Domingo, 07 de novembro
Sunghoon estava babando no travesseiro de Beomgyu, deitado com o corpo inteiramente retorcido. Huening Kai, que parecia não ter conseguido alcançar a cama para se deitar ao lado do mais novo amigo, estava deitado de bruços no chão, totalmente apagado pelo álcool.
Beomgyu e Taehyun haviam carregado os amigos desde o bar até a casa de Beomgyu. Os ponteiros do relógio de Sunghoon marcavam quatro e cinquenta e duas da manhã.
Taehyun grunhiu ao lado de Beomgyu, esfregando o rosto com ambas as mãos. O aspirante a engenheiro inclinou as costas e esticou o braço esquerdo para fechar a porta do quarto e, com a mão livre, empurrou Taehyun de leve, para que permanecesse do lado de fora.
— Vem, vamos dar uma volta — Beomgyu disse, conduzindo o amigo pela escada, em direção ao primeiro andar.
Eles caminharam em silêncio para fora da casa de Choi Beomgyu, ouvindo os pássaros cantando naquele quase início de manhã. A rua Yeongsong estava deserta, como sempre, e eles não precisaram caminhar unicamente pela calçada.
— Você bebeu pouco hoje — Taehyun constatou, com ambas as mãos nos bolsos da jaqueta e o olhar perdido na calçada escura.
— Minha mãe me mataria se eu chegasse bêbado em casa — Beomgyu respondeu, retraindo os ombros.
Eles avistaram uma pracinha atrás da Biblioteca Municipal de Daegu. Um cachorro de rua dormia debaixo de um dos bancos da praça, mas, fora o bichano, não havia nenhum outro sinal de vida lá.
Os postes de luz os iluminaram assim que pisaram na pracinha.
— Eu quero... — Beomgyu respirou fundo, chutando algumas pedrinhas que estavam em seu caminho. — Me desculpar.
Taehyun demorou para responder.
— Pelo quê?
— Pelo tratamento de silêncio. Pela forma como te acusei. Por todas as besteiras que eu fiz e disse desde o dia trinta e um de outubro.
Os dois pararam no centro da praça. Taehyun se virou na direção de Beomgyu.
— Por quê? — ele piscou os olhos chamativos.
— Porque eu sei que foi injusto. Sei que você tava naquela festa e tudo o mais, mas também sei que deve ter havido algum motivo. E eu não te permiti dizer.
Taehyun balançou a cabeça.
— Você quer ouvi-lo? — Taehyun disse, voltando a caminhar. Dessa vez, eles caminharam até os balanços e se sentaram lado a lado. As correntes de metal do brinquedo rangeram.
— Você quer dizê-lo? — Beomgyu rebateu.
— Eu sabia que você ia para a festa — Taehyun comentou, encarando o chão. — Yeonjun me contou na noite anterior à festa. Eu não queria que você fosse, por isso que agi daquela forma quando você decidiu me contar sobre o convite.
— Como você sabia? Por que Yeonjun te contaria algo assim?
— Porque eu faço parte da nova comissão de graduação — Taehyun ergueu o queixo. Seus olhos ficaram ainda mais escuros em meio à escuridão da noite. — Yeonjun representou a comissão no evento que organizava a festa. O seu nome foi mencionado e colocaram você na lista.
Beomgyu cerrou os olhos.
— Desde quando você faz parte da comissão?
— Faz pouco tempo — Taehyun coçou a sobrancelha esquerda. — Fui apontado como orador e porta-voz da nova comissão há pouco tempo.
— E o que Yeonjun tem a ver com isso? Achei que ele não fizesse parte de nada.
— Ele substituiu Soobin por algum tempo — Taehyun explicou.
— Por quê?
— Eu também não sei — o amigo crispou os lábios, franzindo as sobrancelhas. — Acabei de entrar e não sei de nada. Só sei que seu nome foi parar na lista. Eu também fui convidado, mas só decidi ir por sua causa.
— Pra ficar me vigiando?
— Foi errado, eu sei, eu sinto muito, mas...
— Tudo bem — Beomgyu o interrompeu, suspirando. — Eu faria o mesmo se fosse você. Como você mesmo disse, você acabou de entrar na comissão e surge uma festa do nada, organizada por pessoas que você não conhece e seu melhor amigo é convidado para essa festa clandestina. Faz sentido você querer ir.
— Mesmo?
— Mesmo. — Beomgyu piscou.
Eles ficaram em silêncio. O farfalhar das árvores, o ranger das correntes e o cantar dos pássaros preencheram o ambiente por bons minutos.
— Choi Yeonjun me chamou para sair — Beomgyu disse entre uma investida e outra no balanço.
— Quê?! — Taehyun virou o pescoço rapidamente.
— Ele me entregou um envelope na festa, pouco antes de eu ser eliminado — o aspirante a engenheiro coçou a garganta. — Recebi um convite para participar da nova comissão de graduação e um pedido dele.
— E aí? O que você vai fazer? Já respondeu? Onde está o pedido? — Taehyun cuspiu as perguntas.
— Calma, calma, segura o cavalinho aí — Beomgyu estalou a língua no céu da boca. — O pedido não foi por escrito, então não tenho como te mostrar. Foi algo bastante... alegórico. Demorei para entender, para falar a verdade. E o que mais posso fazer? Vou rejeitar, né?
— Só isso?
— É, só isso — o jovem estudante crispou os lábios.
Taehyun piscou algumas vezes.
— Eu não esperava isso do Yeonjun.
— E alguém esperava? — Beomgyu franziu o nariz, jogando a cabeça para trás. — Ele parecia me odiar.
— Mas ele também nunca falou mal de você. Pelo menos não nas reuniões da comissão em que eu participei.
— Vocês falaram de mim?
— É claro — Taehyun estapeou o peito do amigo. — Por que você acha que recebeu um convite para participar da nova comissão? Fizemos uma lista anônima de nomes que poderiam preencher os cargos vagos e o seu foi indicado por alguém. Tivemos de votar se a indicação era válida ou não.
— E alguém votou contra mim? — Beomgyu se rendeu à sua curiosidade.
Taehyun deu de ombros.
— A votação era secreta, mas a maioria quis você, por isso você recebeu a carta.
Beomgyu grunhiu, esfregando os pés no chão.
— Assim você me mata de curiosidade! — quase gritou.
Taehyun riu.
— Acho que só existe um jeito de descobrir o que você quer descobrir, meu caro.
— Por favor, não diga que eu devo entrar na comissão de graduação — Beomgyu implorou, fingindo uma cara tristonha.
— Você deve, de fato, entrar na nova comissão de graduação.
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Anonimato • Beomjun
Hayran KurguNum dia letivo da faculdade, Choi Beomgyu recebe um convite anônimo para uma festa à fantasia no Dia das Bruxas, cujo objetivo é que os convidados apareçam mascarados, com roupa de gala, e passem despercebidos durante toda a noite. Aquele que tiver...