Noah deu a volta na casa e entrou no porão por uma porta lateral. Ele estendeu um saquinho para Gabriel que pegou e começou imediatamente a misturar tudo.
"Preciso de um pouco do seu sangue. Rápido." Gabriel estava em seu elemento, ele mal terminou de falar e já foi logo enfiando uma agulha no braço de Noah. O sangue jorrou dentro da seringa. Ele misturou, ligou um bico de bunsen e aqueceu um frasco bojudo.
Noah olhava para Adam. Ele tinha tido uma visão de manhã, o rosto azul de Adam os olhos como pedaços de vidro azul. E Noah chorou. Na visão. Ele não choraria, não se deixava levar pelas emoções.
Os aparelhos grudados no corpo de seu irmão apitavam, ele estava todo coberto, por causa do frio dali. Gabriel aplicou no pescoço dele toda uma seringa de um líquido amarelado.
"E agora?" Gabriel sorriu.
"Agora esperamos." Noah estava muito ansioso sua cabeça doía, ele sentia mais frio que de costume. Gabriel examinou os olhos de Adam, mas não disse nada.
"Está funcionando?" Toda angústia o afogava. Ele iria comer o coração dos tais leãozinhos se Adam morresse. Não foi ele, Adam, que o matou, foram eles que o enraiveceram.
"E então?" Gabriel deu de ombros.
"Eu vou te matar se ele não sobreviver, vou matar você, seu filho da puta! Você foi a nossa ruína, você acabou com a nossa família!" E o primeiro soco veio. Gabriel voou longe. Ele não ia revidar, era impossível. Gabriel registrou bem o estilo de luta de Noah. Era exatamente como Vengeance lutava. Exatamente, sem nenhuma chance de reação, cada soco era mortal. Ele quebrou seu maxilar, os ossos de sua costela e externo. Tudo com socos precisos. A dor cegou Gabriel, ele não morreria imediatamente, Noah teria de arrancar seu coração.
"Eu acho que chega, Noah. Ele é meu amigo, ainda que seja um desgraçado. Jericho, me pediu para protegê-lo, Justice também." Noah se virou, já lançando o corpo sobre Vengeance. Finalmente! Finalmente iria acabar com aquele estuprador nojento. O primeiro soco falhou. Noah se afastou e se localizou. Os filhos da puta dos trigêmeos, o pai de Jonathan, Silent, o gigante que abriu a guarita para ele. Hunter também, além de um outro que o olhava diferente, com sangue nos olhos. Esse era tão sanguinário quanto ele, Noah. Todos olhavam para Gabriel caído e para Noah. Ele deu um passo, ficou a frente de Gabriel e sorriu. Ou o enfrentavam ou Gabriel morreria afogado em seu sangue. Suas costelas perfuraram seus pulmões, ele lutava para colocar ar dentro dos pulmões furados, era lindo.
"Eu vou levar um ou outro de vocês, e nem preciso de minha vidência pra isso. Ou ele pode me enfrentar, o que for melhor pra vocês." Ele apontou para Hunter.
"O filho amado contra o filho rejeitado. O filho concebido contra o cuspido." Ele sorriu. Hunter respirou fundo e esticou a coluna. Ele era forte, mas ainda não tinha chegado a plenitude da força de seu pai, nem a seu tamanho, era uns poucos centímetros menor, diferente de Noah.
"Você não é meu filhote." Vengeance disse, o olhar de piedade fez Noah se lançar com tudo em Hunter. Ele perderia seu filho, seria a última coisa que Noah faria.
Hunter desviou. Noah voltou a carga, mas ele desviou, com tanta facilidade que sorriu. O desgraçado estava vendo seus golpes! Noah se lancou, mudou a direção, mas ainda assim, Hunter desviou. E Noah atacou uma e outra vez, mas Hunter desviou.
"Me acerte covarde! Pare de fugir!" Noah cuspiu na cara de Hunter, ele desviou e Noah aproveitou. O soco o lançou longe, quebrou uma estante onde haviam ferramentas. Hunter, porém, mal bateu as costas na estante, se lançou sobre Noah e o acertou em cheio de lado. Noah cuspiu sangue, seus rins deviam ter virado pó.
"Eles são iguais, essa luta vai demorar anos!" Um dos trigêmeos, de verde, disse. Noah estava fora de si. Desgraçado! Ainda tripudiava! Noah morreria, mas o levaria. Ele voou na direção do filhote e Vengeance o encontrou no ar. O soco o lançou longe. Noah se levantou, ele lutaria até o fim.
"É sua última chance. Eu estou disposto a conversarmos, eu entendo que você foi criado em meio a mentiras, mas não vou deixar você machucar aqueles que eu amo." Vengeance disse e se abaixou em posição de luta. Noah o imitou. Era o fim, exatamente como ele viu, ele morreria nas mãos de seu pai.
Vengeance esperou, Noah esperou. Uma visão começou a eriçar sua coluna, uma visão daquelas! Adam morto. Adam rodeado pela família de Vengeance, havia uma garotinha, ela alisava o rosto de Adam e chorava. As lágrimas dela molharam o rosto de Adam, seus olhos estavam fechados e diferente da visão da manhã, seu rosto expressava paz. Havia até um rastro de sorriso em seu rosto.
Noah piscou. Vengeance esperava, não se ouvia um único suspiro no porão. Nada.
"Jonathan está se dando bem lá em cima, a propósito." O filho da puta vestido de verde disse. Jonathan não poderia ouvi-los, o lugar era a prova de som.
Adam moveu a cabeça e inspirou ruidosamente. Noah virou o rosto em sua direção e o Nova Espécie sanguinário o pegou. Ele o segurou pelo pescoço e forçou sua cabeça para tras. Noah viu dois dos trigêmeos subirem as escadas, viu o gigante arrastar Gabriel, o pegar nos braços e sair correndo. Ele uivou o som reverberando pelas paredes e os atingindo. O trigêmeo que ficou colocou as mãos nos ouvidos. Noah uivou de novo. Sua cabeça parecia que ia explodir, mas a do outro iria primeiro, ele sentia que era assim que escaparia.
"Noah..." Adam disse, sua voz num sussurro.
E Noah se calou. O Nova Espécie continuava a torcer seu pescoço. Noah olhou nos olhos de Vengeance e ele implorava com os olhos.
"Vamos pra casa. Vamos pra casa, podemos explicar. Eu não sabia, eu nunca soube."
"Você vai me matar, eu vi. Não confio em você!" O soco que tomou no rim, estava cobrando seu preço, sua força, estava diminuindo, e o agarre do Nova Espécie aumentava, ele ganhava terreno, Noah sentia suas articulações do pescoço começarem a ceder.
"Noah... Vamos para casa..." Adam disse, num fio de voz. Sirenes da polícia começaram a soar, o Nova Espécie hesitou e Noah uivou. Com todo a ar que havia em seus pulmões, o Nova Espécie o soltou, Noah correu como o vento. Passou por todos e se lançou na noite que se iniciava.

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LEO
FanfictionLeo sempre odiou os humanos. Tanto que viver na Reserva, bem na Zona Selvagem o fazia feliz, exatamente por não haver humanos ali. Ele tinha tudo o que precisava: amigos, trabalho duro e uma paisagem linda. Até o dia em que encontrou uma linda human...