Anna
Anna chamara um Uber e esperava do lado de fora do departamento, alheia ao fato do que estava acontecendo lá dentro.
Andou em direção a um dos bancos, os saltos da sandália a machucavam e queria encontrar algum alívio. Ruby passa por ela como um cometa e esbarra nela batendo em seu braço.- Nossa Ruby! Vai tirar o pai da forca?
Ruby se vira e estreita os olhos para ex, era um olhar furioso. Anna conhecia aquele olhar e se cala, a última coisa que queria era ter uma discussão ali, quando a ex estava nervosa falava o que não devia.
- Disse alguma coisa Dra. Moore?
Anna a corrige.
- Bentley! Meu sobrenome é Bentley.
- Ah, é verdade, como se casou e com um idiota mudou seu sobrenome.Anna se aborrece com o comentário e defende John.
- Meu marido não é nenhum idiota Ruby.
- Foi idiota o bastante pra se casar com você, que bom que ele ajuda a te manter no armário.
- CALA A BOCA.Como previra a ex já estava falando o que não devia, a médica olha para os lados e fica aliviada por não ter ninguém por perto.
- Calo quando eu quiser, você não é ninguém pra mandar em mim e mesmo que fosse eu não permitiria.
Anna fica puta com as palavras dela, se Ruby queria dizer verdades também diria. Se aproxima da ex-namorada e lhe fala entredentes.
- Eu calava sua boca muito bem, e você não reclamava.
Ruby olha Anna com seu ar altivo, mas não diz nada.
- E não fale comigo nesse tom, não desconte em mim sua raiva do mundo.
- Vai a merda Anna, não enche meu saco, volte para aquele imbecil que você chama de marido e não me aborreça.O ciúmes fala mais alto e Ruby já não se importava em esconder, mas Anna irritada por ouvir palavras depreciativas contra John não percebe e volta a defender o marido.
- Dobre sua língua pra falar dele, ele é pra mim o que você nunca foi.
Anna se cala no mesmo instante, deixou a emoção falar por ela e Ruby olha para o lado antes de responder.
- Bom pra você Anna.
Anna sem querer magoa Ruby novamente, a deixou ir como no dia que mentira pra ela, e mais uma vez mentia. Pensou qual era seu problema, não queria isso, mas como naquele dia não fez nada para impedir que Ruby pensasse que o problema era ela.
Ruby
Ruby dá as costas e vai para o seu carro, no caminho algumas lágrimas caem e passa a mão com raiva para secá-las.
Tentou esquecer Anna de diversas formas, já tivera muitas mulheres antes e depois dela, mas nenhuma lhe tirava o sossego como ela. A médica deixava claro mais uma vez que ela era um problema, a amava mais que tudo, mas Anna falou que não a amava quando colocou um ponto final no relacionamento. Disse que Ruby foi um erro em sua vida e todos na faculdade tripudiavam, a ex não era como ela. Não gostava de conflitos, Anna sempre achou ruim o lado explosivo de Ruby, que resolvia tudo se possível distribuindo pancadas.
Com um suspiro, percebe que Anna talvez estivesse bem sem ter que se preocupar com seus rompantes de humor quando alguém falava alguma merda sobre qualquer coisa.
Ruby dá a partida no carro e seca as lágrimas novamente, não ia chorar, achava o choro uma forma de fraqueza e tinha horror em parecer fraca e indefesa.
Em outros tempos iria pra algum bar e encheria a cara, mas agora estava mais contida, acabou por ir no mercado tinha que comprar comida e material de limpeza, sua diarista estava enchendo o saco porque não tinha material pra fazer seu serviço.
Durante o caminho se lembrou de momentos felizes ao lado de Anna que não voltariam nunca mais.****
Ruby estava no corredor de produtos dedicado aos animais, pegou a ração de Mandy e uns biscoitinhos pra gatinha e mais dois ratinhos de brinquedo. A gata adorava brincar com eles e passava o dia entretida, quando não estava dormindo ou comendo. No corredor do lado pegou pacotes de salgadinhos e de cookies e no seguinte cerveja. Estava distraída, quando ouviu uma voz familiar.
