CAPÍTULO 25

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Jocelyn se espreguiçou na cama e pensou que deveria voltar a correr. Leo simplesmente foi pra cima dela como um rolo compressor e ela estava muito cansada. Teria de aumentar seu condicionamento físico se fosse mesmo ficar ali.
E isso era o que eles tinham de conversar. Ela foi para a Reserva para investigar a história de Pride e seus filhos, mas acabou ficando lá por causa de Jonathan, que os leãozinhos sequestraram.
E o silêncio de Andrew estava a matando de expectativa. Num tribunal, ele conseguiria pelo menos continuar com a guarda compartilhada, isso era certo, e o nome dela seria arrastado na lama. Ele faria questão de deixar claro que ela engravidou de Leo, quando ainda era casada com ele. E ainda havia o fato de Andrew poder dizer que ela mentiu sobre o bebê ser dele, que só descobriu quando o bebê nasceu na metade do tempo que deveria nascer.
Jocelyn sabia que podia estar exagerando. Que talvez ela e Andrew poderiam firmar um acordo.
Mas Andrew era perigoso, mentiroso. Adam e Noah eram prova disso. Jocelyn ainda se lembrava quando Jonathan chegou em casa contando que tinha dois irmãos e que esses irmãos eram como ele. Jocelyn ligou para Andrew e ele disse que eles eram como Jonathan, Novas Espécies, e que o pai não sabia que existiam. Ela foi a casa de Andrew e quase caiu pra trás quando viu que eram filhos de Vengeance. A história foi que Vengeance estuprou a mãe deles, que era uma técnica nas instalações, e que o cientista que era amigo de Andrew os criou. Quando o cientista morreu, deixou uma fortuna para Andrew desde que cuidasse dos dois. Jocelyn não gostou deles de cara, mas Jonathan tinha só dois anos e precisava de amigos, ou irmãos, e eles fizeram esse papel. Não pareceu uma história absurda para ela na época.
Jocelyn estava encantada, porém. Com a beleza da vida simples que eles levariam se vivessem ali. Aquele era o lugar de Jonathan. Seu filho nunca foi tão feliz.
Uma lágrima desceu por seu rosto, ao pensar que ela o privou de tudo aquilo. Ela só precisava levar Jonathan ao portão, e a deixariam entrar. Mas a deixariam ficar?
Ela balançou essas antigas incertezas, essa culpa por algo que não era mais possível consertar.
O tempo passou, Jonathan estava ali e Leo e ela estavam fornicando como dois coelhos. Ela sorriu. Ele não usou camisinhas durante toda a noite e ela poderia estar grávida de novo. Pelo menos da primeira vez foi assim: uma noite e sua vida mudou para sempre.
Ela foi ao banheiro e tomou um banho quente, deixando a água acalmar seus músculos cansados. Ela se enrolou numa toalha grande e saiu. Vozes no escritório chamaram sua atenção e como a toalha era muito grande ela abriu a porta e viu que Leo não estava sozinho.
Ele se aproximou dela, a beijando na boca. Ela fechou os olhos.
"Volte pra cama e não se vista. Me espere." Ele sussurrou no ouvido dela, Jocelyn quase se derreteu ali mesmo.
"Não precisa ficar aqui, Leo. Já estou resolvido, nada que disserem vai mudar minha decisão." Um Nova Espécie desconhecido disse. Jocelyn nunca o tinha visto, ele era diferente, tinha a pele escura, cabelos marrons com mechas loiras e olhos amarelos. Muito bonito, ainda que suas presas fossem grandes e apontassem em seus lábios.
"Você não está raciocinando direito, Bells. Não pode fazer isso!" Simple ergueu as mãos.
"Dusky salvou Jewel. Ann é a fêmea dele! Jewel gosta dela. Michelle gosta dela! O que mais posso fazer? Eu tenho pena dela!" O Nova Espécie disse, seu olhar implorava compreensão por parte de Simple.
Simple suspirou.
"Por favor, Bells. Dusky não quer ser padrinho de Jewel se isso significar que Ann será madrinha. Ele me pediu para te convencer a não convidá-lo para não ter de dizer não, para não ferir seus sentimentos." Simple disse.
O Nova Espécie, Bells, se sentou e chorou. Jocelyn nunca tinha visto um homem feito chorar assim. Ela olhou para Vengeance, que se abaixou a frente de Bells e disse:
"Por que está tão triste, Bells? Dusky odeia Ann, mas não consegue deixar ela ir, eu mesmo já ofereci cuidar dela, mas ele não deixa. Por que é importante para você que ela seja a madrinha?" Ele perguntou a voz calma, como se conversasse com uma criança.
