CAPÍTULO 22

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"O quê precisar fazer para ter você, eu faço." A lembrança das palavras de Leo foi o primeiro pensamento dela quando acordou sozinha naquela cama sem lençóis. Ela estava com o corpo agradavelmente dolorido, a mente entorpecida e com fome, muita fome.
O sol já brilhava alto através da cortina branca, já devia ser tarde. Jocelyn pegou uma camiseta no chão e quando a vestiu, viu que era a que ele vestia. Ainda tinha um pouco do calor e do cheiro dele. Jocelyn fechou os olhos. Ela estava louca! Só podia estar! Fez tudo errado, não resistiu, não chamou Leo à razão, não conversaram. Ela se jogou sobre ele, sedenta, carente e pateticamente apaixonada.
Jocelyn tomou banho, voltou ao quarto e procurou numa bolsa algo para vestir. Haviam cuecas boxes, sutiãs de ginástica calças de moletom e camisetas de malha. Jocelyn queria ficar bonita, então ela voltou ao banheiro, pegou uma tesoura que tinha visto na gaveta da bancada da pia, voltou ao quarto e cortou uma calça fazendo um short. A camiseta ela fez vários cortes e amarrou as pontas transformando a camiseta numa blusa. Não ficou grande coisa, mas até que buscassem suas roupas, pelo menos não pareceria que ela, Leo e Hush estavam numa escola, todos os três vestindo conjuntos de moletom.
Ela saiu para o corredor e o cheiro de café chegou ao seu nariz. Cozinha, então.
Na cozinha, Honest, ou Candid, como Leo vivia o chamando, estava fazendo panquecas e Jonathan fazia suco de laranja.
"Bom dia." Jonathan sorriu e o coração dela parou uma batida com o sorriso cheio de dentes e presas de seu filho.
"Oi, Jo." Honest a cumprimentou. Ela estranhou um pouco a intimidade, mas eles eram assim mesmo, muito folgados na opinião dela. E muito espertos e eficientes também.
Ele colocou um prato cheio de ovos e bacon na frente dela, ela começou a comer.
"Precisa repor energias?" Honest disse sorrindo maliciosamente. Jocelyn não respondeu.
Jonathan lhe estendeu o suco, ela tomou um gole e aprovou, ainda que estivesse mais doce do que ela estava acostumada.
"Muito bom. Um pouco doce, querido. Sabe que você não se sente bem comendo muito açúcar, não é?"
"Essas laranjas são especiais, são muito doces." Honest explicou.
Jonathan tomou um grande copo de suco.
"Eu adorei essas laranjas, mamãe."
"Certo, mas não tome demais, você não está..."
"Candid!" O rugido de Leo os assustou.
"Ele sempre esquece que você é o Honest." Jonathan disse. Ele parecia achar engraçado Leo trocar o nome de Honest. Já Jocelyn intuía que havia algo por trás disso.
Honest saiu da cozinha, o rosto totalmente calmo. Ele não se abalava com nada. Sua expressão sempre afável, as vezes escondia um brilho um pouco frio.
Jocelyn, não conseguiu ficar na cozinha e foi ao escritório, Jonathan a seguiu.
Não era desse jeito que ela queria ver Leo depois da noite quente de sexo incrível que tiveram. Ele nervoso, andando de um lado para outro.
"O que foi?" Ela perguntou, ele parou na frente dela e lhe tocou o rosto.
"Oi. Tomou café?" Ele sorriu, as pernas dela bambearam. Ela só conseguiu acenar.
"Me desculpe se eu gritei. Can... Honest tem de explicar umas coisas."
"Foi por segurança, Leo. Não se esqueça que os clones podem tentar aparecer." Honest disse.
"Eles tem nomes, Honest. E são meus irmãos." Jonathan disse.
"O que Honest fez?" Jocelyn perguntou, afinal, Leo parecia muito nervoso.
"Nada demais. Nós só aumentamos o número de câmeras e agora podemos ter áudio." Ele disse e Jocelyn não viu motivo para Leo ficar nervoso. Mas ele conhecia aqueles meninos melhor que ela, e, pelo o que ela sabia, eles aprontavam. Muito.
"E o que isso tem a ver com segurança?" Ele apontou para a tela. John e Flora estavam sentados num tronco de mãos dadas conversando. Ou discutindo.
"E eu tenho culpa se eles sentaram bem embaixo de uma câmera? Embora agora podemos saber o que eles fazem quando somem com os cavalos." Honest sorriu e apertou um botão e a voz de Flora encheu o escritório.
"Você tinha prometido, John, você prometeu ir comigo na casa dos meus avós! E Ann Sophie estala os dedos e você vem me dizer que não pode ir mais, que vai passar todo o final de semana na mansão com piscina dela."
