homenagem

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𝐓𝐑𝐈𝐍𝐓𝐀 𝐄 𝐃𝐎𝐈𝐒




Entre diversos pronunciamentos dos Vingadores para a população, Amélia sentiu que finalmente podia respirar ao se arrumar para um evento triste. Apesar de triste, Shepard e os outros fizeram questão de deixar claro para toda a população durante esses pronunciamentos de que: Tony Stark era um herói, e não apenas um bilionário excêntrico.

Mesmo celebrando a vida do homem, durante o pequeno "enterro", Amélia não via a hora de ir para casa. Respirou fundo, olhando para o espelho mais uma vez, encarando seu reflexo, a morena pode ver o quão cansada estava só de olhar as olheiras embaixo de seus olhos, mas sabia que cada passo que dava, era um passo mais próximo do Brooklyn.

O lugar que estava ficando, era mais uma das sedes do Vingadores espalhadas por Nova York. Uma menos atualizada do que a que foi destruída, mas mesmo assim, podia ser chamada de lar por aquelas que perderam sua casa, como Wanda ou Bucky, que ainda não tinham um lugar definitivo para irem. Para Amélia, o lugar sempre seria marcado com as últimas memórias que ela teria com Steve.

Rogers não tinha voltado atrás com a sua decisão, mesmo tendo tido diversas conversas com a japonesa, o loiro estava mais certo do que tudo. Claro, essa tomada de decisão, não era tão bem vindo para todos quanto para Amélia, para ser sincera, Shepard não sabia para quem o Capitão tinha contado, sabia que por direito, o mesmo deveria contar a Bucky, já que ao sair, ele também estaria levando consigo a única familiaridade que James tem no século XIX.

Uma pessoa que realmente não sabia era Sam, até porque Rogers tinha mais planos para ele do que para os outros. Algo que ele também tomou decisão junto de Amélia, já que ela permaneceria com os dois durante as coisas que aconteceriam depois de sua saída. Shepard sabia que não seria fácil para Wilson, como não foi fácil em toda sua vida.

Deixou tudo isso de lado ao encarar seu reflexo no espelho. O vestido preto que traçava as curvas de seu corpo, indicavam uma batalha perdida, um amigo que se foi, e uma homenagem que seria sempre lembrada. Amélia respirou fundo, tomando seu tempo antes de colocar os saltos e se afastar de seu quarto temporário, não via a hora de voltar para casa.

Enquanto caminhava calmamente para a parte de fora do local, onde a cerimônia aconteceria, Shepard não pôde deixar de notar uma das únicas portas abertas no imenso corredor de quartos. Normalmente não deixa a curiosidade tomar tudo que tem, mas hoje era um dia atípico, e todos estavam fora do prédio uma hora dessas.

Ao se aproximar, Amélia não ficou surpresa ao ver que a pessoa que ainda não tinha saído, além dela, era Bucky. Se escorou no batente da porta, sorrindo fraco para o sargento que se olhava no espelho, vendo o mesmo logo notar sua presença, mas ainda não olhando para ela. Shepard respirou fundo, dando pequenos passos para dentro do quarto, se aproximando do homem.

— Algum problema, sargento? — Barnes abriu um sorriso com o apelido, sentindo o som da voz da morena percorrer todo o pequeno quarto que havia escolhido. Mesmo sem perceber, mesmo que parecesse minutos para ele, Bucky não deixava de lembrar que para Amélia e os demais, havia uma diferença de cinco anos.

— No momento? — Amélia sorri de maneira calma, vendo o semblante de Bucky relaxar quase instantaneamente. Era óbvio para Barnes que a mulher não deixaria de se importar com ele por causa de cinco anos, e era ainda mais óbvio para ele, que não queria que ela parasse, nunca. — Tô tentando decidir se é uma boa ideia comparecer ao enterro, ou...

— Por que não seria? — Shepard retruca rapidamente, fazendo Barnes pensar que talvez fosse algo bobo o que sentia.

