de volta a batalha

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𝐃𝐄𝐙𝐎𝐈𝐓𝐎




Quando Bucky acordou naquela manhã, ele sabia que o dia seria difícil. Não sabia o porquê, talvez fosse a dor que sentia em seu ombro esquerdo toda vez que o mexia, como se isso o indicasse que algo estava errado, ou se fora pela aparição repentina de T'Challa na cabana compartilhada. Amélia não estava na cabana, havia saído para recolher frutas, enquanto ele cuidava das cabras, como era o combinado de sempre dos dois.

Pela cara que o rei tinha, Barnes sabia que não era coisa boa. Ele estava acompanhado de Okoye e mais dois guerreiros, Bucky imaginou que para o rei vir ali com escolta, algo sério havia acontecido, algumas crianças o observavam trabalhar, o que apenas deixava Bucky mais nervoso ainda, ele respirou fundo, vendo T'Challa se aproximar, e assim que o rei sorriu fraco, um olhar bastou para Barnes entender.

Um dos guerreiros carregava uma maleta cinza com detalhes metálicos, que logo fora posta em cima do carrinho de feno. Bucky olhou torto para o guerreiro, e logo seus olhos percorreram de Okoye até T'Challa, que respirou fundo, se preparando para explicar a situação delicada que Wakanda viria a enfrentar, a situação que precisaria de todas as mãos a bordo.

O guerreiro abre a maleta, e logo se afasta, permitindo que James se aproximasse lentamente, dando uma boa olhada no conteúdo. Um braço novo. Era perfeito, totalmente diferente do último que ele usou, era preto com detalhes amarelos, e provavelmente feito de vibranium, assim como o traje do Pantera Negra. Se Bucky suspeitava de algo sobre a visita do rei, agora ele tinha certeza de que alguma coisa estava acontecendo.

— Onde é a luta? — Bucky diz depois de um tempo, respirando fundo, Amélia ainda não tinha voltado pra cabana, mas ele sabia que se ela estivesse aqui, sua decisão seria muito diferente da que ele estava pensando em tomar, por isso, tinha que sair antes que ela chegasse.

— Está a caminho. — T'Challa retruca, começando a explicar o que Steve Rogers havia o dito sobre toda a situação.

Parecia muita informação para colocar em palavras, mas Bucky tinha entendido o essencial. Steve precisava de ajuda, e era pra lá que Barnes estaria indo. Okoye o acompanhou até sua cabana, onde o mesmo trocou rapidamente de roupa, a qual, também foi fornecida pelo rei, e logo a Dora Milaje o ajudou com seu braço. Shuri já havia feito grande parte do trabalho para que ele pudesse ter outro braço, então, o resto foi fácil.

Antes de sair, Bucky não podia deixar Amélia e ir a uma guerra. Ele tinha que lhe dar uma explicação, mas o mesmo pensamento retornou a sua cabeça, se esperasse a japonesa voltar até a cabana, ele não teria coragem de dizer que ia lutar ao lado de Steve. Barnes sabia o quanto Shepard almejava por paz e o quanto queria parar com a vida de vingadora, sabia o quão importante era tanto para ela quanto para ele mesmo, por isso, decidiu que esperar ela não era uma boa opção.

Respirando fundo, Bucky retirou a pequena corrente de seu pescoço, revelando a dog tag com suas informações pessoais. Ele rapidamente passa o dedo sobre a escrita, lembrando o momento que Steve devolvera isso a ele. Durante a guerra, alguns soldados tinham o costume de trocar seus colares de identificação com outro soldado, como uma promessa que independente do que acontecesse, fariam de tudo para levar o outro pra casa, são e salvo.

As de Steve não tiveram tanta sorte quanto as de Bucky. HIDRA destruiu qualquer coisa que pudesse fazer Bucky se lembrar de seu passado, como a chapinha com o nome de seu melhor amigo escrito, então, antes de ficar em Wakanda, Steve as entregou de volta, dizendo que trouxe Barnes para casa, algo que significou muito para o sargento.

