Capítulo Oito

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Choi Beomgyu estava encurralado. Ele tinha um mau pressentimento sobre a situação em que tinha se metido e que envolvia a Raposa, embora não soubesse dizer com certeza o que lhe incomodava. No entanto, três coisas eram certas: ele estava bêbado, correndo contra o tempo e torcendo para que a Raposa não revelasse sua identidade.

Era quase certo, àquela altura da festa, que a Raposa e o senhor mandão eram as mesmas pessoas. Ela poderia ter implicado com qualquer outro jogador daquele evento, mas decidiu implicar justamente com Beomgyu. O aspirante a engenheiro pensou, num primeiro momento, que a implicância era mera coincidência. Que a Raposa só havia proposto aquele desafio por causa da resposta que recebera de Beomgyu sobre a situação envolvendo o Coelho, como se aquilo fosse uma forma de puni-lo por ser intrometido demais.

Depois de um tempo, no entanto, o aspirante a engenheiro começou a questionar algumas coisas, como o fato da Raposa não ter entregado um envelope ao entrar no salão de festas do Hotel Crown, como os demais jogadores deveriam fazer. Que razão existiria para a Raposa não entregar os documentos necessários e mesmo assim não ser eliminada? A não ser que ela fizesse parte da comissão organizadora da festa, ou seja, fosse um membro da Ordem Secreta de Busan, aquela peça não se encaixava no quebra-cabeça que Beomgyu montava.

Se ele estivesse certo, a lógica do jogo mudava novamente. A Ordem Secreta de Busan não estava meramente observando a festa para controlar o jogo. Ela fazia parte da festa. Seus membros se infiltraram, passando-se por jogadores, a fim de controlar os demais. E, com toda a certeza, a Raposa não era a única infiltrada.

A proximidade entre a Raposa e o Coelho também era bastante estranha para Choi Beomgyu. O Coelho nem sequer tentou repelir o toque da Raposa, uma pessoa supostamente estranha em uma festa repleta de desconhecidos, e só foi desvencilhar-se dela algum tempo depois. Ele também tinha motivos para suspeitar do Esquilo, tanto porque, quando o conheceu, ele estava com o Coelho, quanto porque tinha agido com cautela a noite inteira.

Nem tudo fazia sentido, no entanto.

Por que ele? O que Choi Beomgyu tinha de tão interessante para ser o alvo das implicâncias infundadas do senhor mandão, até mesmo naquele evento? Por que tinha sido escolhido e arrastado para o grupo de membros da Ordem Secreta de Busan durante a festa? Como, para início de conversa, haviam o selecionado para participar daquele evento?

Ao dar as costas à Raposa, Beomgyu entrou em desespero, mas tentou não demonstrá-lo. Ele virou a cabeça para todos os lados, analisando o salão de festas que agora parecia vazio. Se mantivesse o cartão seguro, entrasse numa das cabines de votação e votasse na Raposa, estaria a salvo. O problema era que a próxima votação demoraria uma hora para ocorrer. Até lá, ele precisava sumir do campo de visão da Raposa e de seus supostos amigos.

A primeira ideia que teve foi se trancar no banheiro. Em meio ao desespero que acometia suas sinapses, ele acatou a sugestão dada por seu cérebro. Apesar da visão ainda turva, aquela foi a primeira vez que Beomgyu reparou no caminho que percorria. Ele notou o assoalho escuro do chão, iluminado pelas diferentes cores dos holofotes do palco, o cheiro forte de bebida que se misturava com uma infinidade de perfumes, as conversas animadas se sobrepondo à música alta.

O banheiro masculino do salão de festas do Hotel Crown estava vazio, como da última vez em que Beomgyu esteve lá. As paredes da entrada dos banheiros eram revestidas por grandes espelhos e, logo ao lado da abertura da entrada, repousava um sofá cujos encostos eram de madeira escura, mas as almofadas eram num tom claro, similar à cor de uma pérola. A penugem das almofadas brilhava sobre a luz, que estava plenamente acesa na área dos lavabos.

O aspirante a engenheiro se sentou em um dos vasos, na cabine da ponta, assim que alcançou o banheiro masculino, e fechou a porta, erguendo ambas as pernas do chão e as apoiando contra a porta fechada. Se a Raposa viesse procurá-lo, conseguiria enxergar quais cabines do banheiro masculino estavam ocupadas pelo vão de quarenta centímetros entre a porta das cabines e o chão. Beomgyu não correria aquele risco.

Anonimato • BeomjunOnde histórias criam vida. Descubra agora