Coração Despedaçado

Capítulo 17

Durante a semana Willian recebeu um telefonema de Daphne para falar sobre os seus problemas de saúde.

- Olá Daphne como você está? – ele perguntou com gentileza ao perceber a voz cansada dela.

- Oi Willian, na verdade nada bem, essa semana estive no hospital para fazer alguns exames e as notícias não foram boas. Agora estou com metástases nos ossos, semana que vem irei fazer a quimioterapia, mas meu tipo de câncer é mais agressivo, então não sei quanto tempo ainda tenho de vida – ela falou com amargura, pois sempre fora uma mulher muito ativa e agora estava debilitada pelo tratamento e confinada em casa.

- Sinto muito por saber disso, lamento não poder ajuda-la, muitas vezes nós médicos nos sentimos impotentes quando não podemos mais ajudar nossos pacientes – Willian falou com pesar sobre a situação dela.

-  Queria pedir-lhe um favor Willian, sei que Joanne está brava comigo por vários motivos, mas gostaria de vê-la mais vezes, poder conversar com ela, isso me faria feliz nesse tempo que me resta – Daphne falou desejando que ele interferisse em seu favor junto a filha.

- Vou ver o que posso fazer, mas não prometo nada. Joanne mudou muito desde que ela foi na sua casa, agora está mais reservada, já não me conta mais seus problemas com frequência. Acho que saber sobre você e James a machucou demais e, sinceramente, não sei se ela vai querer ver ou conversar com você – Willian falou a verdade para Daphne, pois sabia o quanto a filha podia ser teimosa.

- Tudo bem Willian, entenderei caso você não a consiga convence-la a me ver. James também mudou, está me ajudando, me acompanha ao hospital, mas também anda falando pouco e fica muito tempo sozinho. Lamente que eu tenha causado esse problema entre eles, mesmo sem querer – Daphne falou com amargura, se mostrando triste por ser a causa que impedia a reconciliação deles.

- Não se recrimine por algo que não foi intencional. Nunca achei que James fosse cumprir a promessa que fez a Joanne, até porque ele não passava de um adolescente. Nem que teria ficado esses anos todos sem se envolver com outras mulheres, porém, foi um duro golpe para ela saber que James está envolvido com a própria mãe. Por isso, já lhe aviso para não criar grandes expectativas sobre ela lhe visitar ou perdoar – ele falou, pois toda a situação era muito complicada e ele não iria julgar a filha se ela nunca mais quisesse ver a mãe.

Eles conversaram mais alguns minutos e depois Willian encerrou a ligação sentindo-se melancólico, mesmo Daphne não tendo sido boa mãe e sendo muitas vezes inconsequente em suas atitudes, ele tinha pena dela pela forma como a sua saúde estava se deteriorando. Ele, como médico, sempre lutava pela vida e sabia o quanto era difícil falar para uma pessoa que a vida dela estava no fim, pois não podia fazer mais nada por ela.

James, que havia acompanhado o telefonema de Daphne, percebeu que ela não ficou feliz com as palavras de seu ex-marido. Ele, por tudo que havia conversado com Jô, duvidava que ela fosse perdoar a mãe, Joanne estava muito amarga e tinha motivos de sobra para não querer saber mais de Daphne.  Pelas palavras do médico, agora o fim de Daphne estava cada vez mais próximo, o tratamento era apenas paliativo para lhe dar mais alguns meses de vida. Ela procurava se mostrar forte, mas James sabia que no fundo ela não se conformava em morrer tão jovem, mas não havia nada que ela pudesse fazer contra isso.

Quando Willian ligou para a Jô para marcar o almoço para ela conhecer Susan, ele ainda estava pensando em uma maneira de abordar o pedido de Daphne sem causar um mal entre ele e a filha. Não lhe era uma tarefa nada agradável, mas também não podia recusar o pedido de uma moribunda.

- Oi filha, prazer em falar contigo! – ele falou com alegria.

- Oi papai, estava mesmo pensando no senhor! – Jô respondeu feliz por poder falar com ele.