Os olhos de Bucky foram até a maleta em cima de sua cama. Okoye havia permanecido do lado de fora, esperando que Bucky pegasse suas coisas para irem, enquanto T'Challa pedia a Ayo para ir atrás de Amélia, ou esperar ela voltar, logo se afastando dali. Barnes não tinha muito tempo, então, logo pegou um pedaço de papel começando a escrever para a mulher que encheu seu coração de alegria por dois anos, saindo logo em seguida, deixando apenas as chapinhas com seu nome e o pequeno bilhete.

Quando Amélia voltou a cabana, tudo parecia calmo, e não tinha nenhum sinal de Barnes em lugar nenhum, o que era incomum. Geralmente quando voltava da colheita das frutas, encontrava Bucky brincando com as crianças ou cuidando das cabras, ela respirou fundo, pensando que talvez Bucky não tivesse levantado ainda, ou coisa do tipo, e logo se aproximou da cabana, adentrando sem pensar duas vezes.

— Adivinha só? — A voz de Amélia era a única coisa a ser ouvida na cabana, esperando que talvez o homem estivesse no banheiro, Shepard continuou. — A ameixeira finalmente deu frutos, e um certo sargento me disse que ameixa era sua fruta favorita e...

A morena parou abruptamente, assim que seus olhos repousaram sob a pequena maleta em cima da cama de Bucky, largando a cesta no mesmo lugar, sem se importar que agora todas as frutas estavam no chão, Amélia se aproxima, vendo um papel dobrado junto com as duas chapinhas que Bucky não vivia sem. Sentiu seu coração disparar, não entendendo o que aquilo significava.

Segurando o papel e a corrente, Amélia abre a maleta, percebendo que estava vazia. Sua mente não demorou muito para entender o que tinha lá dentro antes, o formato do braço marcado na espuma era o suficiente para ela entender que aquilo transportara o braço que Shuri estava trabalhando. Agindo rapidamente, Shepard abre o bilhete, revelando as palavras escritas por Barnes, que fazem lágrimas saírem de seus olhos no mesmo segundo.

Obrigado por ser meu lar durante todo esse tempo, boneca.

— Bucky.

Amélia tentou respirar fundo, e se acalmar, mas naquele momento, tudo que ela sabia, era que estava sozinha na cabana, e que Bucky poderia não voltar. Ouviu quando uma pessoa adentrou a cabana atrás de si, sabia que era uma Dora Milaje pelo barulho feito pela lança ao atingir o chão, sabia o que aconteceria em seguida.

— Acho que percebeu o que está acontecendo. — Ayo solta, e Amélia não precisa se virar para saber quem é. — Wakanda entrará em guerra em alguns minutos, precisamos de toda a ajuda possível.

— É pra isso que ele tá indo?

— O sargento Barnes escolheu lutar. — A Dora Milaje explica. — Disse que não queria tomar essa decisão com você, porque sabia que se estivessem juntos, ele não iria lutar. — Shepard respira fundo, limpando as lágrimas. — Você tem uma escolha, Amélia, iremos respeitar se não quiser se envolver, e não estaríamos pedindo se não fosse realmente necessário. — Amélia se vira para a entrada da cabana, sorrindo fraco. — Se aceitar, iremos te dar equipamentos para a batalha, e eu te acompanharei até o palácio.

— E se eu não aceitar?

— Então, eu irei embora, e avisarei o rei que a Raposa Laranja não participará da batalha. — Amélia respirou fundo, se levantando do chão, ainda segurando o bilhete e a corrente.

Onde é a luta? — Com a pergunta feita, Amélia rapidamente colocou a corrente em seu pescoço, sentindo o metal da corrente de Bucky, bater na sua corrente, e logo começou a se preparar para a batalha.

𝐇𝐔𝐌𝐀𝐍 ✪ bucky barnesOnde histórias criam vida. Descubra agora