Cap. 83

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Ruby

Ruby estava irritada, a fisioterapeuta entrara com um novo exercício e ela não queria saber. Edward em vão tentou convencê- la a fazer os exercícios, mas aos poucos o gênio da filha estava voltando.
A fisioterapeuta já lidara com pacientes difíceis, mas Ruby era tinhosa e grunhia toda vez que era tocada.
- Assim fica difícil, sua filha é geniosa demais Sr. Shültz. Como vou fazer meu trabalho se ela não coopera.
- Eu sei, me dê um minuto com ela.
Assim que a fisioterapeuta sai, Edward fala com a filha em inglês.
- Porque minha mocinha está dando esse trabalho todo? Pensei que quisesse ir embora.
Ruby franze o cenho e vira o rosto, se esforçava mais com a fonoaudióloga porque ouviu quando o neurologista disse a Anna que só a deixaria ir se ela falasse, logo precisava falar e não andar. Isso faria posteriormente, sem contar que sentia dores e não gostava da fisioterapeuta.
- Eu vou chamar ela novamente e você fará os exercícios, sabia que estou gastando uma nota nesse hospital a cada dia de internação? Aquele homem só pagou uns dias da sua internação.
- Hummmm...
Edward suspira, Ruby ainda estava com o rosto virado, mas aquele grunhido queria dizer: "eu não ligo".
Chama pela profissional novamente que recomeça os exercícios com Ruby reclamando o tempo todo. Seria uma longa hora com ela a fisioterapeuta pensou.

****

Após a fisioterapia, outro profissional entrou pra cuidar de Ruby. Era o psicólogo, Ruby também não gostava dele e tampouco entendia porque tinha acompanhamento desse profissional. Mas pelo menos os exercícios envolviam desenhos e nenhum esforço físico. Uma hora depois, ele se retira e Ruby suspira aliviada, olha no relógio e logo seu anjo estaria ali.
Gostava da companhia do pai, mas era óbvio que preferia a companhia de Anna.
- Castilho mandou um vídeo, quer ver?
Ruby balança a cabeça em afirmação para o pai.
Edward coloca o vídeo, e Castilho cumprimenta Ruby e diz que está com saudade e que precisa que ela volte logo, pois não aguentava comer rosquinhas sem ela, se despede mandando um beijo.
Ruby esboça um sorriso com muito esforço e se agita querendo ver novamente, mas o pai não entende e acha que ela quer a presença de Anna.
- Fique calma, Anna já deve estar chegando.
Quando Edward termina de falar, Anna chega e Ruby vira o rosto para a porta ao sentir o perfume dela. Sorri novamente e pisca várias vezes em sinal claro de alegria.
Edward fica um pouco enciumado, mas entendia a filha. Se despede dela e diz a Anna que depois falaria com ela a respeito de Ruby.
- Oi meu coração, tudo bem?
Anna beija os lábios de Ruby com um selinho longo, a detetive tenta em vão contrair os lábios em resposta, e se frustra novamente.
- Quer tomar banho agora ou depois?
- Hummmm.
- Sei, sabe que eu não entendo esses grunhidos, pisca os olhos pra sim ou não.
Ruby pisca uma vez para sim, estava de fralda geriátrica e morria de vergonha, quando Anna estava presente ela ficava com a sonda e podia fazer o número dois sossegada, na fralda só urinava, já conseguia controlar as vontades fisiológicas.
- Ah ok, só eu e você então.
Anna tranca a porta e despe Ruby, ela já estava ganhando peso novamente, já que sua alimentação passara de líquida a pastosa, seus ferimentos no pulso também estavam cicatrizando bem e a cor voltara a seu rosto.
Anna nota que a fralda geriátrica estava com muita urina, era provável que ela não deixara ninguém trocar.
- Ruby quer ir no banheiro fazer outra coisa, o dois talvez?
Ruby balança a cabeça em afirmação, e Anna pega a cadeira de rodas que tinha uma abertura para os pacientes fazerem suas necessidades. A ajuda a se sentar e a leva para o banheiro e a deixa por lá sossegada.
Enquanto Ruby está no banheiro, solicita que a auxiliar de enfermagem troque os lençóis de cama. Anna comprara pijamas para Ruby, por ser da ala particular, ela não era obrigada a usar aquelas roupas horríveis que os pacientes usavam.
Todos os dias trazia um limpo pra ela e levava o usado de volta ao hotel pra lavar.
Distraída com as papinhas de bebê que havia trazido, ouve Ruby chamando com seus grunhidos novamente.
- Terminou Ru?
- Hummmm.
- Suponho que seja um sim.
Anna entra de novo no banheiro e pega o recipiente que estava embaixo da cadeira e despeja o conteúdo no vaso sanitário. Em seguida enche a banheira e ajuda Ruby a se deitar nela.
Coloca o sabonete líquido favorito de Ruby na esponja e passa suavemente no corpo da detetive enquanto cantarola.
- Sabia que estou feliz com a sua evolução? Mas a fisioterapeuta me parou lá embaixo porque meu docinho não está colaborando. E quero saber o porque, duvido que esteja gostando de depender dos outros.
Ruby franze a testa, lá vinha sermão e não poderia simplesmente sair andando ou falar, porque não podia.
- Hummm, hum hum.
Anna sorri, não queria achar graça, mas achava. Coloca shampoo no cabelo de Ruby e deita a cabeça dela e massageia, a detetive fecha os olhos com a massagem no couro cabeludo.
- Se você não se comportar com a fisioterapeuta amanhã, não tem sobremesa viu.
- Ahhhh hummmmm.
Anna dá uma gargalhada, quando a dieta de Ruby passou a ser pastosa, ela se recusava a comer as "papinhas de bebê" que o hospital fornecia, eram sem sal e de uma aparência horrível. Não à toa ela perdia peso.
Então Anna teve a ideia de comprar as papinhas industrializadas que tinham um pouco de sal, teve a permissão da nutricionista pra isso. Mas mesmo assim Ruby se recusava a comer, porque odiou o gosto, só aceitava a papinha doce. Anna teve que intervir muito brava e Ruby acatou.
Anna continua com o banho e conversava com Ruby sobre o mundo lá fora que ouvia atentamente. A detetive estava feliz e olhava para Anna com olhos de pura gratidão.

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