- Olha estou curiosa pra saber como mantém a forma comendo essas coisas hahaha.
Era Suzanah a veterinária de Mandy. Ruby a princípio fica um pouco constrangida, mas depois deixa pra lá, gostava de se entupir de porcarias.
- Bom, só se vive uma vez.
- Verdade, mas você só come essas coisas porque é policial. Policiais não se alimentam bem.Nisso a veterinária tinha razão, Ruby pensou, mas a detetive não era como a maioria dos seus colegas, gostava de malhar e mantinha a forma, então se dava o luxo de comer essas coisas aos finais de semana, dia do lixo como ela chamava.
- E tipo, está tudo bem com você?
- Caminhando, Josh e eu resolvemos dar um tempo.Ruby responde momentaneamente distraída.
- Hum, que legal...ou melhor desculpa que pena, que pena que isso aconteceu porque imagino que se gostem.
A detetive se atrapalha toda e fica vermelha, saíra sem querer, dramas de relacionamentos não era com ela. Não sabia aconselhar ninguém, porque sua própria vida amorosa era uma bosta. Suzanah reprime um sorriso achava a policial engraçada e gostava do ar debochado e de sua sinceridade.
- Quando você namora muito tempo, acostuma com certas coisas sabe como é?
Ruby cruza os braços na frente do corpo, sinal claro de que estava interessada na conversa.
- Não, como assim?
- Ah! Tipo você sabe é mulher também, acostumamos com o cara deixar de ser carinhoso, acostumamos a tipo fazer aquilo só pra ter sossego às vezes, você acaba inventando desculpas pra não fazer, etc. A rotina acaba por fazer isso.Ruby assente e estreita o olhar.
- Hum entendo, mas discordo de algumas partes.
- Mesmo? Por exemplo?
- Rotina é bom em muitos momentos sabe, e se fosse assim tão ruim muitos casais não passariam tantos anos casados. Meus avós paternos foram casados por 65 anos antes da vovó morrer e eram muito companheiros. E eu acho que se algo não está bom na sua relação você tem que ser sincera e conversar com a pessoa, simples assim.Suzanah fica meio intrigada com Ruby, achava a detetive reservada. Não sabia se era da sua personalidade ou porque era uma policial.
- Bom eu conversei, mas sem resultados.
Ruby dá um conselho sincero.
- Mete um foda-se então e vira a página.
Suzanah dá risada, e a questiona.
- Acredito que pelo seu conselho, você faça o mesmo?
- Hahaha eu dando conselhos? Sou péssima nisso.
- Acabou de falar pra virar a página.
- Se não está dando certo é o que você tem que fazer, sei lá né...
- Hum, então, é o que você faz.Ruby não responde a pergunta disfarçada de afirmação e dá de ombros. O relacionamento mais longo que tivera foi com Anna, não que não tentara dar certo com outras garotas, mas elas tinham um ciúmes absurdo e faziam escândalos, também não acompanhavam seu pique na cama, que adorava sexo e não escondia. A única exceção era Anna, Ruby tolerava e muito o ciúmes dela e ambas na cama incendiavam o quarto.
Suzanah entendeu que Ruby não a responderia e ficou curiosa. A detetive com certeza podia ter o homem que quisesse, era linda e muito atraente. Devia despertar o ciúmes masculino até a beira da loucura, mas talvez aquele jeito marrento espantasse quem quisesse algo mais sério. Queria perguntar há quanto tempo estava solteira, mas a detetive não lhe dera essa liberdade e se calou.- Bom Ruby, mudando de assunto, você vai poder ir na quarta?
- Sim eu vou.
- Ah puxa que legal, será ás 18:00 ok?
- Sem problemas.Ruby faz um sinal com a mão e se despede, pega seu carrinho e vai para o caixa sem notar que Suzanah a olha com outros olhos.
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Only Love ❤️
FanfictionRuby e Anna guardam sentimentos profundos uma pela outra, mas divergências que tiveram no passado acabaram por separá-las. Mas o destino prega uma peça e ambas terão que se resolver e quem sabe reacender a chama do antigo amor. ⚠️ Essa história apr...