Cap. 15

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Anna

Anna toma o café da manhã e lê notícias no iPad, estava aborrecida com a perda do pingente, John se encheu de ciúmes, conhecia os ex-namorados da mulher e pensou qual deles poderia ter dado aquela porcaria pra ela.

- Anna estou saindo.
- Tenha um bom dia John.

A médica não tira os olhos do iPad e John fica triste, mas sai sem lhe dizer mais nada. Não gostava de perturbar o sossego dela, e em seu íntimo logo pensou que ela esqueceria o pingente.
A diarista de Anna chega e a cumprimenta. Mas a médica lhe pergunta rispidamente:

- Onde está meu pingente de asas de anjo, um que sempre fica no mesmo lugar da minha penteadeira?

A diarista fica sem entender a rispidez dela.

- Eu não sei senhora, quando arrumei estava lá. Deve ter deixado em algum lugar.
- Lucrezia eu não uso ele há anos mas sempre o deixo no mesmo lugar, o que você fez com ele? Me devolve.

Lucrezia se choca com a acusação dela.

- A senhora está me acusando de roubo?
- Estou sim, se não me devolver vamos resolver na delegacia.
- Mas eu não peguei nada.

Anna não acredita na diarista e diz por fim.

- Como quiser, está demitida, não precisa vir mais e pode sair do meu apto.
- Sra. Bentley eu não peguei seu pingente.
- Não quero saber, deixe as chaves em cima do balcão.

Anna não dá bola para as lágrimas da diarista e vai para seu quarto terminar de se arrumar. Não era uma pessoa ruim, era bondosa e de extrema gentileza, mas era um pouco tinhosa, mas raramente essa parte de sua personalidade aparecia. Anna resolvia tudo na base da conversa, mas quando cismava não tinha jeito.

- Oi mana tudo bem?

Anna não se surpreende com a chegada da irmã, ela tinha as chaves do seu apto e pelo menos uma vez na semana aparecia por lá.

- Mais ou menos.
- Brigou com o John?
- Não.

Anna arruma a sandália e se levanta pra abraçar a irmã, quando vê no pescoço dela o pingente em uma correntinha fica puta e arranca na mesma hora do pescoço de Vivian.

- Que isso Anna está louca?
- Porque não me disse que pegou? Eu fiquei procurando por ele a noite toda e demiti a diarista porque achei que foi ela quem pegou.

Vivian não liga para a aflição da irmã e lhe diz:

- Você nunca usa isso aí, achei que não quisesse mais.
- Porque eu não uso não quer dizer que eu não queira, pode usar qualquer coisa minha, eu não sou egoísta e você sabe disso. Mas isso aqui não Vivian, tem valor sentimental pra mim e você sabe.

Anna segura as lágrimas, o apreço pelo objeto era tanto que não ligava por parecer ridícula aos olhos de outras pessoas.

- Ruby com certeza jogou o dela fora e você com esse sentimentalismo.
- Não me importa o que ela fez com o dela, o meu está aqui e nunca mais você pense em colocar a mão entendeu?

Vivian se aborrece com as palavras da irmã e diz por fim.

- Engole essa porcaria eu não quero, e peça desculpas pra Lucrezia, diarista como ela que deixa sua casa organizada como você gosta nunca vai encontrar.

Vivian sai e deixa a irmã sozinha. Anna olha para o pingente e o tira da correntinha e o coloca no mesmo lugar de sempre, se emociona ao lembrar de alguns momentos. Ruby lhe dissera que o amor delas era pra sempre quando a presenteou, a ex a chamava de anjo, sentia falta desse  carinho. Era o único apelido que Ruby lhe dera...

Ruby

Ruby acorda nua e no chão frio da cozinha, a garrafa de Vodka estava vazia e morria de dor de cabeça. Cambaleante por conta da ressaca, levanta e vai até o banheiro e vomita. Seu corpo desacostumara a altas doses de bebida, tinha aprendido a beber sem ficar caindo de bêbada, mas bastava algo que a aborrecesse para se entregar ao vício novamente.
Engatinhou até o banheiro do quarto de hóspedes e abriu o chuveiro deixando a água cair, chorou novamente, estava com raiva e quando se sentia assim com ódio do mundo, aliviava a tensão treinando boxe. 
Depois que saiu do chuveiro, Ruby vestiu um moletom preto e tênis, sua aparência estava horrível mas não ligou.
Deu comida pra sua gata e pegou o celular, olhou as mensagens e tinha muitas do pai. Não se deu o trabalho de ler, Edward com certeza estava por dentro de sua suspensão e estava dando sermão, tinha uma de Sophya e outra de Castilho.

S: Faça o favor de não aparecer mais no barzinho, não quero olhar pra sua cara nunca mais. 😒

C: Espero que esteja bem, volte logo 😕

O barzinho que Sophya se referia, era um que ficava dentro de um restaurante onde trabalhava e se conheceram. Ruby não a respondeu, não corria atrás de ninguém. Na verdade correu atrás de Anna...mas isso era outra história.
Pegou as chaves do carro e se encaminhou pra academia onde gostava de treinar.

****

Na academia Ruby dava vários socos no saco de pancada. Estava ensopada de suor e seu personal trainer percebeu que estava aborrecida. Mas não falou nada, a mulher não tinha freio na língua e ele não tinha tanta amizade assim. Como a maioria dos homens achava Ruby um espetáculo, mas nunca tentou nada com ela, já sabia que a detetive era lésbica ao vê-la aos beijos com outra aluna uma vez no estacionamento da academia.

- Está ótimo por hoje Ruby.
- Você acha? Estou com muito gás.

Ruby fala dando socos no ar como os lutadores de boxe, de repente para e bebe água.

- Sim eu acho que por hoje chega. Você não quer distender um músculo e ficar de molho.
- Não, claro que não...

Ruby se despede e vai para o banheiro tomar uma ducha, lá encontra outras alunas mas nenhuma lhe chama a atenção.
No chuveiro molha o cabelo e deixa a água correr pelo corpo, estava um pouco dolorido devido ao exercício.
Quando acaba veste um short jeans e uma camiseta justa e tênis.
Seu celular toca, era seu pai e revira os olhos já sabendo que levaria sermão.

- O que é agora?
- A mocinha trate de vir até aqui na sede dos Crows, temos que conversar.
- Hoje não pai estou ocupada.

Edward se aborrece do outro lado da linha.

- Ruby não estou pedindo, estou mandando.
- Coroa deixa eu refrescar sua memória, eu tenho 33 anos não 3 ok?
- Uma criança de 3 anos tem mais juízo que você. Ou você vem aqui ou vou na sua casa, escolhe, pra mim tanto faz.
- Porra ok, eu já vou.

Irritada e estressada novamente, Ruby entra no carro a caminho da sede dos Crows.

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