Capítulo 1

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Dez anos depois

Joanne nunca mais viu James depois que a família dele se mudou para San Francisco, no início eles ainda trocavam mensagem todos os dias, mas depois James entrou na faculdade de artes e aos poucos as mensagens foram ficando mais espaçadas, até finalmente cessarem. Algum tempo depois, ela também entrou na universidade e, incentivada pelo pai, acabou seguindo a mesma carreira que a dele. Agora ela estava com 24 anos e era uma médica recém formada e estava iniciando a carreira trabalhando em um hospital de Baltimore.

O pai dela não escondia o orgulho da filha ter seguido a mesma profissão que a dele e tinha planos para os dois trabalharem juntos algum dia. Diferente do pai, Joanne estava se especializando em oftalmologia e depois de terminado o curso, era iria trabalhar no consultório do pai. Ela não tinha grandes ambições na vida, queria apenas uma profissão segura que lhe garantisse um bom padrão de vida e uma vida tranquila na cidade natal.

Quando tinha algum tempo livre, Jô sempre ia visitar o pai, Dundalk não era longe do centro de Baltimore onde ela morava e a viagem de carro era curta. Naquele sábado ela estava de folga, então Jô acordou bem disposta e pegou sua mala com algumas roupas e foi até a casa de seu pai. Ela estacionou em frente a garagem e viu seu pai que estava cuidando do jardim. Assim que a viu, ele tirou as luvas e depois a recebeu com um forte abraço e depois a beijou no rosto.

- Você está linda querida, que bom que veio visitar seu velho, estava morrendo de saudade – ele falou enquanto os dois entravam em casa.

- Com 48 anos você está longe de ser um velho – ela falou achando graça do pai se referir a ele mesmo desse jeito.

- Vou fazer um café enquanto você guarda suas coisas – Willian falou enquanto se dirigia para a cozinha, Jô pegou sua mala e subiu as escadas até o seu quarto, que continua igual desde a época em que ela era uma adolescente.

Ela colocou a mala no chão e depois olhou para o quadro que James havia-lhe dado tantos anos atrás e depois se aproximou e tocou a moldura com carinho.

- Por onde você anda James, que até agora não cumpriu sua promessa de voltar para mim? – ela sussurrou com tristeza, enquanto olha a figura dos dois juntos na tela.

Afastando aqueles pensamentos, ela desceu as escadas e foi se encontrar com o pai que estava passando um café fresco, o cheiro gostoso inundava todo o ambiente.

- Que saudade do teu café pai, em Baltimore só tomo café de máquina, mas não é a mesma coisa – ela falou enquanto aceitava a xícara que o pai haviam-lhe servido.

- Sei que meu café é inigualável – ele falou em tom de brincadeira e depois olhou para a filha com um olhar pensativo.

- O que foi? Porque está me olhando desse jeito? – ela perguntou depois de o pai a olhar por um longo tempo sem falar nada.

- Você tem algum namorado?

- Que pergunta papai, é claro que não. Estou esperando James voltar e sinto em meu coração que isso está bem próximo de acontecer, que irei vê-lo em um futuro não muito distante – Jô falou com sinceridade, pois a sua intuição lhe dizia que isso iria acontecer.

- Acho que você não deveria estar se apegando a uma promessa feita quando vocês eram adolescentes. É provável que James nem lembre mais disso, que tenha uma namorada ou até já esteja casado, afinal já tem 27 anos. O que você precisa é namorar algo, amar outra pessoa, aí você vai conseguir se libertar dessa promessa – Willian falou com preocupação, afinal a filha já tinha completado 24 anos e nunca tinha se envolvido com ninguém, sempre a espera de James voltar.

- Pai só irei mudar de ideia depois que falar com James, se ele não quiser cumprir a promessa ou se estiver com outra pessoa, então serei a primeira e seguir em frente - Jô falou com incomodo, pois vira e mexe, o pai voltava a esse assunto e ela ficava com medo de que ele estivesse certo e de que James havia esquecido dela.

- Também preciso falar com você sobre outro assunto delicado: a sua mãe – o pai ela falou e deu um profundo suspiro.