Bells ergueu os olhos e olhou para Leo.
"Ele quer pagar o mal com o bem. É como a história de Flora, a que ela lhe deu, não é, Bells? Quer apagar a dor de Dusky, você acredita que alguém tem de fazer uma coisa bonita para Ann, para combater a feiúra do que ela fez, não é?" Leo disse e o outro baixou a cabeça.
Vengeance se levantou e suspirou.
"Ela atirou em meu peito, mentiu sobre ser mãe dos meus filhotes, sugeriu trocarem os filhotes de Pride por Harrison. Ela fez muita coisa errada, Bells, e só por que ela podia. Se ela for mesmo batizar Jewel, não sei se irei no batizado, me desculpe, mas eu quero distância dela."
"Se Livie estivesse aqui, ela iria no batizado?" Bells perguntou, Vengeance se sentou, fechou os olhos, parecendo se concentrar em algo. Suspirou, abriu os olhos e disse:
"Não podemos impedir, Simple. Deixe ele fazer o que quiser." Vengeance se levantou e saiu.
"Bells, sabe o quanto te amamos, não nos faça nos afastar de você." Simple disse, o semblante duro. Jocelyn estava achando aquilo tudo muito estranho, mas ela não sabia de tudo.
"E você sabe o quanto eu amo vocês. O quanto eu devo a vocês. Mas se eu fizer o que querem, que tipo de macho eu serei? Que tipo de pai eu serei para Jewel? Ou para o outro filhote que está no ventre de Michelle? Eu sei o que estou fazendo, Simple!" Ele disse. Leo sorriu para ele, um sorriso enorme
"Bells! Parabéns! Por que não contou?" Bells sorriu, ele era mesmo muito bonito, seus olhos pareciam neons, muito amarelos.
"Acabamos de descobrir. Jewel parece já saber, ela está muito mais apegada a mim e a Michelle, fica no colo dela e segura meu cabelo. E chora muito alto quando vou trabalhar, estou quase pedindo uma licença, Michelle está passando mal e..." Jocelyn sentiu alegria por ele e adoraria ajudar.
"Será que Jewel ficaria aqui? Eu adoraria ajudar." Ela sorriu.
"Acho que não, ela não gosta de mim." Leo disse sorrindo.
"Ela gosta de Ann. Quando Gabriel a curou, ela chorou e você sabe como o choro dela é. Gabriel começou a sofrer e Ann foi a primeira pessoa a cantar para ela. Só assim, Gabriel pode aplicar algo em Jewel para ela dormir. Ontem, Michelle teve de ir ao hospital e eu a deixei com Ann e quando voltei, Ann disse que ela passou o dia todo brincando. Como posso escolher outra pessoa?"
Simple suspirou.
"Eu não concordo. Ainda acho errado..." Nessa hora, Honest entrou no escritório. Ele estava agitado.
"Cala a porra dessa boca! Eu estava lá, não você, Honest. Eu vi ela sorrir para o homem que explodiu os miolos de Blue! Eu! Não fale em meu nome, não sobre isso! Deixe Bells em paz, deixe ele fazer o que quiser, ele é assim, ele não é como nós, ele sabe o que é amar uma pessoa, ele entende o poder curativo do amor. Nós não entendemos, não somos como ele. E é por isso que o amamos tanto. Faça, Bells, convide Ann para ser  madrinha de Jewel e eu estarei lá. Com muita raiva, muito ódio dela, mas eu estarei lá. E Simple também."
Jocelyn não entendeu nada.
Simple ou Honest não moveu um músculo enquanto Honest ou Candid, afinal, Leo vivia o chamando assim, falava. Eles se encaram.
"Filhotes. Calma, não briguem."
"Não haverá briga, Leo." Simple disse e saiu. Leo olhou para o outro e ele saiu atrás.
Bells se levantou e disse:
"Eu não queria isso, Leo. O que será que vai acontecer agora?" Ele disse e saiu também.
"Onde está Jonathan?" Jocelyn perguntou.
"Está limpando uma jaula com Hush." Ele disse, o olhar meio perdido.
"Pode me explicar?" Ele acenou, se sentou e fez sinal para ela se sentar no colo dele. Jocelyn se sentou e o beijou na boca, sentindo o quanto ele estava chateado com a situação.
