Mas que porra! Porra! Puta que pariu!
Era ridiculamente simples! E ele não viu! Ele era um imbecil! Gabriel queria se matar. O ódio era tão grande, ele queria morrer. A maior descoberta desde que conseguiram fazer um humano com genes de animal e ele poderia ter descoberto, mas não o fez. Ficou brincando de Deus e agora era uma coisa nojenta, tão nojenta que sua pele desmanchava no mínimo de calor da temperatura ambiente. Porra!
Dois apareceu no porão e como sempre que o olhava, Gabriel sentiu medo.
"E então? Você compreende o que ele fez? Se não puder, não tem serventia para ele.". Havia algo diferente nele, o jeito como chamou Andrew de 'ele' e não papai, sinalizou a Gabriel que ele não estava tão bem quanto aparentava desde que Número Um estava em coma induzido. Gabriel resolveu tentar ir por aí.
"Mesmo que seja eu que esteja mantendo Um vivo? Se me matar, ele pode morrer." Dois olhou para a cama hospitalar que instalaram quando Um e Dois lutaram e Um levou a pior. Dois destruiu seu peito com um soco potente, agora ele estava praticamente morto. Gabriel os informou que o sangue de Vengeance o curaria, mas para isso, eles teriam que ir atrás de Vengeance.
"Ele já deveria ter morrido." Dois deu de ombros. Ele era um Nova Espécie, porém. Para eles, a vida era preciosa, os laços de parentesco eram fortes e ele era um clone de Vengeance, o que fazia com que ele não conseguisse deixar de sentir que devia fazer tudo ao seu alcance para que seu 'irmão' vivesse. Gabriel viu tudo isso nos olhos claros dele. Ele desviou o olhar.
"Então, acha que consegue repetir o que Bishop e Anderson fizeram?" A resposta era sim, mas ele não diria.
"Eu aprendi o processo teoricamente. Preciso de um embrião viável. Terão que recolher o sêmen da forma correta. Estou curioso para saber como vão fazer isso." Ele sorriu. Jonathan era uma criança Nova Espécie que não era como os outros. Ele já devia ter impulsos sexuais, mas era muito inocente.
"Irão forçá-lo? O tempo está curto." Ele perguntou, olhando para o caderno velho de Anderson.
Hunter já deveria entrar com uma ação na segunda, ou seja no dia seguinte. Andrew teria duas opções então, tentar retardar a justiça, ou fugir com Jonathan. Dado o quanto ele amava o prestígio que tinha na universidade e o fato dos Novas Espécies terem influência no congresso e uma relação amistosa com o FBI, fugir significaria perder muita coisa.
"Isso não é da sua conta." Gabriel acenou concordando. Havia ainda a possibilidade da ONE atacar. Se viessem, colocariam aquela casa abaixo e levariam Jonathan. Dois era incrível, mas não seria páreo para Vengeance e Leo juntos. Péssima hora para colocar Um fora de combate.
"Você diz que o sêmen tem de ser colhido da forma certa." Ele disse. Gabriel assentiu e esperou. Dois olhou para Um, todo ligado a aparelhos.
"Foi assim que..." Gabriel não disse nada, esperou ele concluir, mas seu coração disparou.
"Esqueça." Droga! Gabriel pensou. Ele, como Hunter, ouvia corações, é claro.
"Pergunte e eu respondo. Sou curioso a cerca de vocês dois, só isso." Dois se sentou perto da cama de Um.
"Eu não queria fazer isso. A droga que ingeri me deixou violento, muito. Com raiva, ódio. Você deve saber que não somos muito levados por emoções. Eu mais que ele. Papai não devia ter mandado a gente lutar." Ele disse, os olhos duros. Gabriel pensou nos clichês de filmes de sequestro, onde o sequestrado colocava os sequestradores um contra o outro. Seria esse o caso? Embora ele não quisesse ir embora ainda.
"Anderson disse que Michael pagou uma técnica para colher o sêmen de Vengeance e daí ele fez os embriões. Essa técnica foi estuprada por ele, procurou Anderson pedindo ajuda, e aqui estamos nós." Ele informou.
Gabriel segurou o sorriso. Eles pensavam que eram filhos de Vengeance! Que idiotas! Essa sim era uma informação valiosa.
"Você duvida?" Ele perguntou, seus olhos frios. Era como conversar com Vengeance. Você falava e ele sentia o que estava pensando. Uma merda.
"Vengeance, foi medicado milhões de vezes com aquela droga de procriação , isso fez com que ele quase ficasse louco. Ele não estupraria a técnica, ele a mataria." Verdade. Se era uma técnica, Vengeance teria ódio dela, a mataria.
"Ele não estuprou Ann."
"Sim. Meu pai filmou tudo. Vengeance esteve preso o tempo todo. Ann ficou por cima." E gostou, aquela puta adorou. Eles fizeram sexo durante dois dias quase que sem parar.
Dois tocou o rosto de Um. Ele estava entubado, não duraria muito tempo.
