CAPÍTULO 11

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Leo andava para um lado e para outro na área de convivência, seus ouvidos e nariz concentrados no quarto nos fundos, concentrados em Jocelyn.
Ela tinha chorado, bem baixinho, mas ele ouviu. Agora, ela dormia, um sono agitado, Leo estava entre sair correndo ou se deitar na cama com ela e abraçá-la.
Vengeance, Romulus e os leãozinhos estavam confinados no escritório, falavam baixinho periciando as imagens do zoológico.
Ele deveria estar lá, mas a imagem de seu filhote fugindo dele o magoou muito. Ele tinha cabelos loiros, cabelos como os dele, era muito forte e tinha calda, exatamente como ele, mas ainda assim, seu filhote correu dele.
"Boa noite." Joe apareceu vindo do estacionamento. Havia uma entrada lateral que levava quem chegava até aquele espaço. Joe devia estar ali para ajudar a ver nas imagens algo que os outros não viram.
"Estão no escritório." Leo disse. Ele se sentou sobre uma mesa e pôs os pés numa cadeira. Todo seu corpo formigava, sua cabeça dava voltas e mais voltas.
"Como você se sente, tio? Entendo que deve ser muito difícil descobrir um filhote já quase adulto. Eu não sei como o tio V. conseguiu não surtar, quando seus filhotes foram aparecendo."
Leo acenou. Joe tinha razão. Vengeance passou por tudo isso, Hunter inclusive estava ajudando Gabriel a prejudicar os Novas Espécies.
Gabriel! Será que ele conhecia esse tal de Andrew?
"Acha que foi esse tal de Andrew que resgatou Gabriel daqui?" Leo perguntou, Joe se sentou na mesa ao lado de Leo e passou um braço por seus ombros. Joe sempre gostou muito dele.
"Eu acho bem provável. Seria muita coincidência, haver dois cientistas com dois Novas Espécies rodando por aí. Eu acho que ele planeja um ataque. Sem Gabriel aqui, ficamos vulneráveis. Ele nos impediu de morrer várias vezes." Leo se lembrou de uma invasão onde Thorment levou um tiro na barriga e Noble um tiro no peito. Gabriel os deixou como novos.
"Que venham. Eu vou mastigar o coração desse tal de Andrew e vou trazer meu filhote pra cá." Joe confirmou com a cabeça.
"Ele foi criado no mundo dos humanos, talvez não queira ficar aqui." Joe deu de ombros.
Dessa vez foi Leo que acenou, o coração doendo por que havia uma grande chance de Joe estar certo e isso o enchia de ódio de Jocelyn.
"Eu sinto falta da minha caverna. Eu nunca deveria ter saído dela, nunca deveria ter dado a chance de uma humana destruir meu coração, e acabar com minha vida."
"Eu me lembro de correr para lá quando brincávamos de esconde esconde. Você me dava suco e ninguém me achava."
Leo riu.
"Eu fingia que você era meu filhote." Leo confessou. Joe sorriu triste.
"Eu e James brigávamos muito pela atenção do papai quando éramos pequenos eu gostava de ir na sua caverna por que lá eu tinha a sua atenção."
"Eu nunca conseguiria dividir a minha atenção como Valiant faz. Ele é o melhor pai em toda a Reserva." Joe sorriu com carinho.
"Ele é o melhor. Mas eu sei em primeira mão que você será um ótimo pai, tio." Ele disse. Joe era o extremo oposto de seu irmão gêmeo, era calmo e sensível. Ele estava para se acasalar e Leo estava muito feliz por ele.
"Você também será. E como estão os planos? Você já fez dezesseis, mas eu sei que fêmeas humanas sempre querem esperar por alguma coisa."
Joe se levantou. Leo se preocupou por ele.
"É como você diz, Mary quer esperar."
Ele sorriu tentando se mostrar conformado e Leo achou melhor não dizer mais nada.
"E quanto a essa história de você estar vinculado?" Ele perguntou.
"Eu não sei. Eu e ela no passado só tivemos uma noite. Foi algo que me marcou muito, mas o ódio que eu senti foi tão forte, eu me senti tão burro, tão idiota, eu sei que nunca a esqueci e só toquei em Halfpint por estar me achando morto por dentro. Era como se eu tivesse morrido, eu andava, falava e trabalhava, mas era como se não sentisse nada."
"Dizem que Novas Espécies se vinculam e não querem outra fêmea." Joe considerou. Ele parecia falar com Léo e também sobre si mesmo.
"Eu não sei se quis Halfpint. Ela e eu conversávamos muito, sobre tantas coisas! Acho que o sexo veio daí, eu estava meio morto, ela cansada de sexo casual. Ela queria um companheiro, eu só queria algum carinho."
"Você e essa humana só compartilharam sexo uma vez? E ela engravidou?" Leo deu de ombros.
"Acho que só precisa de uma vez, ou não?" Joe riu.
"No meu caso, acho que talvez eu a engravide sem ela saber. Mary não quer filhotes agora." Joe disse, o pesar explícito em sua voz.
"Chega desse papo de perdedores, vocês dois, venham ver o que descobrimos." James apareceu da porta.
