Capítulo Sete

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O salão de festas do Hotel Crown era maior do que Beomgyu imaginava. Ele, de fato, parecia ocupar todo o último andar do estabelecimento, mas talvez não a cobertura, uma vez que o espaço era todo fechado. Pelo pouco entendimento que Beomgyu tinha, os hotéis em Busan cuidavam bem da área da cobertura, fosse com a instalação de piscinas fosse com um espaço arbóreo para que os hóspedes pudessem curtir.

A primeira coisa que Beomgyu viu assim que empurrou a porta de vidro para entrar foi o amplo palco no fundo do salão. As luzes principais pareciam estar apagadas, mas os holofotes em frente ao palco apontavam para o teto e iluminavam, de forma não tão satisfatória, o espaço com cores quentes. O telão na parede de trás do palco indicava três coisas: o número de participantes, cerca de cento e cinquenta pessoas; o horário, pouco mais de oito e quinze; e os prêmios da noite. Os personagens eliminados ainda não apareciam na tela porque, como pontuou Beomgyu, nem todos os jogadores haviam chegado ao local e a primeira votação ainda não tinha se iniciado.

No total, eram três prêmios: quinhentos mil wons para o primeiro lugar, duzentos e cinquenta para o segundo e cem para o terceiro. Aquela informação deveria animar Choi Beomgyu. Afinal, o prêmio do primeiro lugar era bastante atrativo e cobriria o aluguel do mês de sua quitinete. Ela era, no entanto, bastante arriscada. Se existiriam apenas três ganhadores dentre os cento e cinquenta que participavam, significava que todos ali, de certa forma, se conheciam o suficiente para se reconhecer na rua. Ele não imaginava como cento e quarenta e nove pessoas o reconheceriam, mas bastasse que uma soubesse quem era Choi Beomgyu do curso de Engenharia de Computação da Universidade de Kyungsan que era game over para ele.

Outro fato angustiante era que, se existia um sistema classificatório, isto é, de primeiro, segundo e terceiro lugares, era porque a Ordem Secreta de Busan confiava que os últimos jogadores acabariam, querendo ou não, descobrindo a identidade uns dos outros. Aquele que tivesse a identidade revelada por último provavelmente ganharia o primeiro lugar. Não havia outra lógica no jogo se ele não tivesse sido organizado dessa forma.

Para Beomgyu garantir o primeiro lugar, seriam precisas duas coisas: manter o plano da inversão comportamental, que contava com Beomgyu agindo de uma forma totalmente oposta à forma esperada; e um olhar analítico sobre todos aqueles com quem ele interagiria. Se ele conseguisse realizar aquelas duas coisas, estaria, com toda a certeza, entre os três finalistas. Se algum conhecido o descobrisse, era trabalho dele tê-lo em mente e tentar realizar seu voto antes que fosse tarde demais. As chances eram escassas e, se alguém de fato o reconhecesse, ele estaria encurralado, mas agora só poderia torcer pelo melhor.

Ao varrer o salão com os olhos, Beomgyu imaginava que cerca de oitenta ou noventa pessoas já estavam presentes e elas não conseguiam preencher nem ¼ do salão de festas do Hotel Crown. Alguns grupos, nesses quinze minutos em que Beomgyu não estava lá, já haviam sido formados e conversavam animadamente. As risadas, gritos e burburinhos de conversa ultrapassavam, por vezes, o som da música que tocava no fundo - uma batida eletrônica, não tão animada, mas nada entediante. Não era o tipo de música que Beomgyu ouviria no dia a dia, mas parecia ser uma forma de trazer as pessoas à pista de dança.

A próxima coisa que ele fez foi identificar as urnas de votação. Eram cabines de madeira, disponibilizadas em quatro pontos diferentes da festa. Duas estavam próximas do palco, uma ao lado dos sanitários e a outra estava do outro lado do salão. Quatro pessoas, usando vestes similares às daquela que Beomgyu encontrou na entrada do salão, estavam paradas em frente às cabines.

— Temos um pinguim! — ouviu uma voz feminina ressoar.

Uma mulher, usando um vestido longo, preto e de corte liso, apareceu no campo de visão de Beomgyu. Ela tinha cabelos longos, levemente ondulados e escuros. Os olhos eram do mesmo tom que os fios de cabelo. A máscara que usava era igualmente escura, mas possuía duas orelhas compridas e pontudas. Um coelho.

Anonimato • BeomjunOnde histórias criam vida. Descubra agora