Agora que o choque inicial havia passado e ela conseguira digerir um pouco melhor tudo o que havia acontecido, Joanne resolveu sair do quarto e enfrentar a situação. A casa estava silenciosa e ela resolveu dar uma volta para conhecer a vizinhança, assim ela colocou uma camiseta, calça jeans e uns tênis, queria estar bem confortável para caminhar.
James estava olhando pela janela, quando viu a figura magra de Joanne lhe chamar a atenção. Ele viu quando ela saiu pelo portão em direção à rua e num impulso resolveu segui-la, afinal ela não conhecia a cidade e poderia ser perigoso. Ela caminhou por cerca de 15 minutos até chegar perto de uma sorveteria, como ela não havia almoçado, agora estava com fome e resolveu entrar na loja. Depois de pedir uma porção grande de sorvete, ela saiu de lá e foi em direção à praia, onde ela desceu uma escada de metal e depois se sentou na areia, enquanto acompanhava o movimento das ondas.
Ela sonhara por anos em reencontrar James, havia imaginado as mais variadas situações, mas nada a havia preparado para o que aconteceu na vida real. Para ela era muito difícil aceitar que o homem que ela havia amado por tanto tempo, havia divido a cama com sua mãe. Todos os seus sonhos haviam desmoronados em poucos segundos após tomar consciência desse fato. Joanne achava que nunca mais conseguiria olhar para James, sem imagina-lo na cama fazendo sexo com a mãe dela.
James parou no alto da escada e a viu sentada na areia enquanto comia o sorvete. Ele ficou indeciso se devia ou não descer até lá para falar com ela. Ele tinha consciência que Joanne estava chocada com toda a situação, ele mesmo agora já estava achando difícil encarar tudo de forma natural, depois de descobrir que Daphne era mãe dela. Ele tinha culpa por várias coisas que havia feito de errado em sua vida, não negava que tinha se aproximado de Daphne por interesse na ajuda que ela tinha oferecido para divulgar o trabalho dele. Além disso, ela também o havia atraído por ser parecida com Jô, Daphne tinha a mesma cor de cabelo e os olhos azuis, então na época, entre outras coisas, isso foi decisivo para ele se envolver com ela. James também sabia que Daphne só tinha oferecido ajuda, pois tinha se sentido atraída por ele e o queria em sua cama. Não havia mocinho e nem vilão naquela relação, pois os dois estavam bem conscientes de qual era o papel de cada um nessa história. Contudo, nunca pode imaginar que essa relação afetaria diretamente Joanne e a promessa que lhe fizera muito anos antes, agora tudo isso poderia nunca se realizar...
Respirando fundo, ele tomou coragem e desceu as escadas com cuidado, pois não queria chamar a atenção dela. Assim que ele chegou perto, Joanne olhou para o lado e viu um par de pernas e quando seu olhar subiu, deu de cara com os olhos verdes de James.
- O que você está fazendo aqui? Não vê que quero ficar sozinha? – ela falou com agressividade, mas ele agiu como se isso não o perturbasse.
- Sei que você já falou com Daphne e ela contou o que está acontecendo com ela. Acho que eu tenho o mesmo direito de explicar as coisas sob o meu ponto de vista – ele falou e depois se sentou no chão ao lado dela.
- Desculpe se não estou vibrando de emoção por nosso reencontro depois de tantos anos, mas acho toda essa situação muito bizarra, não tenho nem palavras para descrever o que estou sentindo nesse momento – Joanne falou sentido-se profundamente abalada e magoada com tudo que ouvira até agora.
- Sei que nada do que eu falar vai amenizar o que você está sentindo, apenas gostaria de explicar a você tudo o que aconteceu comigo nesses anos todos e como eu vim parar aqui. Talvez com isso, você consiga me compreender e perdoar meus erros – ele falou com humildade, querendo ganhar a atenção e a simpatia dela.
- Pode falar o que você quiser James, mas não sei se isso irá fazer alguma diferença na maneira como me sinto agora – Joanne falou se sentindo miserável e vazia por dentro e James percebeu isso.