Flora passou a mão no rosto. Ela estaria chorando?
"Puta que pariu, John é muito sortudo!" Honest disse. Jocelyn arregalou os olhos ante o palavrão.
Leo deu um safanão bem forte na cabeça dele.
"Olha essa boca!" Honest a olhou com a cara mais zombeteira possível e disse:
"Desculpa, Jo."
"Como é que é?" Leo perguntou rosnando.
"Desculpa, Jocelyn."
"Eu não vou deixar vocês espionarem as pessoas que gostam de vir aqui."
"Como eu já disse. Não estamos espionando ninguém. Precisamos de mais segurança aqui, ou então, Jocelyn e Jonathan deveriam ir para a área familiar." Ele disse e Leo se encolheu. Eles deviam já ter discutido isso.
"Eu já disse que Ann nos ajudou a acalmar Jonathan, o filho do Leo. Eu devo a ela, Flora! O que mais quer que eu diga? Eu só estou indo por causa disso! E também para impedir que Brave e Gift coloquem fogo na mansão." Honest riu.
"Eles são bem capazes de fazer isso. Já colocaram fogo na sala de treinamento." Honest contou e Jonathan se admirou:
"É mesmo? Eu estou doido para conhecê-los. Será que estarão na sua casa hoje?" Jonathan perguntou e Honest fez cara de desânimo.
"Não só eles, mas todos os filhotes pequenos. Prepare-se Jonathan. Eles são terríveis, uns capetas mesmo." Leo também fez cara de desânimo e acenou concordando.
"Você poderia dizer que já tinha um compromisso comigo. Eu tenho que ir, John. Eles são sozinhos! Você sabe disso, você se convidou, disse que iríamos nos divertir, mas agora vou passar o final de semana sozinha com meus avós." A voz de Flora continuava soando na tela da tv. Jocelyn sabia que era muito errado o que estavam fazendo, mas estava curiosa para ver o que John resolveria.
"Flora, não me faça escolher entre você e a minha honra. Eu devo a Ann Sophie, tenho que ir." Ele segurou a mãozinha dela, a diferença de altura deles era gritante. John era quase do tamanho de Jonathan e Flora era bem baixinha. Mas era brava, pois ela soltou a mão da dele com um safanão.
"Não misture as coisas, John. Está escolhendo entre Ann e eu. E parece já ter decidido, nem sei o que estou fazendo aqui." Ela fez que ia correr, mas John num movimento muito rápido a segurou pelo braço. Ela se contorceu tentando fugir mas ele a puxou e a abraçou. Ninguém movia um músculo no escritório, todos tinham os olhos presos na tv.
"Você sabe muito bem que basta fazer o que eu quero e eu não vou." Ele disse a segurando com um braço e tocando o rosto dela com a outra mão.
"Chega! Não podemos ficar assistindo isso, é errado." Leo desligou a tv.
"Ah, poxa, pai! Bem na hora que tava ficando bom!" Jonathan disse. Ele não percebeu que chamou Leo de pai. Leo porém percebeu e olhou para o chão.
"Não se preocupe, Jonathan. Vai ficar gravado, assistimos depois." Honest disse e os dois saíram rindo e conversando. Jocelyn ainda ouviu Jonathan perguntar baixinho para Honest algo sobre Ann.
"Vou chamar James e exigir que ele apague tudo." Leo disse, mas seus olhos estavam distantes. Ele se postou a janela. Lá fora o sol brilhava, estava um bonito dia.
"Leo?" Ela tocou as costas musculosas dele.
"Sabe quando você está sonhando? Um sonho bom, muito bom, tão bom que você não quer acordar? Você sabe que é um sonho e você fecha os olhos com força pra não acordar? É assim que eu me sinto." Ele se virou e Jocelyn viu que uma lágrima descia pelos olhos verdes lindos dele. Ele a abraçou apertado.
"Eu me senti assim, naquela manhã que você me beijou e disse que ia voltar logo. Eu estou com medo, Jocelyn. Foi só uma noite e eu sofri durante todos esses anos. Agora..."
Ela entendia. Foi assim também para ela.
Ela estava esperando na sala do editor chefe, contando os minutos, para entregar a matéria, tão feliz que não conseguia parar de sorrir, quando foi avisada que ele teve de viajar. Ela entregou a matéria pra secretária e disse que precisava muito falar com ele. Tonya, a secretária de Phil, disse que ele não demoraria, que era para Jocelyn esperar.
Dois dias se passaram até sua mãe aparecer em casa com uma revista debaixo do braço, a decepção em seu rosto. Jocelyn não tinha voltado para a casa em que vivia com Andrew, ela estava com os pais, precisava resolver as pendências do emprego e iria embora, iria para a Reserva!
