Cap. 30

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Ruby
Alguns dias depois...

Ruby desce do seu carro e se molha com o pouco de chuva que pega até chegar no departamento. Estava saindo com Suzanah há uns dias e dado uns amassos com ela sempre no carro, a veterinária ainda era tímida e não deixava a detetive avançar nas carícias. Mas Ruby era uma mulher paciente e não tinha pressa, ainda que morresse de vontade de fazer sexo com Suzanah respeitava a vontade dela. Nunca forçara ninguém a transar e não faria agora, ainda mais uma mulher que nunca ficou com mulher.
Thomas ao ver a colega antes do horário no departamento faz uma piada.

- Chegou cedo Shültz, ou meus olhos estão me pregando uma peça?
- Seus olhos podiam ficar pregados pra sempre Thomas.
- Sempre com uma resposta na ponta da língua.

Ruby aponta o dedo do meio pra ele que devolve e a chama de mal educada. Não ligava se Thomas caísse duro na sua frente, o chutaria pra poder passar. Victor voltara a falar com ela, mas por cima como antes, já que a detetive não lhe dava abertura, entretanto sempre a chamava de rainha ou por apelidos bregas.
Nunca gostara de apelidos, achava cafona, mas quando namorava Anna a tratava por anjo, porque era assim que ela a via e não ligava se Anna a chamava de amor e essas breguices, a namorada podia tudo e era a única que podia chamá-la de Ru, nem seus pais permitia, não gostava, mas nos lábios de Anna se derretia.
Castilho era outro que também a tratava por apelidos, ultimamente passara a chamá-la de Rubs. Gostava do seu nome, foi escolhido por seu avô, que sempre se referiu a ela como uma jóia preciosa e também achava brega, mas era seu avô que sempre  fizera suas vontades.

- Rubs você fez o relatório do caso que fechamos anteontem era pra hoje?
- Putz esqueci.

Ruby dá um tapa na testa, invés de trabalhar ficou assistindo ao jogo de futebol americano pela tv.

- Mulher o chefe vai ter comer viva ele tem prazo.

Castilho mal termina de falar e eles ouvem Bill gritando do alto da escada onde ficava sua sala.

- Shültz cadê o seu relatório? Só falta o seu aqui.

Bill balança a pasta que continha os relatórios dos outros detetives.

- Já vou entregar.
- Você tem até 17:00 ou já sabe.

Ruby sabia ao que ele se referia, se não entregasse teria que fazer trabalho burocrático por uma semana, já passara duas vezes por isso. Odiava preencher papéis.

- Xiiiii lindeza boa sorte.
- Ei te pago um donnuts com muito recheio se você adiantar pra mim, topa?
- Hum um donnuts? Tentador mas não.
- Ah qual é Cas, vai me dizer não?

Castilho olha pra parceira que já estava fazendo sua costumeira expressão de por favor. Gostava tanto dela que sempre a tirava de encrencas e por mais que não tivesse interesse amoroso não resistia ao charme dela.

- Aí tá bom, mas com muito recheio e cobertura.
- Uhuuuu pode deixar.
- É, mas a mocinha que vai pegar os resultados do laboratório, sempre eu que desço e você que é a detetive.
- Aiiii tá.

Desde a inauguração da subprefeitura Ruby evitava Anna como podia, não era difícil porque a médica não era muito de subir pra área comum. Mas Bill já lhe puxara a orelha diversas vezes por ver seu parceiro por ali, Castilho era encarregado de ajudar Ruby nas investigações em campo mas tratar com legistas e os técnicos do laboratório eram obrigações dela e fugia não só porque não queria ver Anna mas porque tinha um medo irracional de cadáveres.
Quando sua mãe faleceu, cremou o corpo dela, não quis o velório para não guardar em sua mente a imagem dela morta.

- Sabe eu acho estranho uma coisa e sempre quis te perguntar.
- Hum, diga lá.

Ruby resmunga sentada diante do seu notebook.

- Você é durona, porque você tem medo de cadáveres?

Ruby abre o editor de texto para adiantar o lado do parceiro, recostando em sua cadeira responde:

- Quando eu era criança vi o corpo do jardineiro da casa do meu avô estatelado no chão, ele teve um ataque cardíaco e estava com uma expressão horrível de dor. Tive pesadelos por várias noites e evitava dormir, meus pais acabaram tendo que me levar ao psicólogo pra abrandar o trauma. Mas nunca passou muito de fato.

Castilho faz uma expressão de pesar pela amiga.

- Sinto muito Rubs.
- Tudo bem, antes eu ficava puta por ter esse medo ridículo, mas isso faz com que eu seja humana hahahaha.
- De fato, não há problemas em termos medo, esse sentimento as vezes nos motiva a fazer algo.
- Exato. Um dos motivos porque me tornei uma policial.

Castilho dá um sorriso, sua amiga era uma excelente policial, só meio doida, mas muito boa.

****

Ruby desce até a área do laboratório enquanto seu parceiro adianta o relatório.
Meg uma das técnicas do laboratório a cumprimenta.

- Detetive como vai?
- Bem, meus resultados?
- A doutora Bentley os pegou, acho que pra comparar com um outro exame.
- Porra, Não fode!
- Ela está na sala dela.
- Que ótimo.

Ruby se irrita, passou dias sem ver Anna direito, agora a criatura estava com os resultados e tinha que ir até lá.

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