo em couro bege, a médica nota que o carro foi todo personalizado, no painel tinha o nome de Ruby e quando ela deu a partida, a IA do carro a cumprimenta.

"Boa noite Ruby, são 22:36, a temperatura está em 24° e não há previsão de chuva. Aguarde enquanto eu faço o escaneamento do seu passageiro"

Anna fica pasma, já tinha ouvido falar dessa tecnologia, o carro só andava depois de reconhecer o motorista caso fosse roubado, mas não sabia que a tecnologia estava tão avançada a ponto de escanear os passageiros também.

"Mulher, 73 kg, 1,72. Essa informação está correta?"

- Sim está.

"Gostaria de salvar esse passageiro para futuras viagens?"

- Sim, o nome dela é Anna.

"Bem-Vinda Anna, coloque o cinto de segurança e tenha uma boa viagem"

Anna continua besta, imaginou onde o mundo iria parar com tanta tecnologia e modernidade.

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