"Filha, eu espero que você não tenha participado disso. Espero que seu nome nessa capa tenha sido um erro de impressão."
E o mundo de Jocelyn ruiu. Ela sabia bem o que era viver um sonho lindo e depois acordar.
Ela o abraçou. Ele a apertou, cheirou o pescoço dela, alisou suas costas.
"Ele me chamou de pai, sem nem perceber! Ele me olha como se me aceitasse, como se gostasse de mim. Ele nem me conhece!" Ele jogou a cabeça para trás e rosnou de frustração.
"E quanto mais conhecer, mais vai amar." Ela disse segurando em seu rosto com as duas mãos.
Ele a beijou. Com imenso carinho, a fazendo se sentir preciosa. Jocelyn o beijou de volta tentando expressar no beijo todo sentimento que transbordava em seu coração.
"Me desculpa, Jo, mas eu tenho que entrar em você. Agora!" Ele a virou e a inclinou sobre a mesa do escritório, baixou o short e a cueca e entrou.
Sem forçar, sem machucar, mas de forma firme. Ele lhe tocou o clitóris enquanto entrava, Jocelyn fechou os olhos e só aproveitou a sensação deliciosa de sua vagina se molhando e e se esticando com a invasão do pênis bem dotado dele.
Ele se inclinou sobre ela e a beijou na nuca, nos ombros. Passou as mãos por entre seu tórax e a mesa e segurou seus seios, tudo isso enquanto se movia, entrando e saindo dela com vigor. Jocelyn gemeu, sentindo-se entrar na espiral de prazer que as estocadas firmes dele provocava. Ela fechou os olhos, estava quase gozando quando ele saiu e não voltou. Ela o ouviu rosnar e sentiu gotas escaldantes caindo por suas pernas. Ele tinha tirado. Tinha gozado fora dela. Era um ato de cuidado. A relação deles estava turbulenta, incerta, confusa. Mas ela sentiu frio.
Ela se virou, ele ainda segurava o pênis, uma gota de sêmen brilhava na ponta.
Ele se ajoelhou e a lambeu entre as pernas, mas ela de repente não queria gozar.
"Não." Ele se levantou e a olhou confuso.
"Não, eu tenho que..." Ela não tinha desculpa nenhuma na verdade. Ou talvez tivesse:
"Eu tenho de entregar um rascunho para Pride. Eu ainda tenho que passar a limpo, posso usar esse laptop?" Ela perguntou subindo o short e a cueca e se sentando na cadeira. Ele subiu a calça e acenou. A olhava intensamente.
"Você não queria? Eu te forcei, eu não devia..." Ele disse, os olhos fixos nos dela, Jocelyn estava quase chorando. Como explicar que se sentiu rejeitada por ele gozar fora dela?Ela estava sendo irracional e sabia, ela estava errada, mas não conseguia não se sentir assim.
"Você não me forçou, Leo. Eu só quero que conversemos, está bem? Eu tenho mesmo que entregar um rascunho da matéria para Pride e daqui a pouco iremos no lanche na casa dele. Eu só preciso de tempo." Ele acenou. Ela estendeu a mão, ele pegou e beijou a palma, fazendo o coração dela disparar.
"Talvez você saiba apagar essa gravação. A de John e Flora conversando. Não confio que Honest irá fazer isso." Ela sorriu, ele também.
Jocelyn viu que John e Flora já tinham ido embora, e que a gravação já estava salva. Ela clicou em arquivo, em abrir e se surpreendeu com o tanto de arquivos de gravações salvos. Alguns foram salvos com a data como título, mas alguns tinham nomes como títulos. Ela franziu a testa.
"O que foi?" Leo perguntou se ajoelhando perto da cadeira.
"Há muitas gravações. Essa por exemplo é de duas semanas atrás. É normal?" Ele balançou a cabeça.
"Não sei. Quem opera e faz manutenção das câmeras são James e Joe. Eu achava que as filmagens iam para o computador deles. O dia em que vimos Jonathan e os outros dois, foi James quem trouxe a gravação. O laptop era dele. Ele passou pra esse, não sei como ele fez isso."Ele se levantou.
Jocelyn ficou curiosa com um arquivo. Era bem grande, tinha horas de gravação.
"Quem é Florest?" Era o nome do arquivo.
"Filho de Slade." Jocelyn se lembrou que na entrevista, Slade estava presente com seu filho, idêntico a ele.
Ela deu de ombros e deu play.
Florest sacudia Uma das florzinhas que estava no chão. Ela estava seminua, com uma camisola de algodão minúscula. Jocelyn olhou para Leo com uma sobrancelha erguida.
Leo rugiu:
"Candid!"

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