Ele começou a contar, a voz baixa. Contou sobre a invasão, a morte de Blue, a participação de Ann Graham, sobre Gabriel, que agora devia estar com Andrew, contou sobre as experiências de Gabriel em Ann e o que ela se tornou, sobre o sofrimento de Dusky, sobre Jewel e Michelle, sobre a dificuldade de Bells e Michelle de compartilharem sexo, devido ao veneno de Bells.
Jocelyn fez algumas perguntas, mas o relato dele foi tão completo, que ela se surpreendeu com a capacidade cognitiva dele. Leo falava pouco, embora agora estivesse mais falante que antes, ainda falava pouco, mas se  demonstrava um grande observador e conhecedor da alma das pessoas.
Honest apareceu no escritório e os chamou para o almoço. Jocelyn entendeu que ao invés de ir atrás do irmão, ele se refugiou na cozinha e preparou a refeição.
Jonathan apareceu todo suado e com um grande sorriso no rosto. Hush também estava como ele, inclusive com o rosto sujo.
"De onde tiraram a idéia de que vão comer conosco sujos e fedidos desse jeito?" Leo perguntou, o rosto sério.
Hush o abraçou apertado e Jonathan também, rindo.
"Agora você também está fedido, pai." Ele continuou rindo. Honest deu um pequeno sorriso, a tristeza nos olhos dele cortava o coração dela.
"Vamos lá atrás, tomar um banho rápido de mangueira. E a senhora, Jocelyn, vá se vestir." Leo comandou.
No quarto Jocelyn observou uma quantidade de roupas dobradas na cama. Estavam limpas com um leve cheiro de amaciante. Ela desdobrou uma blusa de alças, feita de um tecido leve e resolveu vestir, combinando com uma saia ampla também de vestido leve. Ela suspirou, era muito bom se sentir bem vestida e feminina.
Ela penteava seus cabelos quando Leo entrou no quarto todo molhado.
"Nossa! Está linda! Vejo que gostou das roupas que Simple trouxe."
"Simple? Ele trouxe?" Aquela gentileza não combinava muito com os olhos frios de Simple.
"Por que a surpresa? Todos os três são bons filhotes. Eles tem a irritante mania de se intrometer nos assuntos dos outros, mas são bons. Pelo menos com quem não entra no caminho deles. E essas roupas estavam para doação, espero que não se importe."
Jocelyn tocou no tecido leve e bonito da saia. Se ela tivesse uma saia daquela a usaria sempre.
"Eu não me importo. Eu adorei essa saia." Ela girou sobre si, fazendo a saia se abrir. Leo riu. Jocelyn gostou do som da risada dele, a encheu de ternura.
"É melhor ir almoçar ou então não sairá desse quarto tão cedo." Ele tirou a camiseta molhada.
"Isso é uma promessa?" Ele fechou a cara.
"É. E você tem exatos três segundos para sair." Ele tirou a calça, exibindo sua enorme ereção.
Jocelyn correu para fora, ela estava faminta.
O almoço foi protagonizado por Jonathan contando como fez para 'domesticar' o gato selvagem de Rubi, apenas numa manhã. Jocelyn sorria, ainda que estivesse meio preocupada com a obsessão dele por garotas. Ele dizia que iria encantar Rubi e que ela seria amiga dele, como Flora era de John. Honest perguntou se ele se tornaria violento se outra pessoa se aproximasse de Rubi, como John era e Jonathan disse que esperava que Rubi não fosse como Flora, que convidou Harrison para ir passear com ela. Jocelyn olhou para Honest com seriedade. Honest sorriu travesso e deu de ombros. Jocelyn só pôde esperar que Jonathan não sofresse caso Rubi não quisesse ser amiga dele.
O almoço terminou e Leo teve de ir verificar uma jaula, Jonathan e Hush foram continuar o trabalho de adestrar o gato selvagem e Jocelyn foi lavar a louça e arrumar a cozinha.
Quando estava secando a louça, Honest apareceu, pegou um pano de prato e a ajudou.
"Você deve estar se perguntando o porquê da minha explosão." Ele afirmou.
"Bom, eu fiquei mais intrigada foi por você ter chamado Simple de Honest. E também por Leo ficar a todo momento te chamando de Candid. Quanto ao que você disse sobre Bells, eu achei muito bonita a sua atitude de apoiá-lo, mesmo tendo ódio de Ann. Leo me contou como foi, me contou também o quanto você foi corajoso."
Ele se sentou, a dor da lembrança espelhada em seus olhos dourados.