- O que tem ela, desde que me lembro por gente, ela nunca foi assunto nessa casa – ela falou já apreensiva pela cara do pai, que não parecia contente com o que iria falar.

- Eu sei disso, mas agora você já é uma mulher adulta e pode tomar as suas próprias decisões – ele falou pesaroso com esse fato – Recebi um telefonema de sua mãe alguns dias atrás, ela diz que quer vê-la e reconectar os laços entre vocês duas. Ponderei se devia ou não me envolver e cheguei à conclusão que você pode decidir isso por você mesma, sem que eu influencie sua decisão.

- Depois de tantos anos ela voltou a querer saber de mim, confesso que estou surpresa com isso – Jô falou com indiferença, sabia que sua mãe estava viva, mas que nunca havia se interessado por ela antes daquele dia.

- Ela está morando em Malibu e é uma pintora famosa, reconhecida internacionalmente. Foi o que ela sempre quis, fama e dinheiro. Viver com um médico e uma filha em Dundalk nunca fez parte dos sonhos dela – Willian falou com amargura e Jô viu que aquilo ainda o magoava profundamente.

- Faço o que você quiser, se isso o incomoda, não preciso vê-la, pois você sabe que é a única pessoa que importa para mim – Ela falou depois de se levantar e dar um abraço no pai que ainda permanecida sentado na cadeira.

- Não deixe as mágoas desse velho influenciar em sua decisão, afinal ela ainda é a sua mãe e acho que você merece conhece-la, mesmo se depois você não quiser saber mais dela ou não – o pai falou com convicção, pois não queria que ela tomasse uma decisão baseada na opinião dele.

- Como ela é? – Joanne perguntou depois que voltou a se sentar na cadeira.

- Muito parecida contigo, a mesma cor dos cabelos e olhos, os mesmos traços no rosto. Claro que agora ela já tem 44 anos deve estar diferente, mas acho que você se reconhecerá nela – o pai falou e Jô viu que ele estava com o pensamento distante, provavelmente relembrando da época em que estavam casados.

- Eu tinha 4 anos quando ela foi embora, então realmente não tenho nenhuma lembrança dela – Jô falou enquanto tentava em vão lembrar algo sobre a mãe.

- Enquanto esteve conosco, ela foi uma boa mãe para você, mas Daphne era um espírito livre e inquieto e quando ela decidiu ir embora, a deixei livre para seguir seu caminho e com o tempo ela nunca mais voltou e não fez mais contato com nenhum de nós dois – ele falou lembrando do quanto quis proteger a filha da indiferença da mãe, mas agora tinha chegado o momento das duas se conhecerem.

- Ela me ligou querendo saber como você estava e se existiam alguma possibilidade de você visita-la, ela quer que você alguns dias com ela para vocês se conhecerem melhor. Depois da separação sua mãe voltou a usar o nome de solteira, Daphne Turner e ela deixou o número de telefone para você entrar em contato – o pai falou enquanto lhe entrega o número de telefone da mãe.

- Prometo que vou pensar sobre isso pai, não vou decidir nada nesse final de semana que reservei para o senhor. Se eu decidir ir, durante a semana eu ligo para ela, também tenho que ver como estão os meus horários no hospital – Jô falou enquanto guardava o papel no bolso da calça.

Joanne passou o final de semana com o pai e acabou não pensando mais na mãe, entretanto, durante a semana quando ficou sozinha em casa de noite, pensou que seria interessante conhecer a mãe. Não sabia nada a respeito dela e, por isso, ela fez uma pesquisa no google e viu que ela era bem famosa e que suas pinturas eram bem valorizadas, sendo vendidas por altas somas. Nas fotos que ela viu, a mãe era uma mulher bonita e bem conservada, e as duas eram bem parecidas. Ela raramente aparecia ao lado de algum homem e se referiam a ela com solteira e sem filhos. Pelo visto Daphne apagara seus rastros, tanto que nunca um ex-marido ou filha eram referidos quando falavam dela. Esse fato deixou Jô magoada, pois pelo visto na vida da mãe nunca houvera espaço para eles.


E agora, Joanne precisa se decidir se vai dar uma chance a elas e conhecer a mãe, apesar do histórico familiar ser contra ela, ou se vai ignorar a existência da dela! 😤🙄

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