No escritório eles usavam um laptop e todos olhavam as imagens. James tomou a palavra:
"Eu agrupei as imagens e as coloquei juntas na cronologia e no maior número de ângulos possível." Ele comandou o mouse e Leo, juntamente com os outros assistiram todos os momentos dos três machos no zoológico.
"Eles entraram juntos, mas o que acreditamos ser Jonathan se separou desses dois aqui e correu, se inflitrando no meio da multidão. Veja quando esse macho aqui faz menção de seguí-lo e o outro o impede. Se tudo o que essa fêmea diz é verdade, acredito que esse que queria ir atrás do filhote é o tal número Um e o que o impediu seja o número Dois. Notem que o número Dois anda como se soubesse tudo o que vai acontecer. Veja, ele bate certeiramente nessa mosca aqui, desvia dessa filhote humana correndo. Veja, Leo esse é o momento em que abaixa os óculos e se revela para você. Veja o outro o cutuca, ele ri. Acho que ele fez isso num impulso." James explicou. Leo só concordou, fazia sentido.
"E essa é a tragetória de Jonathan. Ele parece estar procurando a administração, mas a fêmea pequena o impede de ir adiante. Veja como ele conversa com ela, sempre olha para os lados. Acho que ele estava fugindo dos outros dois."
"Por que ele fugiu de mim?" Leo ainda se sentia mal por seu filhote fugir.
"Ele não fugiu de você, ele fugiu deles. Ele queria conversar, queria te conhecer. Mas veja isso aqui..." Vengeance apertou algumas teclas e Leo pode ver uma pontinha do chapéu de número Dois a suas costas. Estavam distantes, mas eram Novas Espécies, enxergavam longe.
"Ele veio te ver. Eu sinto isso. Mas não queria que soubessem que veio te ver, então correu, pois se se aproximasse, eles saberiam. Se o número Dois é um vidente, a única forma de despistá-lo seria fazer coisas inesperadas."
Leo sentiu a esperança se aninhar em seu peito. Vengeance sentia as coisas, Vengeance via tudo.
"Simple, não consegue rastrá-los?" O coração dele começou a acelerar em seu peito.
"Sim, mas acho que eles esperam isso. Não podemos esquecer o que Jocelyn disse sobre número Um e número Dois." Simple, Candid e Honest olharam para Vengeance.
"Eu não os sinto como meus. Foi diferente com Peter e Grace, muito diferente com Harrison e Romulus. Eu os sinto, havia um vazio em mim como se me faltassem pedaços. Quando os vejo, porém, não sinto nada." Vengeance se aproximou de Romulus e o abraçou pelos ombros. O Nova Espécie descansou a cabeça na de seu pai. Vengeance suspirou fundo.
"Bom que tocou nisso, tio. Se considerarmos que foram eles que tiraram Gabriel daqui, e não há dúvidas de que foram, então Honest levantou um detalhe: a porta de Gabriel é uma fechadura de última geração, a mais moderna que existe. Como inicialmente, só você tio, tinha acesso, só as suas digitais podiam abrir a porta, depois inserimos as de Dusky e por fim as nossas. Eu peço desculpas, Romulus, mas você as abriu uma vez, não foi?" Romulus franziu as sobrancelhas.
"Sim. Qual o problema? Por que as desculpas?" Ele, porém empalideceu quando sondou a mente de Simple e se sentou.
Todos olharam para ele, Vengeance se ajoelhou e o abraçou.
"Eu desconfiei, mas..." Ele se levantou e saiu. Logo ouviram o barulho dele correndo.
"Eu volto. Ou me liguem. Ou..." Vengeance saiu atrás de seu filhote.
"O que foi isso, Simple?"
"O número Dois entrou na Reserva, passeou por aqui e soltou Gabriel. E ele pôde fazer isso por que sua digital é idêntica a do meu tio."
"Eu não entendi, Simple." Leo disse. Qual o problema se Romulus tinha a digital idêntica a de Vengeance, assim como o tal número Dois?
"Romulus, número Um e número Dois não são filhotes do meu tio. São clones dele. Michael vendeu embriões, mas não há nenhuma garantia que esses embriões vingaram."
Leo ficou estático. Descobrir que você não é filhote, mas um clone seria um problema? Haveria alguma diferença?
"Bom, de qualquer forma, Leo, Jocelyn sabe onde Jonathan mora. Podemos montar um esquema de vigilância e assim que essa viagem deles terminar, traremos Jonathan. Esperneando se for o caso."
Leo não o queria ali trazido a força, mas Peter veio como prisioneiro e agora ele era um filho amoroso de Vengeance. Leo achava que talvez ele e seu filhote, Jonathan, poderiam se entender.
" E Jocelyn?" Leo a queria e a odiava. Não podia esperar para a ver longe dali.
"Temos um plano, mas não vamos contar. Precisamos que você confie em nós, Leo."
Ele confiava. Simple, Candid e Honest estavam se tornando as pessoas mais confiáveis que ele conhecia. Muito travessos, mas eles faziam as coisas acontecerem.





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