"Eu realmente achei que ia morrer. Eu disse ao meu tio que o amava e sabe, Jocelyn? A certeza de que eu estava dizendo a verdade, me tirou o medo da morte. Eu amei meu tio, meus irmãos, meus pais, até Daisy, naquele segundo em que eu fechei os olhos." Ele riu quando brincou dizendo o nome da irmã.
"Quando eu  os abri, meu tio tinha enfrentado o filho da puta e eu estava vivo. Mas Blue estava no chão, a cabeça explodida."
Jocelyn segurou a mão dele. Uma mão forte, com calos nas pontas. Não era a mão de uma criança, era a mão de um jovem.
Ela não disse nada.
"E por que Simple ou Honest tomou a decisão de ir contra a vontade de Bells, se foi você que presenciou Blue morrer?" Ela queria muito entender essa dança das cadeiras deles.
"Por que ele é Simple esse mês. E Simple é o líder. Nós lutamos e ele ganhou. Eu era Simple quando a invasão aconteceu, eu estava aqui, trabalhando, de castigo." Ele sorriu de novo, ela sorriu também.
"Trabalhando?" Jocelyn perguntou com ironia.
"Mais perturbando Leo e Hush na verdade." Ele disse.
"Então, como foi ' Simple' que presenciou a morte de Blue, 'Simple' deve ser contra Ann se tornar madrinha de Jewel." Ele acenou.
Jocelyn considerou que era muito difícil o que eles faziam.
"Por que fazem isso? O que ganham com isso? E que diferença faz se quem vencer, for o líder, usando seu próprio nome?" Ele sorriu.
"Simple é o mais velho. Ele foi quem desenvolveu o super faro primeiro, ele também é o mais inteligente de nós. Nós crescemos com Simple tomando as decisões, mas aí, Honest começou a se rebelar, e começamos a votar sobre a melhor maneira de se fazer alguma coisa, não deu certo. Um dia, Harley queria saber com quem Chimes tinha compartilhado sexo na cabana dele. Ele viajava e alguém usou a cabana dele para compartilhar sexo com Chimes. Ele tinha estado um tempo com ela, então não gostou, mas não queria perguntar a ela e queria quebrar a cara do macho. Simple tinha saído com a mamãe, então, Honest vestiu uma camiseta vermelha, disse que era Simple, descobriu o que Harley queria e recebeu o pagamento. E então vimos que seria bom um de nós se dizer Simple, se Simple não estivesse. Daí para lutarmos para ser Simple foi só um passo." A cabeça de Jocelyn girou. Era muita coisa para absorver.
"Pagamento?" Era uma coisa que ela não entendeu.
"Sim. Simple cobrava para fazer uma ou outra investigação que seu super faro pudesse fazer, que o faro dos outros não podia. E cobrava. Brinquedos na maior parte. Sempre em três, um para cada um de nós." Jocelyn abriu a boca.
"E pagavam?" Era estranho imaginar alguém pagando uma criança com brinquedos para investigar algo através do cheiro.
"Sim. Tínhamos muitos brinquedos. Ainda guardamos muita coisa. Quando um novo filhote chega, fazemos uma caixa e doamos. Jewel já mastigou todos os brinquedos da caixa que demos a ela. Ela tem dentes e presas muito fortes." Jocelyn se lembrou de Leo contando que o doutor Gabriel tinha feito algo com Jewel e que agora ela não era um bebê humano comum.
"O que vocês investigavam?" Jocelyn estava cada vez mais curiosa. Era seu lado repórter.
"Muita coisa. Principalmente quem tinha compartilhado sexo com quem. As fêmeas são muito independentes e gostam de variar, mas os machos não gostam de saber que uma fêmea tinha estado com seu amigo, por exemplo. E as fêmeas não comentavam com quem elas ficavam, então, Simple entrava em cena. Fora que às vezes algum macho desenvolvia sentimentos por uma fêmea e dizia que estava com ela. Os outros achavam melhor Simple confirmar do que perguntar a fêmea em questão. Nossas fêmeas são discretas e elas são ótimas chutadoras de saco. Fale alguma coisa que uma fêmea Nova Espécie não goste, e perca as bolas, esse é o lema delas." Jocelyn se lembrava de Breeze. Ela era uma gigante assustadora.
"Então, vocês trocam a liderança e Simple é o líder. E por que você é Honest e não Candid?" Ele sorriu.
"Lutamos para ser Simple, mas somos três, então o primeiro a se machucar feio e sair da luta, fica com a camiseta verde, é Honest. Os outros dois continuam lutando e o último a ficar de pé é Simple, o derrotado é Candid. Honest veio disposto a ganhar então, chutou minhas bolas e me mordeu no pescoço." Ele virou o pescoço e havia uma linha branca em sua pele bronzeada, tinha sido um machucado feio.