— É só que... — Barnes respirou fundo, vendo Amélia apertar seu ombro de maneira fraca, como se o confortasse e dissesse "Tá tudo bem se não quiser dizer", algo que o homem apreciava muito. O silêncio confortável que existiu por diversos momentos, foi uma das coisas apaixonantes sobre Amélia Shepard, o jeito com o qual ela lidava com as coisas, trazia conforto e confiança para alguém que não sabia o que isso era por anos. — Stark não era o maior fã de mim, talvez ninguém seja, e eu não o culpo. — Bucky respirou fundo, finalmente voltando seu olhar para a morena, que não tirou o sorriso do rosto. — Desde que comecei com todo esse lance de reparações, passei a entender que talvez eu não vou conseguir me reparar com todos... — Amélia sabia que Bucky se lembrava de todos eles, sabia que mantinha uma lista atualizada diariamente sobre todos que tiveram suas vidas interrompidas pelo Soldado Invernal, também sabia que, infelizmente, Barnes não poderia dar um desfecho para todos os nomes da lista. — E, apesar desses parecerem impossíveis, tem um nome que eu nunca vou poder riscar da lista.

— E eu chuto que esse nome seja o do Tony? — Amélia perguntou depois de um tempo, ponderando sobre tudo que tinha ouvido, quando não obteve resposta do sargento, a morena continuou. — Bucky, talvez nunca consiga dar paz ao coração de Tony em relação aos pais dele, mas mesmo morto, ele não era sua única forma de reparação nesse caso.

— O que isso quer dizer?

— Tony morreu, mas deixou seu legado. — A morena sorri. — Eloise e Morgan ainda estão aqui, e eram duas pessoas muito importantes pra ele, pessoas que ele não só daria, como deu a vida. — Amélia respirou fundo, puxando o sargento para um abraço. — E eu tenho quase certeza que ele não te odiava, talvez odiasse o fato do Stevie nunca ter contado quando descobriu. — Quando se separaram, Amélia sorriu. — E se não quiser ir, não tem problema, ninguém vai te julgar, e se for, você pode só me chamar se quiser ir embora mais cedo.

— Obrigado. — Foi como se um peso saísse de seu peito, e Bucky sentiu como se pudesse finalmente relaxar em relação a todas as suas inseguranças.

A cerimônia de enterro foi diferente das tradicionais, claro que, para um homem como Tony Stark, ninguém poderia esperar menos. Após ouvirem a mensagem gravada deixada pelo mesmo, todos foram para o lado de fora onde o pequeno barquinho se foi rio abaixo, carregando consigo um de seus antigos reatores Arc, com a pequena mensagem gravada: a prova que Tony Stark tem um coração.

Os dias passaram de forma lenta depois disso, mas muitas coisas não podiam ficar da mesma maneira pra sempre. E quando o dia chegou, Amélia se viu dando o último abraço em Steve Rogers, com a promessa de proteger aqueles que o Capitão amava, morreu em seus lábios sem ao menos ser dita uma vez, já que não era preciso.

Ver Barnes perceber que estaria sozinho mais uma vez, fez o estômago de Shepard revirar. Claro que a morena sabia que ele não estaria, mas o olhar de aceitação com a decisão de Steve, pareceu pior do que a morte. Ao devolver as jóias, Rogers permaneceu no passado, vivendo todas as coisas que desejou ao lado de Margaret Carter, talvez tenha sido o homem mais feliz do mundo por diversos momentos, e Amélia estava satisfeita com aquilo.

Por fim, a mulher teve a chance de ver seu melhor amigo receber uma das maiores honrarias que alguém poderia receber. Não só o manto como Capitão América, como o escudo visto como um dos maiores símbolos para o país e talvez o mundo. Talvez Sam não estivesse preparado para isso, e talvez Bucky também não estivesse preparado para perder o melhor amigo, mas uma coisa era certa, não estavam sozinhos.

𝐇𝐔𝐌𝐀𝐍 ✪ bucky barnesOnde histórias criam vida. Descubra agora