- Vou voltar para o dia de nossa mudança de Dundalk para San Francisco, aquele foi o pior dia da minha vida. Sabia que a distância acabaria nos afastando, mesmo que nós lutássemos contra isso. Tive dificuldades na nova escola e sofri perseguição, tudo era motivo de deboche, o meu jeito de falar, o fato de querer ser pintor. Depois entrei na faculdade de belas artes, pois achei que lá eu poderia achar o que eu estava procurando, saí da faculdade aos 22 anos de idade com um canudo na mão, mas sem trabalho e como me sustentar. Meu pai sempre foi contra o curso que escolhi, ele queria que eu seguisse qualquer outra profissão "que colocasse comida na mesa e pagasse as contas" como ele gostava de jogar na minha cara. Tive que engolir meu orgulho e pedir para voltar para casa, coisa que mexeu com minha autoestima. Eu não queria desistir da pintura, mas também não podia ficar sem fazer nada em casa, até porque meu pai exigia que eu trabalhasse – James ia narrando com tristeza as coisas que tinham acontecido com ele e Joanne prestava atenção ao que ele dizia.
- Nunca deixei de pensar em você, mas também não tinha condições para ir procura-la, por isso, me mantive afastado esses anos todos. Voltando ao que aconteceu, passei 3 anos trabalhando em serviços que eu odiava e nas horas vagas eu pintava e tentava vender meu trabalho. Fui em praticamente todas as galerias de San Francisco até Los Angeles e nunca tive sucesso. Um dia eu estava na beira da praia oferecendo minhas pinturas para os turistas, quando apareceu a sua mãe e começou a puxar conversa sobre pintura e a elogiar meu trabalho. Ela foi a primeira pessoa dentro desse ramo que me deu atenção e se ofereceu ajuda. Na época eu senti como se ela fosse uma fada madrinha enviada por Deus para me ajudar e não me dei conta de que o interesse dela por mim era outro – James falou e depois ficou um bom tempo em silêncio enquanto olhava para o oceano.
- Ela disse que iria me ensinar novas técnicas de pintura, que iria me apresentar as pessoas certas que iriam abrir as portas do sucesso para mim, me convidou para morar em sua casa e trabalhar em seu estúdio. Vi essa como a oportunidade de minha vida e não pensei duas vezes, no outro dia eu estava batendo na porta da casa dela com apenas uma mala de roupas. Ela me recebeu super bem, foi atenciosa, realmente cumpriu as coisas que havia me prometido, mas também começou a mostrar que queria algo em troca. Eu sabia que ela me deseja sexualmente e naquela altura eu já estava estabelecido na casa dela e as coisas estavam dando certo para mim. Então pensei que se eu recusasse, ela poderia voltar atrás e fechar as portas novamente para mim. Além disso, a sua mãe era uma mulher bonita e desejável, então aceitei me envolver com ela – ele falou e percebeu a expressão de desgosto no rosto dela e isso o fez sentir-se mal.
- Minha intenção sempre foi aproveitar o que Daphne me oferecia e me tornar conhecido no meio das artes. Depois que eu pudesse me virar sozinho, minha intenção era me separar dela e ir ao seu encontro para finamente voltar como um homem rico e famoso. Nunca amei a sua mãe, assim como ela nunca me amou, foi uma relação com benefícios mútuos – ele concluiu querendo a compreensão dela.
- Eu sempre lhe falei que não me importava com fama e dinheiro, que isso não era importante para mim – ela falou sentindo-se frustrada por ele ter se sujeitado as vontades da mãe dela.
- Esse era meu sonho Jô e eu queria realiza-lo de qualquer maneira, inclusive na parte em que eu voltaria para busca-la e lhe daria tudo o que você quisesse. Sei que fui teimoso e egoísta, mas não queria voltar para você como um fracassado, tente entender isso Jô! – ele suplicou enquanto a encarava e só via rancor nos lindos olhos azuis.
E agora, será que Joanne conseguira perdoar a relação de James com a mãe dela?😱😨
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Coração Despedaçado
Roman d'amourJoanne Monroe havia sido amiga de infância e vizinha de James Sinclair quando ele morava em Dundalk, uma pequena cidade perto de Baltimore. Na adolescência eles foram namorados, mas logo os pais de James se mudaram para San Francisco e James promete...