Se passaram 3 dias. Eu fiquei preso nessa merda de mundo por 3 dias e 3 noites inteiras. E cada maldito segundo parecia mais longo e mais agonizante.
Na madrugada do primeiro dia eu consegui recuperar uma parte da minha mana, mas havia sido uma quantidade razoavelmente pequena e não foi o suficiente para ativar a única magia que eu acho que seria capaz de me tirar daqui.
Agora Aidem me convenceu a dar uma volta pela cidade com ele. A noite estava fria, mas por sorte tínhamos nos agasalhado apropriadamente. Usamos magia de ilusão para alugar uma casa e comprar roupas, então até que podíamos nos misturar na multidão.
Apertei mais firme a espada na minha mão, que estava guardada dentro de uma capa para não chamar atenção. No momento ela era o meu único conforto, a minha única lembrança do meu mundo.
A minha única lembrança dela.
— Aí, quer dar uma passada em Shibuya? — Aidem perguntou.
Olhei para ele de canto de olho enquanto desviava de uma mulher na rua, e não me surpreendi ao vê-lo observando o a redor de forma admirada.
Ele está assim desde que chegou. Provavelmente morava por aqui. Bom, eu também estou agradecido por estar no Japão e não no Brasil, aqui não tem chance de eu encontrar ele.
— Você foi lá ontem, não foi? —
— Mas você nunca veio ao Japão, certo? Eu fui por nostalgia, você precisa turistar um pouco. — Ele me olhou de forma animada. Aposto que ele gostaria de me levar lá, provavelmente teria muito o que falar.
Mas...
— Eu só quero ir pra algum lugar afastado, o ar daqui é horrível e eu acabei de descobrir que eu odeio multidões. —
— hahaha Você ficou mal acostumado, Ken. Primeiro reclamou da cerveja, agora tá reclamando da multidão? —
— É... Acho que acabei me acostumando demais com aquele vilarejo. —
Aidem sinalizou para que eu virasse em um esquina e eu obedeci. Caminhei ao lado dele e o segui para seja lá onde estivesse indo.
Por um momento pensei que tínhamos dado o assunto como encerrado. Eu, particularmente, não tinha mais nada a falar. Mas após um tempo caminhando em silêncio Aidem resolveu falar:
— Não, acho que não foi o vilarejo. Você se acostumou com o mundo. Se acostumou com a sua vida lá. —
Quando eu estava prestes a responder Aidem atravessou a rua e eu fui obrigado a correr para segui-lo.
Assim que vi para onde Aidem estava indo eu diminui a velocidade em que andava, completamente confuso e surpreso com a sua escolha de lugar.
As luzes estavam acessas, mas não consegui ver, ou sentir nenhuma quando usei magia de busca nos a redores.
Parei na entrada do parquinho e observei os brinquedos vazios. Os escorregadores e os balanços abandonados. Vi Aidem parar próximo as gangorras e fui caminhando na sua direção.
Quando ele se sentou em um dos brinquedos e gangorreou as correntes rangendo ecoaram pelo parquinho.
Não consegui conter o sorriso ao ver aquela cena. Aidem brincando em uma gangorra. Gwen mataria pra ver isso.
Foi pensar nela que eu tirei o celular do bolso e tirei um foto. Confesso que foi uma sensação satisfatório, poder registrar em imagem esse momento.
— Se eu conseguir levar esse celular pro outro mundo vou vender essa foto por 1000 moedas de ouro pra Gwen. —
Os pés do Aidem se arrastaram no chão quando forçou a gangorra a parar.
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Enchanted World Online
FantasyMike Rodrigues, de 29 anos, jogava um jogo mundialmente conhecido, o "Enchanted World Online", um jogo VRMMORPG, o mais famoso jogo de realidade virtual, com imersão completa. Na noite em que EWO iria fechar o servidor e ser fechado, Mike resolve jo...