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Capítulo 42: Só o tempo nos dirá.

— Mike. — Meu pai me chamou. Ele tinha cabelo preto e, brilhantes, olhos azuis, assim como eu, e sempre que ele me encarava daquele jeito sério, como agora, eu sentia um frio na espinha. — O ser humano tende a ser egocêntrico, achamos que somos o centro do universo. E por isso nós cremos ser seres complexos. Acreditamos que nossas mentes são impossíveis de se desvendar, impossíveis de ser entender. Mas estamos errados. —

Eu tinha apenas treze anos, estava sentado no sofá da sala, e meu pai se ajoelhou na minha frente. Atrás dele havia uma mulher, de aproximadamente 30 anos, tinha um longo cabelo preto olhos adiados, dava para sentir a experiência oculta no olhar daquela mulher. Ela usava um roupão de ceda preto e me encarava fixamente. Não gostei dela. Ela me assustava quase tanto quanto meu pai.

— Somos seres simples, movidos, principalmente, pelas emoções bases. Raiva, medo, alegria, empatia, tristeza e afeto. Quando entende isso, você entende as pessoas. — Meu pai falou. — Todas as pessoas, não importa o gênero, cor da pele, idade ou religião, todas as pessoas só buscam se sentirem bem. Para aprender a manipular essas emoções você precisa, primeiro, conhecer elas. Já te ensinei a falar o que as pessoas querem ouvir, para que possa obter aquilo que deseja. Já te ensinei a manipular as emoções de uma pessoa, deixando-a mais favorável a te obedecer. Agora irei lhe ensinar a dar prazer em uma mulher. —

Ele fez uma pausa e olhou para a mulher atrás dele. Nesse momento ela deslizou a mão pelo roupão, soltando-o, e o deixando cair no chão, ficando completamente nua. Foi a primeira vez que eu vi uma mulher nua na minha vida, mas por algum motivo aquilo não despertou emoção alguma em mim. Era apenas mais uma aula do meu pai. Apenas mais uma ferramenta que ele estava usando para me ensinar uma lição.

— Para aprender a dar prazer, primeiro se deve aprender a sentir prazer de verdade. — Ele concluiu.

Acordei repentinamente, com um sobressalto. Na janela a luz da Lia iluminava o quarto. Em minha mente as memórias do sonho estavam em um turbilhão, se misturando com as memórias do meu encontro com o Rei Reynolds. Quando me esforcei para levantar a dor de cabeça me jogou sentado na cama novamente.

Deixei escapar um gemido de dor e levei a mão ao rosto. Suor havia encharcado a minha cama completamente, meu rosto escorria tanto que a minha camiseta estava toda molhada.

Um suspiro escapou involuntariamente dos meus lábios e eu fechei os olhos. A dor de cabeça não diminuiu mesmo depois que eu ativei a magia de cura, na verdade, a única coisa que essa magia fez foi me dar vontade de vomitar e fazer uma queimação se espalhar pelo meu corpo e um gosto ruim pela boca.

Abri os olhos e respirei fundo. Senti uma pontada de dor no meu núcleo de mana, como se uma espada tivesse o atravessado. Grunhi de dor, e nesse momento escutei um gemido baixinho e senti o movimento na cama.

Me virei para o lado, ainda com a mão no rosto e tentando resistir a dor, e só nesse momento que notei Alice ali. A garota estava sentada em uma cadeira na beira da cama, mas mantinha a cabeça deitada sobre o colchão, dormindo profundamente.