Capítulo 4

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- Eu sempre soube que seu coração pertencia a outra mulher, só que nunca pude imaginar que fosse a minha própria filha – Daphne falou em tom de voz conformado, pois sabia que James nunca a havia amado.

- Me apaixonei por Jô quando tinha 16 anos e nunca deixei de amá-la, mesmo sendo praticamente uma criança, eu já sabia que queria passar o resto de minha vida ao lado dela. As circunstâncias da vida nos separaram e teve um período em que eu achei que tudo era uma fantasia de adolescente e então resolvi viver a vida que se apresentava na minha frente. Mas agora que voltei a vê-la, tudo voltou com mais força e agora tenho certeza que ela é a mulher da minha vida e vou lutar para tê-la de volta. Desculpe por magoá-la Daphne, mas na minha cabeça nossa ligação seria sempre temporária, os últimos acontecimentos apenas apressaram esse fim, mas acho que você sempre soube disso – James falou enquanto a abraçava com carinho.

A ligação deles havia sido importante para James, eles acabaram se ajudando com benefícios mútuos para ambos os lados. Ele havia prometido ficar com ela até o fim e iria cumpri sua promessa, mas ao mesmo tempo teria que lutar para obter de volta o amor de Jô.

Joanne que estava parada na janela viu toda a cena de carinho entre eles e teve certeza que ali havia muito mais que só amizade e naquele momento decidiu que não confiaria mais nele. De mau humor, ela se afastou da janela e voltou a se deitar na cama. Alguns minutos depois ela ouviu uma batida na porta.

- Posso entrar? – A mãe dela perguntou enfiando a cabeça na fresta da porta.

- Claro, fique à vontade.

- Acho que chegou o momento de colocarmos todas as questões a limpo. James já me falou sobre a relação de vocês, do namoro que tiveram na adolescência, da promessa que ele lhe fez e de todos os fatos que os mantiveram afastados até hoje. Mesmo sem querer, eu também faço parte disso e acabei interferindo no relacionamento dos dois – Daphne falou olhando com tristeza para a filha.

- O único culpado aqui é James que se afastou e nunca mais me procurou, não a culpo por nada – Joanne falou com sinceridade, pois achava isso mesmo.

- Não seja tão rigorosa com ele, James é uma ótima pessoa e acho que ele merece a chance de tentar ser feliz com você – a mãe dela falou e Joanne olhou para a mãe com curiosidade, pois algo não estava fechando nessa história.

- Decidi procura-la depois de tantos anos, pois estou morrendo e decidi pedir perdão para aqueles que magoe de alguma forma antes de partir – Daphne falou de supetão, deixando Joanne surpresa com a notícia que agora explicava muitas coisas.

- O que você tem? – Jô perguntou curiosa, com seu lado de médica vindo à tona.

- Tenho câncer de mama em estágio avançado, já com metástases no fígado – ela falou enquanto olhava a reação da filha que tinha uma expressão de incredulidade no rosto.

- Então realmente o seu caso é irreversível. A quanto tempo você sabe da doença? – Jô falou já sentindo pena dela.

- Em torno de 6 meses, assim que fiquei sabendo, cortei o cabelo e mandei fazer essa peruca que estou usando. O médico decidiu tirar toda a mama esquerda e colocar uma prótese no lugar. Com a quimioterapia, meu cabelo caiu todo, mas consegui que o câncer entrasse em um período de remissão. Mesmo assim, o médico foi realista e me deu em torno de um ano de vida, então estou aproveitando esse período para consertar ou redimir todos os meus erros antes de morrer – Daphne falou de maneira decidida e Joanne percebeu que ela estava preparada para aceitar a situação e a admirou por isso.

- Sinto muito! – Joanne falou enquanto a abraçava com carinho.

- Só lamento que nosso reencontro fosse nessas bases, eu deveria ter ido procura-la muitos anos antes – a mãe falou com tristeza enquanto olhava para a filha que havia herdado toda a sua beleza, mas parecia ter o temperamento do pai.

- E qual o papel de James em sua vida, vocês são namorados? – Jô acabou fazendo a pergunta para a qual mais temia ouvir a resposta,  mas precisava tirar esse assunto a limpo que tanto a estava afligindo.

- Eu e James fomos namorados por um ano e meio, mas depois que descobri a doença, ele nunca mais tocou em mim. Foi uma decisão mútua, nos dois decidimos não envolver mais o sexo em nossa relação. Agora ele apenas cuida de mim, me acompanha ao médico ou quando fico internada – Daphne falou a verdade mesmo sabendo que isso iria magoá-la, mas se os dois quisessem ter uma chance de serem felizes, a verdade precisava prevalecer.

- Então ele me mentiu, pois disse que vocês não eram amantes – Jô falou com raiva, pois queria muito ter acreditado nele.

- Ele não mentiu, já fazem 6 meses que não temos mais sexo – a mãe falou tentando defende-lo.

- E faz alguma diferença? Para mim ele transou com minha mãe e isso me basta – Joanne falou com teimosia, pois não aceitava a situação.

- Você está sendo injusta com ele, pois quando nosso envolvimento aconteceu, você em nenhum momento entrou na equação. Eu não sabia que vocês tinham sido namorados e nem ele sabia que eu era sua mãe, então nada foi feito de forma intencional para querer enganá-la. Se qualquer um dos dois soubesse disso, é claro que a gente nunca teria se envolvido. Então acho que o amor de vocês vai precisar superar essa barreira se vocês quiserem ser felizes juntos –  Daphne falou expondo a crua realidade dos fatos, mesmo sabendo que seria difícil para Joanne aceitar o que havia acontecido.

- Para você é fácil falar, ainda mais agora que não tem mais nada a perder, mas as coisas não são tão simples como você acha – Jô falou magoada com tudo, com James, com a mãe, com ela mesma por ter ficado tanto tempo esperando por ele.

- Eu sempre soube que James amava outra mulher, mas mesmo assim fui egoísta o suficiente para querê-lo para mim. Pude ter seu corpo, mas nunca tive nem seu coração e nem sua alma, hoje eu sei que esses sempre foram seus. Tenho certeza de que assim que eu morresse, ele iria atrás de você e você o aceitaria de coração aberto, por não saber da minha existência. Infelizmente eu interferi na relação de vocês, ao querer ver minha filha antes de morrer. Te peço Joanne, não deixe que meu caso com James estrague a sua chance de ser feliz com ele – Daphne falou emocionada e Joanne viu que ela estava sendo sincera em seu pedido.

- Vou deixa-la descansar, assim você aproveita e pensa sobre tudo o que eu lhe falei. Sei que você está numa situação difícil, mas deixe os preconceitos de lado e pense em seu amor por James, se você o ama o suficiente para superar essas questões – Daphne falou e depois saiu do quarto, sabendo que tinha dado um remédio muito amargo para a filha engolir.

A principio ela havia concordado com James que o melhor seria a filha não saber do envolvimento deles, mas depois de refletir muito, ela chegou à conclusão que o melhor era falar a verdade.  Se a relação deles iniciasse com base em uma mentira, poderia ser pior, pois ela tinha certeza de que algum dia Joanne haveria de descobrir toda a verdade, aí seria pior.  Agora é que a verdade viria a tona e o tempo provaria se realmente o amor deles haveria de resistir ou não a todas as provações que o destino colocava em seu caminho.


E agora, será que Joanne conseguira perdoar James?

O amor deles irão superar esse obstáculo?

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