Cap. 42

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Anna

O momento que Anna mais ansiava chegara, ansiava antes por sexo com a ex, Ruby era a única que sabia fazê-la gozar, a única que a entendia, a única que não a julgava. Mas por anos repassou a conversa em sua cabeça, magoara Ruby deixando-a pensar que ela era um erro, a machucara sem intenção, a afastou porque sua vergonha foi maior que o amor que sentia por ela. Reunindo sua coragem começou, teve em mente que Ruby poderia se magoar ainda mais e elas acabarem por brigar e ficar sem se falarem de vez. Mas estava cansada de fugir.
- Ruby eu quero te dizer em primeiro lugar que você nunca foi um erro pra mim. Os três anos que passamos juntas foram os mais felizes da minha vida. Mas quando descobriram sobre nós e começaram com as piadas eu não aguentei. Eu nunca tive vergonha de você e sim de mim, e hoje percebo que você realmente me amava e me respeitava porque "voltou" para o armário por mim, eu sinto tanto....eu me escondi de mim dentro de você, e que porra eu queria gritar a todos que te amava mas a vergonha...eu só quero seu perdão.
Anna se emociona e esconde o rosto nas mãos e chora, tirava um peso das costas. Ruby só a observa processava as palavras. E enfim fala:
- Você pensou em algum momento em nós, no nosso amor?
- Eu nunca deixei de pensar Ruby nunca, mas a pressão pra mim foi maior e eu não que...eu não podia perder minha bolsa entende?
- E acabou me perdendo... nossa Anna caralho.
- Ruby por favor, eu preciso que você entenda.
- Vamos por partes aqui ok, cala a boca porque agora é minha vez de falar. Eu nunca conheci alguém como você, eu te amo pra caralho, e dou minha vida por você, eu "voltei" pro armário como você disse por amor a você eu te entendo Anna, mas me trocar por uma bolsa de medicina, sério? Você disse que não me amava, olhou nos meus olhos e disse, íamos embora, você lembra? Enfrentaríamos tudo juntas, porque tínhamos uma a outra. Mas você falou que eu estava enganada e que tudo fora um erro, você tem noção de como me magoou, de como me senti?
- Desculpa por favor. - Anna chora
- Eu briguei com pessoas por sua causa e fui expulsa por sua causa também, e você não me defendeu em nenhum momento, tudo por causa dessa bosta de bolsa. Se fuder.
Anna desaba, não queria contar algo que poderia irritar Ruby ainda mais, mas ela tinha que entender, tinha outras coisas no caminho...
- Eu não conseguiria outra bolsa tão boa assim Ruby, seu pai me aconselhou a não ir embora com você e sim escolher outra instituição pra fugir das fofocas. Disse que você ficaria bem e eu não podia perder essa oportunidade. Você tem tudo é privilegiada.
- Meu pai, se intrometeu na minha vida? - Ruby franze a testa.
- Ele só quis ajudar.
- Porra não fode, ajudou muito mesmo, ajudou até com seu marido.
- Não isso não tem nada a ver. Conheci o John muito tempo depois...
- Porra meu.
Ruby vai para a varanda da sala, coloca as mãos no parapeito e soluça, Anna a abraça na cintura, não queria magoá-la mais ainda, mas falhou.
- Desculpa Ruby.
Ruby não responde e não tira as mãos de Anna de sua cintura, se sentia traída e estava ferida. Depois de uns minutos com Anna ainda a abraçando por trás falou:
- Eu fiz e faço de tudo por você, não me reconheço quando estou perto de você Anna. Sabe que nunca fui uma mulher ciumenta, mas não suporto ver você perto do John, fiquei louca quando ele te machucou e quero esmurrá-lo toda vez que lembro que ele te toca. Desde que voltei e te vi no departamento com ele, fiquei louca. E fico pior a cada dia toda vez que tento sufocar o que sinto por você.
Ruby se vira pra Anna e coloca os dedos em seu rosto, e diz com carinho.
- Não teve um dia da minha vida que não pensei em você, eu só não fiz uma besteira quando minha mãe morreu porque sua lembrança aparecia em minha mente, e você dizia que ficaria tudo bem. Por muitas vezes quis te ligar (Ruby pega a mão de Anna e coloca no seu coração) mas o que eu sentia aqui mágoa e ressentimento eram maiores, sabe que eu sou completamente apaixonada por você Anna, nenhuma mulher me fez ou me faz tão bem como você, e é só você que eu quero.
Anna fica consternada com as palavras de Ruby, não sabia que ela tentara o suicídio e provavelmente seu pai também não devia saber. Ficou com remorso por não ter dado ao menos um telefonema e lamentado a morte da mãe dela. Eram muito unidas e Ruby sentia muito a falta dela.
E Anna amava Ruby mais que tudo também, sua ex nunca fora ciumenta realmente, porque Anna nunca lhe deu motivos e Ruby era muito segura, mas ela alfinetava Anna em relação a John, secretamente achava fofo. Entretanto Anna era muito ciumenta e Ruby sempre a apaziguava.
- Sinto muito por nunca ter te ligado pelo falecimento da sua mãe e quanto a John eu não o amo, nunca amei, eu tentei, mas isso só seria possível se eu não fosse lésbica. Não precisa ter ciúmes dele.
Ruby sorri, e acaricia os cabelos de Anna.
- Ele toca na minha mulher e não vou ter ciúmes? Qual é?
- Sou mulher dele - Anna responde com charminho.
- Nunca foi...que bom que não sente nada por ele.
- Eu sinto mas não é amor, é carinho Ruby, ele é um bom marido.
- Hum sei , só não te fode gostoso.
Anna dá um pequeno empurrão em Ruby, pensou em como ela se achava mas tinha razão.
- Você me perdoa?
- Sim Anjo, eu tenho que entender, e eu sei que você tem razão. Me perdoe também por ter sido insensível e egoísta.
- Você é tudo Ru, menos insensível e egoísta.
Anna a beija, o mundo que ambas fizeram, se abriu novamente. Ali elas podiam ser elas mesmas.

Ruby

Como horas atrás Ruby pega Anna no colo e ela enlaça as pernas em sua cintura, ambas estavam alheia ao horário. Devia passar das 03:00 da manhã mas não ligavam, após seis anos separadas a saudade falava mais alto, como o desejo também.
Ruby nunca tivera raiva de Anna, mas tinha seus ressentimentos, que agora se dissiparam. Só a queria e nada mais.
Fizeram amor a noite toda, e quando finalmente estavam satisfeitas adormeceram.

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