"Simple é um bom lutador, mas ele só não queria ser Honest. Quando eu caí, ele se rendeu. Honest então, é Simple esse mês." Jocelyn ainda tinha muitas perguntas, mas ele se calou.
"Por que está me contando tudo isso?" Ela perguntou. Ele deu de ombros e sorriu.
"Às vezes fazemos isso. É bom falar com alguém, desabafar. É difícil conhecer alguém que não surte com toda essa história." Jocelyn entendeu.
"Sabe, eu continuo não vendo o porquê de trocarem de nomes, mas entendo a idéia de se ter um líder, uma vez que você começaram a se meter nos assuntos das pessoas muito novos, pelo que entendi. Vocês são muito inteligentes, essa coisa de rodízio deve desafiar vocês, faz com que estejam sempre alertas. Mas o preço é estarem presos a personalidades que não são as de vocês."
"Eu acho isso o mais divertido, Jocelyn. Veja, Simple é o mais velho, o mais sério, o que decide as coisas, o que resolve a direção que tomamos. Ele está quase sempre pensando em milhares de coisas ao mesmo tempo. É cansativo. Candid é calado, prestativo, observador, o cérebro do grupo. E Honest fala pelos cotovelos, é inconveniente, diz as coisas que não diríamos, na maioria das vezes, além de ser os músculos. Eu gosto de ser Honest, é a personalidade que mais se aproxima da minha, embora eu goste de pensar bem no que dizer. Honest é apaixonado pela liderança, ele é o que mais foi Simple até agora. Ele é truculento, direto e um pouquinho cruel. Simple é inteligente demais, frio e calculista, ele bola todos os planos, é um pouco distante. Ele é perfeccionista, e diligente em tudo o que faz. É o melhor desenhista, o melhor cozinheiro. Quando sou Simple, eu me espelho nele. Quando sou Honest, tento me divertir e quando sou Candid, aproveito o silêncio para me conhecer, absorver as pessoas, seu modo de ser e agir, e o mundo a minha volta. Ninguém tem essa oportunidade, nós temos."
Ele realmente gostava do que eles faziam, e Jocelyn acabou vendo o mérito nisso.
"É, você sabe se expressar muito bem e é um manipulador nato. Estou totalmente convencida de que devem continuar com isso." Honest e ela riram.
"E quanto as pessoas que sabem?" Ele deu de ombros.
"Tio V. pensa como você, ele nos ama como somos, e nos entende, ele vê o mérito da questão. Bells não entende nada do porque fazemos isso, até hoje não entendemos como ele sabe nos diferenciar, ele não é um Nova Espécie comum de muitas formas. Ele não se importa. Vive nos chamando pelas cores de nossas roupas e o amamos demais para apagar a mente dele, temos medo de causar algum mal. Dusky não contaria para ninguém, ele é cego, pode nos diferenciar, por que diz que enxerga a aura das pessoas, seja lá o que for isso. Leo tem uma capacidade chamada memória do cheiro, e por isso, ele consegue me diferenciar dos outros e usa a observação para deduzir quem é Simple e quem é Honest. Embora ele possa errar sobre os dois, ele sempre saberá quem sou eu. Mas eu confio nele. Tenho de confiar uma vez que a mente dele é, sei lá, blindada contra a nossa sugestão. A nossa família não se importa em nos diferenciar, na verdade só Noble e Pride podem realmente fazer isso. Nossas irmãs dizem que sabem nos diferenciar, mas não sabem, elas chutam, as vezes acertam, embora também não dão importância." Jocelyn ouviu o que ele disse, mas uma frase chamou muito a atenção dela: quando ele disse que não apagam a mente de Bells. Eles podem apagar a mente de uma pessoa? E o que significava Leo ter a mente blindada? Ela o olhou e viu algo diferente nos olhos dourados.
"Obrigado pela atenção, Jo. Foi bom conversar com você, você é uma boa ouvinte. Agora esqueça tudo o que eu disse, tudo sobre meus irmãos e eu, nossa história, sobre nossa luta pela liderança, sobre nossas personalidade. Tudo. E não se importe quando Leo me chamar de Candid."
Jocelyn ouvia a voz dele, mas parecia que vinha de longe, muito longe. Ela se sentiu cansada. Talvez se fechasse os olhos só um pouquinho, ficasse melhor...

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