Anonimato • Beomjun

Capítulo Dezessete

Segunda-feira, 08 de novembro

Really lost my mind.

Os lábios de Choi Yeonjun delinearam cada sílaba daquela frase sem, de fato, emitir algum som.

Eu realmente perdi a cabeça.

Uma gota de suor deslizou por sua bochecha, contornando seu queixo bem definido antes de cair na lona da esteira. O barulho da máquina em funcionamento não conseguia se sobrepôr à música que tocava nos fones de ouvido do barista.

A franja comprida havia sido presa por presilhas coloridas. Algumas tinham caído durante o exercício em virtude do suor, outras ainda prendiam os fios. Por vezes, ele erguia o braço no ar para afastar algumas mechas do rosto.

Sua mão esquerda alcançou o painel da esteira, apertando um dos botões. A velocidade começou a diminuir gradualmente. Os pés de Choi Yeonjun gritavam dentro dos tênis de corrida, exigindo um descanso. Seu peito subia e descia de forma frenética, e seu coração parecia querer sair pela boca.

O instrutor da academia em que estava agora, Seo Changbin, apareceu no campo de visão de Yeonjun. O barista viu a boca do instrutor abrir e fechar, como se ele estivesse pronunciando algo. Yeonjun retirou um dos lados do fone para ouvi-lo.

— Você odeia cardio — Changbin deu ênfase ao verbo. — O que aconteceu para você vir à academia somente para correr?

Agora que estava caminhando, ainda que numa velocidade mais alta do que o normal, Yeonjun tentava recuperar o fôlego perdido. Por isso, quando respondeu ao instrutor, as palavras saíram espaçadas por lufadas de ar:

— Não. Aconteceu. Nada.

Changbin cerrou os olhos.

— Você frequenta essa academia há dois anos. Você realmente acha que eu não percebo quando você mente? — cruzou os braços. Changbin usava uma camisa justa, com mangas curtas, a fim de expor os tríceps acentuados.

Yeonjun desligou a esteira, pulando para fora da máquina.

— Por que você acha que eu estou mentindo? — perguntou ao instrutor conforme secava o rosto. A música já havia cessado e agora o único barulho que ouvia era o dos halteres da academia sendo manuseados por outro cliente.

— Um: você não me cumprimentou quando chegou. Dois: você foi direto para a esteira, nem perguntou sobre o circuito de hoje. Três: você passou cinquenta minutos na esteira com um bico emburrado no rosto — Changbin ergueu os dedos da mão canhota no ar, contando. — Desembucha logo.

O gerente da MOA Coffee Shop comprimiu os lábios, balançando a cabeça. Não que não confiasse em Changbin, mas o assunto do qual gostaria de falar parecia... adolescente demais.

— É bobagem — Yeonjun ofegou, mordendo a parte interna de uma de suas bochechas.

— Garanto que essa sua bobagem tem nome e sobrenome — o instrutor descruzou os braços e inclinou o corpo, espalmando a mão destra no painel da esteira que Yeonjun usava. — E, se te incomoda, não é bobagem.

O barista se agachou, sentindo as panturrilhas doerem e seus pés implorarem para saírem de dentro daquele tênis quente e suado. Sua garrafa de água estava ao lado da esteira, junto do molho de chaves de seu apartamento e da cafeteria que gerenciava. Ele apanhou a garrafa, tomando um generoso gole do líquido.

Suor ainda escorria pelo rosto e pelas costas de Choi Yeonjun, mas nem mesmo sua toalha seria suficiente para secá-lo.

— O que você acha de chamar alguém para sair? — Yeonjun perguntou com os olhos fixos no espelho do outro lado da academia, que refletia sua imagem.