"Talvez você possa trazer insumos pra mim, escondido de seu pai. Eu posso recriar as drogas de regeneração. Ele pode conseguir." Gabriel ofereceu. E ele teria Um do seu lado. Poderia também fazer umas coisinhas a mais, fazer Um ficar quase tão forte quanto Vengeance.
"Não. Na verdade, eu vim aqui por outro motivo. Os trigêmeos. Eu não vi ameaça da parte deles, eles me anularam. Como podem ter feito isso?"
"Simple. Ele é o cérebro deles. O mais inteligente, tem o melhor faro, é o mais velho. Curiosamente parece ser o mais bonzinho. Jocelyn esteve na Reserva, ele deve ter sentido o cheiro de Jonathan, deve ter descoberto que ele era filhote de Leo. Não precisaria passar da entrada desse condomínio para, com uma inspiração, saber tudo. Sobre vocês, sobre Jonathan, sobre Andrew. E bolar um plano."
Ele acenou. Gabriel talvez não devesse ter falado tanto, talvez deveria mantê-los na ignorância sobre como os trigêmeos eram poderosos. Mas ele queria implodir o poder de Andrew sobre os clones, então, tinha de dar alguma coisa.
"E os outros dois?" Ele era inteligente, Gabriel percebeu.
"Perigosos. Candid é um manipulador. Afável, carismático, um doce, como muitos dizem, mas é cruel e um lutador exímio. É o mais forte, pelo menos era, até o tempo que estive lá. Seu pai tem genética superior e ele sabe usar isso, está sempre treinando, sempre correndo, levantando coisas. E tem apenas nove anos. Aos vinte, por exemplo, não sei se alguém poderá derrubá-lo." Gabriel pensou se deveria falar sobre Honest. Era sempre bom guardar uma informação, seja ela o mais inútil possível.
"E o outro?"
"Honest é um lutador. Fala mais que a boca, mas é forte, é dedicado. Os dois primeiros são mais dignos de nota, pelo menos na minha opinião."
Ele acenou.
Uma voz feminina estranha aos ouvidos de Gabriel foi ouvida e Dois saiu do porão. Gabriel conferiu os sinais de Um e se sentou a mesa.
Havia uma enorme quantidade de caminhos a seguir, até mesmo dizer que Jonathan, por ser felino e muito novo não produzia esperma adequado. Haviam os frascos, que deviam ser de vidro, e estarem em certa temperatura, não de plástico, informação que os dois cientistas não tinham, pois receberam os embriões, sem saber como Michael os conseguiu. Ou ele poderia produzir os clones. Apenas para provar que podia.
Não. Andrew levaria a glória. A comunidade científica do submundo era poderosa, cada descoberta era uma fonte inesgotável de dinheiro e poder, ele não daria isso de mão beijada a Andrew. E ainda havia o problema da data de validade. Ele sabia como anular isso, mas não diria.
Número Um e número Dois ainda viveriam por três anos, segundo o caderno de Anderson, e Romulus por cinco. Não havia como mudar isso. Anderson descobriu como melhorar o embrião clonado, mas eles já eram nascidos, não havia o que fazer.
"Onde está a minha mãe?" Jonathan perguntou. Sua voz demonstrava desespero, iriam forçá-lo, então.
"Ela está no hospital, seu avô não está bem, Jonathan. Ela não te disse?" A mesma voz feminina respondeu.
"Vamos assistir um pouco de tv? Você está nervoso, ela deve ter perdido o celular." Era uma voz jovem. Uma prostituta? Gabriel apurou bem os ouvidos e nariz. Não dava para sentir quase nada. Droga!
"Eu quero ver o meu avô!" Jonathan aumentou o tom da voz. Ele devia estar fora de si. Gabriel achava engraçado Jonathan ser tão suscetível às emoções.
"Como, Top Cat? Vai invadir o hospital? Ele não vai demorar a vir pra casa, você deve esperar." Dois disse, sua voz calma.
"Talvez seja melhor eu ir embora, eu volto depois." A voz jovem disse.
"Não. Tudo bem, vamos ver um filme. Eu estou preocupado com o meu avô. Ele já é um pouco velho." Jonathan, mais calmo falou.
"Eu não conheci meus avós. Eu sempre quis ter uma avó, para brincar comigo." Deus! Seria uma adolescente? Como conseguiram isso?
"A minha, só fala besteira. Eu gosto mais do meu avô. Ele me leva escondido da minha mãe num monte de lugares." Ela riu, uma risada contagiante.
"E como você faz para..." Gabriel apurou os ouvidos, ela estava cochichando.
" A calda? Eu escondo dentro da minha calça. O que eu mais gostei na Reserva foi que ninguém ligou pra ela, pra minha calda."
"Se eu tocar, dói?" A voz da desgraçada ficou sensual.
Puta que pariu! Se não tirassem Jonathan dali, Andrew conseguiria o que queria.

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LEO
FanfictionLeo sempre odiou os humanos. Tanto que viver na Reserva, bem na Zona Selvagem o fazia feliz, exatamente por não haver humanos ali. Ele tinha tudo o que precisava: amigos, trabalho duro e uma paisagem linda. Até o dia em que encontrou uma linda human...